Vendas no litoral Norte não foram as esperadas pelos comerciantes

Vendas no litoral Norte não foram as esperadas pelos comerciantes

Ambulantes e donos de restaurantes esperavam mais vendas. CDL lançou a campanha Liquida Tramandaí e Imbé como forma de estender a temporada de verão e o consumo

Paula Maia

Vendedores ambulantes relatam dificuldade de vendas nesta temporada.

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Comerciantes, donos de restaurantes e vendedores ambulantes de Capão da Canoa e Tramandaí afirmam que as vendas registradas neste veraneio foram menores do que o esperado e deixaram muito a desejar.

A vendedora Gabriely Gomes, de 19 anos, e a sua mãe Claudia Gomes, 37 anos, vieram do interior de Minas Gerais para vender moda de praia em Capão da Canoa. Um ritual que já acontece há quatro anos, mas elas não esperavam ver as vendas tão abaixo do esperado. Ambas chegaram no litoral no início de dezembro e já estão de malas prontas para retornar para cidade Natal.

"Vim trabalhar a temporada, mas ela foi muito fraca. Veio mais gente do que o ano passado, porém o pessoal não estava querendo comprar. Ano passado a gente reclamou, mas foi melhor”, contou Gabriely.

Gabriely revelou que chega cedo nas areias com seu carrinho repleto de vestidos, saídas de banho e biquíni e costuma ficar até o sol se pôr. Ela disse que entre o grupo de vendedores que vieram de Minas Gerais, muitos estão pensando em não voltar.

"Esse ano foi bem devagar. Muita gente aqui tá falando que nem volta o ano que vem. Porque se a gente viajar lá da minha cidade, que são 2 mil e 100 km, e não valer a pena, não compensa", afirmou.

Sua mãe considera que o período de chuvas no início do ano atrapalhou um pouco as vendas, mas esperava um aumento no caixa durante o período de Carnaval. "O veraneio desse ano foi bem fraco. Foi o pior ano da temporada. A gente esperava que ia ser melhor, né, porque era uma temporada curta, mas aí choveu bastante", considerou.

Wesley Mendes também veio de Minas Gerais, ele comentou que há sete anos vende moda de praia nas areias gaúchas. Até o ano passado ele vendia em Torres e afirmou que se arrependeu de ter vindo para Capão da Canoa, onde as vendas deixaram muito a desejar.

Em Tramandaí, um grupo de senegaleses compartilha da opinião dos vendedores vindos de Minas Gerais. Sem se identificar, eles afirmaram que as vendas não foram o que eles esperavam, e não sabem se voltam no próximo veraneio.

Alguns dos vendedores senegaleses saíram de Porto Alegre para Tramandaí na esperança de vender mais do que na Capital. Mas com o resultado afirmaram que estão pensando em voltar mais cedo para tentar compensar o que não foi alcançado no litoral.

A dona de um restaurante na avenida Beira-mar de Tramandaí também afirmou que o movimento reduziu consideravelmente esse ano. Além do baixo poder de consumo, ela considerou que um dos grandes motivos da baixa foi a redução das vagas de estacionamento ao longo da avenida, por causa da nova ciclofaixa que tem 3,3 quilômetros de extensão. O estacionamento junto à orla precisou ser retirado.

"E ainda tem as vagas que a prefeitura destinou para carga e descarga. Não sei se vou continuar alugando o espaço ano que vem. Eu não tenho nem como fazer estacionamento por aqui, não tem terreno", falou a empresária que não quis se identificar e que considera que a ciclofaixa deveria ter sido feita na calçada.

De acordo com o secretario municipal de Segurança, Transporte e Trânsito de Tramandaí, Claudiomiro da Silva Pedro, houve apenas duas queixas formais, realizadas por comerciantes, sobre ciclofaixas.

O secretário afirma que estão sendo criados novos estacionamentos e as vagas que eram em paralelo foram transformadas em oblíquas. Ele ainda destaca que as vias coletoras da Beira-Mar também foram transformadas em estacionamento, além das vagas em paralelo aos canteiros centrais.

"Toda a mudança traz um desconforto. As pessoas gostavam de estacionar perto do calçadão. E depois da ciclofaixa não poderia manter aquele estacionamento paralelo, poderia causar alguma acidente", afirmou.

Já a presidente da Câmara de Dirigente Lojistas (CDL) de Tramandaí, Nara Müller, considera que de forma geral houve um aumento nas vendas. Ela afirma que alguns locais chegaram a ter 50% a mais nas suas vendas.

"Um dado interessante, relatado por uma empresa pesquisada é de que o volume de pessoas comprando foi equivalente ao do ano passado, mas gastaram menos, ou seja, escolheram produtos mais baratos neste ano", sublinhou.

Sobre o declínio das vendas no varejo alimentício de pequeno porte, Nara considera que os números são resultados da instalação das grandes redes de supermercados atacadistas que se estabeleceram em Tramandaí e Imbé desde 2023. Ela também explica que outra justificativa para as poucas vendas em alguns setores é a de que a temporada de veraneio está terminando mais cedo, com o Carnaval na metade de fevereiro e o retorno às aulas.

Como uma forma de compensar os números reduzidos, a CLD Tramandaí / Imbé lançou, na sexta-feira, a campanha Liquida Tramandaí e Imbé.

Nara destaca que os associados que aderirem a campanha receberão kits gratuitos. "Cada empresa participante poderá definir os percentuais de descontos, ou outras promoções que desejarem realizar durante a campanha que vai até 03 de março. Nossa intenção é estender a temporada de verão e o consumo nos estabelecimentos dos associados à CDL Tramandaí / Imbé", explicou.


Correio do Povo
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