Em 20 dias, litoral do RS registra mais de 7 mil atendimentos por queimaduras de águas-vivas

Em 20 dias, litoral do RS registra mais de 7 mil atendimentos por queimaduras de águas-vivas

Número é mais do que o dobro do registrado no mesmo período do ano passado, segundo CBMRS

Felipe Faleiro

Municípios com maior número de ocorrências são Capão da Canoa, Xangri-La e Torres

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Quando a bandeira roxa é posta no mastro das guaritas do Corpo de Bombeiros Militar do RS (CBMRS) no litoral, é preciso redobrar a atenção. Nas praias gaúchas, a proliferação da espécie que aciona o aviso em questão e pode causar queimaduras na pele está sendo alto neste veraneio. Segundo estatísticas oficiais da corporação, somente entre os dias 15 de dezembro de 2023 e a última quarta-feira, foram registrados 7.065 atendimentos por lesões deste animal, mais do que o dobro em relação ao mesmo período do verão passado, quando houve 3.379 registros.

Os municípios com mais lesões informadas entre 2023 e 2024 foram, na ordem, Capão da Canoa, com 1.108, seguido por Xangri-Lá, com 750, e Torres, com 686. “A orientação é que, caso haja contato com a água-viva, lave imediatamente com água do mar, nunca com água doce ou mineral. Em seguida, saia do mar, procure o guarda-vidas e solicite vinagre para aliviar a dor”, informou o CBMRS, em nota.

Mas, de acordo com o secretário de Saúde de Capão da Canoa, Tiarlin Abling, os números de atendimentos estão relativamente baixos para a demanda. “Há alguns casos mais graves, porém estas pessoas acabam procurando o Hospital Santa Luzia, o qual a Prefeitura não tem gerência. Em 99% dos casos, os queimados são veranistas”, afirmou ele. Quando o caso não é tão grave, a pessoa é atendida em um dos dois pronto atendimentos do município.

A bióloga Marisa Freitas, da Prefeitura de Capão da Canoa, afirma que estes animais fazem parte da biota do oceano, e que a movimentação delas é algo natural em períodos de ressaca, por exemplo. “Isto ocorre porque aumenta também a proliferação de algas e outros seres vivos. Neste momento, cabe a nós entendermos que o oceano é o hábitat destes seres, e adentrar no mar com cautela. A Velella e a Physalia (gêneros científicos das águas-vivas) sempre existiram nestes locais”, disse ela.

Marisa também reforça que a orientação é colocar uma garrafa de vinagre na mochila para evitar maiores complicações na pele. Conforme a Secretaria Estadual de Saúde (SES), as águas-vivas, conhecidas também como caravelas ou mães d’água, possuem tentáculos brancos com células urticantes. Ao tocar a pele de banhistas, podem causar dor local, erupções na pele, bolhas e vermelhidão. O público mais atingido geralmente é de crianças e surfistas, por permanecerem mais tempo na água.

O aparecimento delas também se ocorre com mais frequência no verão gaúcho devido ao aumento da temperatura do mar, favorecendo a proliferação do fitoplâncton, alimento das águas-vivas.

A orientação da área técnica do Centro de Informação Toxicológica (CIT) da SES, que emitiu alerta no começo deste veraneio, é que mesmo animais mortos nas praias podem causar acidentes, por isso, não é recomendável pisá-los, ou aplicar medicamentos no local ferido sem orientação médica. Em caso de acidentes, o CIT pode ser contatado para informações pelo telefone 0800 721 3000.

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