Campanha “Verão sem Machismo” alerta sobre violência contra as mulheres, no Litoral Norte gaúcho

Campanha “Verão sem Machismo” alerta sobre violência contra as mulheres, no Litoral Norte gaúcho

Objetivo da campanha é reduzir os índices de violência contra as mulheres no Rio Grande do Sul

Chico Izidro

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As praias de Torres e Capão da Canoa foram palco, neste final de semana, da caminhada “Verão sem Machismo”, organizada pelo deputado estadual Adão Pretto Filho. A ação teve como meta dialogar com veranistas e turistas sobre a urgência de combater a violência contra mulheres e meninas. Um grupo de pessoas carregando bandeiras e vestindo camisetas onde se lia a frase “Violência contra mulher não”, entregou material informativo e conversou especialmente com os homens sobre o problema. O objetivo da campanha é reduzir os índices de violência contra as mulheres no Rio Grande do Sul. E também alertar para os casos de assédio e violência sexual contra elas, que costumam aumentar no período de carnaval.

A iniciativa teve boa recepção dos veranistas. A orientadora educacional Geni Flores apoiou a ideia. Ela afirmou achar extremamente necessárias campanhas como esta. “O que que a gente está vendo por aí? Um índice altíssimo de feminicídio, a falta muito grande de respeito do homem em relação a mulher”, desabafou. “A nossa cultura faz tudo isto, então é preciso nossa insurreição, chega da gente aceitar esse tipo de tratamento”, contatou. De acordo com Geni, o homem acha que a mulher é propriedade dele. “A coisa não evolui porque tem toda uma cultura machista aí, inclusive que a mulher é culpada, inclusive, do sofrimento dela. Ela que provoca, essa é a visão que nos é passada”, completou. 

Por sua vez, o deputado Adão Pretto Filho alertou sobre a necessidade de os homens se engajarem na campanha. “Nós precisamos conscientizar e engajar os homens nesta causa, por uma sociedade com mais paz, igualdade e respeito com as mulheres”, disse. “O não de uma mulher é não, e isso precisa ser reforçado neste momento de festa. Não podemos aceitar os números estarrecedores que a segurança pública nos traz”, ressaltou. Ele acrescentou ainda ser necessária mais educação, começando pelas crianças. “Estamos apresentando um projeto para incluir no currículo escolar, onde pelo menos uma vez por semestre sejam apresentadas para as crianças as obrigações, os deveres dos homens e mulheres. Acredito muito que a nossa juventude tem um papel fundamental, e portanto nós queremos conversar com a nossa criançada de dez, onze, doze anos, pra daqui a dez anos quando tiverem uma companheira, um companheiro vão ter uma outra forma de pensar e de agir”, completou. 

Conforme dados da Polícia Civil, os feminicídios tiveram alta de 10,4% em 2022 no estado, totalizando 106 mortes, 10 a mais do que em 2021. Dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública mostram que somente neste último mês de janeiro já foram registrados nove feminicídios, 192 estupros e 1.989 agressões com lesões corporais no RS – desses, 14 estupros e 128 agressões ocorreram em municípios do Litoral Norte. Além disso, em todo o estado, 15,8 mil mulheres pediram medidas protetivas apenas em janeiro, o maior número da série histórica, que iniciou em 2017.


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