Hotéis do Litoral Norte precisaram se adaptar em tempo de pandemia de Covid-19

Hotéis do Litoral Norte precisaram se adaptar em tempo de pandemia de Covid-19

Estabelecimentos tiveram de fazer diversas alterações para seguir os protocolos sanitários

Chico Izidro

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Um verão diferente no Litoral Norte, com os hotéis tendo de se reinventar para receber seus clientes em segurança, em época de pandemia do novo coronavírus. Os estabelecimentos tiveram de fazer diversas alterações para poder funcionar sem colocar em risco os seus hóspedes, como por exemplo menor número de apartamentos à disposição, mudanças nos cardápios de seus restaurantes, higienização dos ambientes, funcionários com luvas, máscaras. O Hotel Fazenda Figueiras, em Imbé, segue ativo, e conforme o gestor Marco Adami, mantendo o serviço de qualidade, seguindo os protocolos, como por exemplo o distanciamento social. "Estamos conseguindo fazer grande parte das atividades de lazer”, disse.

Adami falou que o hotel está atendendo apenas 60 pessoas. “Uma capacidade bem menor do que a gente poderia em tempos normais. Mas assim, as pessoas se sentem mais seguras, com menos pessoas dividindo espaço”, afirmou. “Se nós formos perceber, estas pessoas estão nos prestigiando, têm momentos legais. E acabam dizendo para amigos, parentes: vai lá que está legal, estão cuidando”, vibra o gestor. Segundo ele, apesar de várias restrições, “as coisas estão funcionando". "As áreas de lazer com distanciamento, assim como o restaurante, onde ainda tivemos de fazer algumas alterações nas refeições. Os funcionários usam luvas especiais, antibacterianas para atender os hóspedes. Já os shows, que antes eram feitos ao lado do bar, agora passaram a ser feitos à beira da piscina, a céu aberto”, afirmou.

Ele relata ainda que são várias opções de lazer no hotel. “Não tem sentido apenas vir para comer, beber, dormir. Por isso seguimos com os passeios a cavalo, bicicletas, triciclos, um bondinho os leva para a praia, seguimos com atividades familiares no salão de jogos. Enfim, é um desafio neste momento fazer com que o cliente saia satisfeito. Mas temos recebido boas avaliações”, vibrou. 

O gestor do hotel afirmou também que trabalhar com o público não é fácil. “Temos de satisfazê-los. Cada um tem de fazer a sua parte. Mas bom que eles estão entendendo, e estão respeitando, não reclamando do uso de máscaras, por exemplo”, citou. “Vou resumir este nosso desafio: pés no chão, fazer a operação o mais correto possível. Assim, o cliente reconhece, pois sabe que está sendo privilegiado. É um compromisso nosso, a segurança deles, em detrimento da questão econômica”, completou. “Seguimos com a temporada até o dia 28 de fevereiro. Porém as coisas estão bem encaminhadas, vamos vencer este momento. E lá na frente retomar as atividades normalmente”, finalizou Adami.

“A gente está se sentindo seguro aqui”, disse o caxiente Joel da Silva Cândido, que se hospedou no Hotel Fazenda Figueiras, em Imbé, junto com a esposa Mariangela e os dois filhos, Marcos e Gabriel. “Este é o nosso nono ano aqui. Gostamos muito. O ano passado foi difícil, com perdas econômicas grandes, mas precisávamos de alguns dias aqui”, contou ele, que tinha um salão de festas em Caxias do Sul, mas teve de recomeçar, voltando a trabalhar na construção civil, quando o local teve de fechar por causa da quarentena – a esposa é contabilista.

Joel conta que eles gostam tanto do hotel, que criaram amizade com os funcionários, e ao invés de ir para o mar, preferem fazer as atividades de lazer que o local oferece. “Até damos uma volta lá fora, mas logo voltamos. Aqui não tem como ficar parado. São muitas opções. Andamos a cavalo, vamos à piscina, pedalinho, vemos shows”, enumerou. Ele ressaltou ainda estar admirado com os cuidados sanitários feitos pelo estabelecimento. “Estão sendo muito cuidadosos. Eu mesmo não curto este negócio de máscara, porém sei que é uma norma e tenho de respeitar. E vejo que os outros hóspedes também estão respeitando a determinação”.

Situado na Praia do Araçá, em Capão da Canoa, o Hotel Araçá fica bem em frente ao mar, cerca de 50 metros, e a 2 km do Centro e da Estação Rodoviária do balneário. O sócio-proprietário do estabelecimento, Joel Siviero, contou que quando do começo da pandemia em março do ano passado, a direção optou por fechar o local e aproveitou para fazer reformas, sendo reaberto em 1º de dezembro. “E na volta optamos por não mexer nos valores de alimentação e estadia. Nossa intenção era atrair o nosso cliente, e garantir também que ele esteja seguro”, afirmou Joel. O hotel também não dispensou nenhum funcionário, pelo contrário, agregou outros, para que não haja desfalques em caso de alguém ficar impossibilitado ao ficar doente.

O hotel oferece aos veranistas piscinas cobertas e ao ar livre, academia, salão de jogos e buffet de café-da-manhã diário, além de Wi-Fi gratuito, com todos os quartos tendo vista do mar ou para a cidade, e alguns dispõem de varanda e ar-condicionado. São 140 apartamentos, mas devido as exigências sanitárias, a ocupação está sendo de 75 %. “No reveillón, tivemos 70% de ocupação”, lembrou, “e hoje estamos com uma ocupação de 35%, 40%. “Aliás, estamos tendo até um público maior do que o ano anterior, quando não havia a pandemia”, lembrou. Joel ressaltou que o hotel foca em um ambiente familiar, onde as pessoas vão mesmo para descansar.

“Então pensamos em um lugar silencioso, sem poluição sonora”, disse. E todos os clientes são obrigados a manter o distanciamento social nos ambientes do local, inclusive nas piscinas, usar máscaras e álcool gel, e luvas nos restaurantes. “Às vezes, algum cliente acaba esquecendo de colocar a máscara, mas estamos sempre atentos, monitorando, alertando eles”, contou. Siviero observou ainda uma grande mudança no comportamentos dos clientes. “Nos anos anteriores, as pessoas se mostravam eufóricas, impacientes, exigentes. Era tudo pra ontem. Agora estão mais comedidas, mais serenas, tratando melhor as pessoas. A pandemia, por um lado, fez as pessoas ficarem mais pacientes, mais humanas”, constatou.

Sindicato

“O turismo é muito importante na nossa região”, disse Ivone Ferraz, presidente do Sindicato de Hoteis, Restaurantes, Bares e Similares do Litoral Norte. “E existe um fato forte que vem prejudicando, que é a pandemia. Por isso, estamos voltados para as exigências exigidas para evitar perigos de contágios”, afirmou. Ela chegou a comandar uma campanha contra um decreto governamental proibindo as pessoas de circular na faixa da areia na praia. “Peitamos o governador e vencemos”, lembrou. 

Ivone ressaltou que os estabelecimentos estão seguindo à risca os protocolos exigidos. “Precisamos de protocolos de segurança e estamos numa campanha para atrair aqueles clientes que costumam viajar para o exterior, e que não estão podendo fazer isso agora".


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895