Mistério de navio encalhado intriga veranistas e moradores da Praia do Barco, em Capão da Canoa

Mistério de navio encalhado intriga veranistas e moradores da Praia do Barco, em Capão da Canoa

Moradora de Capão Novo conta que o navio era negreiro e estava vindo da África transportando escravos

Chico Izidro

Navio encalhou em 1840 ao transportar escravos da África para a Ilha das Malvinas

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Muitos veranistas acreditam ser lenda, mas a moradora de Capão Novo, em Capão da Canoa, Alba Inês Nunes Torres, garante ser verdade a existência de um navio nas águas da Praia do Barco. “Na semana passada, a maré baixa expôs os destroços do navio aqui na praia”, garantiu ela, que registrou o momento. “As pessoas acham que é um grande mistério”, acrescentou a tenente aposentada da Brigada Militar.

Ela conta que se pode caminhar pelo local perguntando para as pessoas se elas já viram o navio, e muita gente afirma que não. “Porém, esta semana quando partes do navio surgiram, muita gente correu para a beira da praia para fotografar os destroços. Nós temos um grupo aqui na região, e trocamos fotos. O navio está virado de lado. E confesso que tenho até um pedaço dele em casa guardado, um troféu. As melhores épocas para enxergar os destroços do navio são no final de março e primeiras semanas de abril", garante.

A moradora da Praia do Barco acrescenta que a comunidade está tentando junto a uma entidade de ensino gaúcha meios para tentar tirar o navio do mar. “A ideia é içá-lo e deixar ele sempre à mostra. Queremos transformar a Praia do Barco em um ponto turístico”, completou. O navio era negreiro, batizado Phoenix, e estava vindo da África transportando escravos para a Ilha das Malvinas quando em 1840 encalhou em um banco de areia por causa de fortes ondas e ventos na costa gaúcha.

Alba contou que a embarcação foi a última a chegar à região naquela primeira metade do Século XIX. “Quando o navio encalhou, os escravos aproveitaram para fugir e formaram quilombos, onde se refugiaram”, acrescentou a moradora. Os descendentes dos fugitivos vivem atualmente na comunidade quilombola de Morro Alto, na divisa de Osório e Maquiné.

| Foto: Alba Inês Nunes Torres / Arquivo Pessoal / CP

Correio do Povo
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