Comitê "Eles Por Elas" faz campanha de conscientização contra a violência feminina no Litoral Norte

Comitê "Eles Por Elas" faz campanha de conscientização contra a violência feminina no Litoral Norte

Grupo distribuiu panfletos em Torres, Capão da Canoa e Imbé

Felipe Faleiro

Grupo distribuiu panfletos em Torres, Capão da Canoa e Imbé

publicidade

Cerca de 30 integrantes do Comitê gaúcho "Eles Por Elas", da ONU Mulheres, realizaram neste sábado uma campanha de conscientização contra a violência feminina. A ação foi feita em três municípios do Litoral Norte: Torres, Capão da Canoa e Imbé. O objetivo foi demonstrar a importância de denunciar eventuais abusos e assédios contra as mulheres, assim como divulgar os canais de comunicação para este tipo de ocorrência. O deputado estadual Edegar Pretto, coordenador do comitê e pré-candidato do governo do Rio Grande do Sul pelo PT, esteve presente.

Conforme os organizadores da campanha, foram trazidos ao Litoral Norte dois mil panfletos, e todos foram entregues. Os participantes da ação também trouxeram bandeiras e distribuíram adesivos com palavras de repúdio à discriminação e violência, e ainda apoio à causa feminina. Não apenas as mulheres, mas os homens também são o foco de ações do comitê. Eles são convidados a conhecer, se engajar na causa e até aprendem a reprimir pensamentos violentos, que causam sofrimento físico ou mesmo psicológico. “A recepção é fantástica, porque, aqui na praia, está a família, estão os casais, homens, mulheres, e este assunto flui com mais facilidade”, comentou Pretto em Imbé.

Na opinião dele, é urgente que haja um debate amplo e permanente a respeito do tema. “Nossa sociedade é machista, mas os homens estão se conscientizando. Em Torres, um deles me disse que estava incomodado com a violência contra as mulheres. Ele afirmou não saber quem era o homem que se relacionaria com suas filhas, o homem que frequentaria sua casa. E é exatamente isto. Não vai haver mudança se não for criada esta consciência entre os homens”, comentou o deputado, chamando a atenção também para o fato de que pessoas de todas as idades, desde as mais jovens até as idosas, têm demonstrado extremo interesse sobre o assunto.

Pretto também comentou sobre o "Programa Aqui Tem Respeito pelas Mulheres", feito pelo comitê, no qual funcionários que trabalham com atendimento em estabelecimentos comerciais, como bares, restaurantes e casas noturnas são capacitados a atender de forma discreta e segura as mulheres vítimas de violência. O projeto teve início em São Leopoldo, na Região Metropolitana, e há proposta para ser estendido a outros profissionais, como taxistas e motoristas de aplicativos. “Nós identificamos aquele estabelecimento com um selo. No banheiro feminino, tem uma senha para a mulher não se expor. Ela chama o garçom ou garçonete, já treinados, e vai pedir um drinque, que é a senha de socorro. A equipe vai saber que tem que atuar naquele momento”.

Os dados da violência contra a mulher no Rio Grande do Sul assustam. No ano passado, 97 mulheres foram vítimas de feminicídio no Estado. Somente nas 23 cidades no âmbito da Associação dos Municípios do Litoral Norte (Amlinorte), foram três feminicídios, de acordo com o "Eles Por Elas". O número do Estado todo é 21% maior do que em 2020, quando 80 pessoas do sexo feminino morreram por este tipo de crime. Em janeiro de 2022, já são 10 mulheres assassinadas por conta de seu gênero.

A aposentada Angela Maria Moreira, moradora de Imbé, acompanhou a ação e disse ser simpática à causa. “Penso que alguém precisava iniciar esta campanha. É importante que o governo se preocupe com esta questão, que é do povo. O tema é bastante complicado e o ensinamento precisa vir de casa também. Ainda temos que melhorar muito nisto”, disse ela. Esta foi a última edição da blitz da campanha no Litoral Norte, coincidindo com o final da temporada de veraneio, porém o "Eles Por Elas" promete realizar mais ações do tipo ao longo do ano pelo Rio Grande do Sul.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895