Garçom bilíngue encanta turistas argentinos em Capão da Canoa

Garçom bilíngue encanta turistas argentinos em Capão da Canoa

Qualificação dos profissionais é diferencial para quem quer melhor atender, diz Fecomércio

Cristiano Abreu

Diego faz do conhecimento da língua espanhola uma ferramenta de trabalho

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À mesa do restaurante em Capão da Canoa, uma família conversa sobre o que pedir para o almoço. São cinco pessoas que dialogam por meio de gestos e palavras ditas com rapidez que chama a atenção das demais pessoas que aguardam pratos escolhidos, porém poucos no local compreendem o que se passa, até que um dos garçons da casa se dirige ao grupo: "hola, yo voy ajudar a sacar o pedido de ustedes".

A oferta de ajuda com o cardápio veio do Diego Souza França, 22 anos. Ele é acionado sempre que turistas estrangeiros que falam espanhol chegam no estabelecimento. “A comunicação com estrangeiros acontece tranquilamente, estamos acostumados porque muitos nos visitam todos os anos, mas é claro que preferem falar a língua deles”, conta.

A família em questão atendida por Diego vem da cidade argentina de Corrientes distante mais de mil quilômetros do litoral Norte gaúcho. E tão longe de casa, apesar de afirmar que compreende bem o português, o comissionista Victor Leges, 58 anos, confessa que é agradável ouvir o idioma nativo do país de origem. “Não costuma haver problema de comunicação, há muitos anos visitamos Capão da Canoa e Torres nas férias, mas sim, é mais confortável conversar na minha língua, torna o atendimento mais acolhedor”, revela o hermano, que ainda elogiou a fluência do jovem gaúcho no espanhol.

"Eu somente tento deixar os clientes à vontade”, contou o profissional, que agradeceu aos turistas pelo reconhecimento. Em espanhol, é claro: “Gracias por todo!".

Qualidade do atendimento é diferencial importante

Diego diz ter aprendido espanhol por meio de jogos online, nos quais conversa com pessoas de diferentes partes do mundo. E apesar de o conhecimento obtido não tenha inicialmente foco na qualificação profissional, falar uma segunda língua confere ao jovem garçom um importante diferencial no mercado de trabalho, principalmente em setores como gastronomia, comércio e turismo.

A economista-chefe da Fecomércio RS, Patrícia Palermo, reforça que o principal desafio de quem empreende no litoral Norte é a qualificação do atendimento. “Mais que ampliar a oferta de pessoas para atender à demanda maior deste período, é fundamental a capacitação da mão de obra. O turista bem atendido retorna, quem não é, não volta. E receber o estrangeiro no idioma dele representa preocupação em melhor servi-lo”, conclui.

A proprietária do restaurante em que Diego trabalha, Solange Santos, entende como um reforço importante dispor de um profissional que fala espanhol durante a temporada. “Mais que acolher nossos clientes, os outros funcionários também são estimulados, o pessoal se esforça e atende ainda melhor”, acrescenta.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895