Temporal na metade Norte e possibilidade de vento Sul podem prolongar enchentes no RS

Temporal na metade Norte e possibilidade de vento Sul podem prolongar enchentes no RS

Meteorologista da MetSul alerta para a chance de uma virada na direção dos ventos a partir de quinta-feira, que causa o represamento da água do Guaíba

Guilherme Sperafico

Porto Alegre pode ter prolongada a maior enchente de sua história

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A expectativa pela diminuição no nível do Guaíba, tida com ansiedade pela população de Porto Alegre, parece que terá de ser prolongada. De acordo com a meteorologista Estael Sias, da MetSul Meteorologia, a chegada de um novo evento de chuvas deve resultar na mudança da direção dos ventos que, desde ontem, vinham da direção Norte, mas que, a partir de quinta-feira, devem passar a soprar da direção Sul.

Conforme Estael, havia expectativa de que a situação como está colocada resultasse na diminuição do nível do Guaíba, mas isto não aconteceu. “A gente tem tido vento norte desde ontem (segunda) e acreditávamos que poderia ter alguma melhora, mas não mudou nada. O vento na velocidade que está, não está fazendo diferença”, relata.

A meteorologista acrescenta que a situação pode vir a ser tornar ainda mais dramática para quem espera pela baixa do Guaíba. “Tem uma preocupação que, na quinta-feira, teremos vento Sul. O vento Sul represa (a água do Guaíba), então pode ter alguma subida do rio por conta do vento. Ainda não por conta da chuva, que vai de 10 a 15 milímetros”, explica.

Chuvas aumentam preocupação

Além do vento Sul e da chegada das águas de rios que ainda estão muito acima do nível normal, existe, ainda a preocupação com chuvas. Em informe publicado na tarde desta terça-feira, a MetSul Meteorologia alerta que o Rio Grande do Sul será atingido por novo evento de chuva excessiva com volumes muito altos em parte do Estado e que tendem a afetar algumas das áreas mais castigadas.

Segundo o prognóstico, assim como ocorreu na semana passada, será um episódio de instabilidade com duração de vários dias. A persistência de chuva por dias seguidos contribuirá para que os volumes sejam altos e ainda podem ocorrer momentos de precipitação forte.

Isto ocorre pela chegada de uma frente fria associada a um ciclone extratropical na costa da Argentina - que não vai se aproximar do RS. Na grande maioria das cidades, a chuva não terá altos volumes, embora isoladamente possa chover forte. Assim, não causará repique de cheias, porém, em áreas de relevo, há um risco geológico considerado “extremo” de causar mais deslizamentos e bloqueios de rodovias.

Na quinta, o tempo melhora na maioria das cidades gaúchas com ingresso de ar frio com vento Sul que deixará a temperatura amena, mas que deve represar o Guaíba na Lagoa dos Patos e gerar elevação, mesmo que temporária, do nível que já está em patamar crítico.

Os volumes de precipitação devem ficar entre 100 mm e 200 mm em vários pontos do Norte e do Nordeste do estado, com os maiores acumulados concentrados na região da Serra. Os volumes não serão extremos como no recente episódio, mas atingirão as cabeceiras de vários rios, como Taquari, Caí, Jacuí, Sinos, Paranhana e Gravataí, cujas águas param no Guaíba. Isto vai prolongar ainda mais a cheia na Capital e trazer o risco de repique de cheia nos vales, apesar dos níveis projetados não atingirem cotas tão altas como as de dias atrás.

Uma outra preocupação é que a chuva gerará alagamentos e pode piorar os que já ocorrem. Quando chove, a água escoa pela rede pluvial pelas galerias e canos até o Guaíba, mas, neste momento, a rede pluvial está tomada pelas águas da enchente. Logo, o que choverá não será absorvido como normalmente ocorre pela macrodrenagem e a água se acumulará com alagamentos.


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