Construção de prédios de até 14 andares causa polêmica em Xangri-Lá, no Litoral Norte

Construção de prédios de até 14 andares causa polêmica em Xangri-Lá, no Litoral Norte

Audiência pública sobre o novo Plano Diretor ocorre na próxima quarta, às 16h

Correio do Povo

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Uma audiência pública sobre o novo Plano Diretor de Xangri-Lá, no Litoral Norte, será marcada por uma polêmica na próxima quarta-feira, às 16h, na Câmara de Vereadores. Uma das mudanças previstas é a permissão para a construção de prédios de até 14 andares no município. Atualmente, as edificações podem ter sete pavimentos no máximo.

De um lado, o presidente da Associação de Moradores e Veranistas de Xangri-Lá, técnico ambiental Roberto Estigarribia, alerta que a construção de prédios altos vai afetar a qualidade de vida. Em contraponto, o prefeito Celso Bassani assegura que a alteração não afetará a infraestrutura e o bem-estar da cidade.

O movimento contrário à alteração da altura dos imóveis já realizou um abraço coletivo às 15h dessa sexta-feira na área onde ficava o Hotel Termas, na área central de Xangri-Lá, e pretende fazer outro protesto às 18h deste domingo no terreno da antiga colônia de férias do Banrisul, na praia de Rainha do Mar. Segundo Roberto Estigarribia, os dois locais foram adquiridos por uma construtora.

O presidente da entidade explicou que a mobilização começou ainda no ano passado, lembrando que houve até uma petição com cerca de 19,5 mil assinaturas de pessoas contrárias à verticalização. Ele defende que o Plano Diretor mantenha a cidade horizontal, oferecendo e preservando a “qualidade de vida”.

Ele observou ainda que imóveis próximos serão afetados pela sombra das torres residenciais. “Xangri-Lá é um lugar quase como utópico pela sua beleza, por sua magia e é isso que a gente defende”, sintetizou.

Entre outros problemas que apontou com a mudança, Roberto Estigarribia alertou também para a questão do esgoto na região. “O saneamento básico de Xangri-Lá tem um passivo”, ressalta. “Nós somos a favor do desenvolvimento, mas primeiro temos que ter saneamento básico”, enfatizou, acrescentando ainda a importância da mobilidade urbana e de se evitar a agressão ao meio ambiente. “A gente não tem um planejamento viário”, emendou.

Avaliando que as críticas partem de um grupo pequeno de veranistas, o prefeito Celso Bassani garante que os moradores são favoráveis ao novo Plano Diretor. “Em nosso município, eu posso dizer que 90% dos moradores dependem da construção civil. Com o crescimento do município vai dar emprego e renda pra comunidade o ano inteiro”, prevê.

Ele salienta que as edificações altas seriam erguidas somente onde já existem outros prédios, citando como exemplo as avenidas Paraguassu, Central, Jacuí, Elmar Wagner e Diamante. Adiantou também que os prédios mais altos deverão contar com maior espaço de recuo e área verde. “Vai depender do tamanho da área”, recorda.

“Nossa proposta é muito diferente: não é amontoar prédios não”, frisou. “Não está liberada a beira-mar”, ressalta. Celso Bassani acredita inclusive que a solução para o esgoto na maior parte do município virá com uma nova ocupação imobiliária. O prefeito observa que não é permitida “nenhuma obra grande sem ter esgoto antes”.


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