Alergia e intolerância: alterações orgânicas alimentares precisam ser diferenciadas

Alergia e intolerância: alterações orgânicas alimentares precisam ser diferenciadas

Confusão é comum entre pacientes e população em geral

Correio do Povo

Dores abdominais são normais em alergias e intolerâncias

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Duas alterações orgânicas muito comuns e que, não raro, são confundidas: alergia e intolerância. A semelhança de alguns sintomas - como diarreia e dores abdominais - contribui para a falta de clareza e dificuldade no diagnóstico, sendo necessário uma investigação nutricional e médica.

“Um dos primeiros pontos a se observar é quando os sintomas começaram a aparecer. Não se trata de uma regra, mas, normalmente, crianças não têm deficiência de produção de enzima lactase, que é a causa da intolerância. O processo alérgico envolve reação imunológica ao alimento ingerido, causado normalmente pelo conteúdo proteico desse alimento”, explica Letícia Schmidt, nutricionista especialista em nutrição infantil e professora de Nutrição da Fadergs.

O desenvolvimento de alergias pode ser prevenido por meio do aleitamento materno. Quando este ocorre por, pelo menos, até o sexto mês de vida, favorece o fortalecimento dos fatores imunológicos. “Se o bebê desenvolve alguma reação e alimenta-se exclusivamente pela amamentação, provavelmente trata-se de alergia ao leite de vaca ingerido pela mãe e transmitido a ele pela amamentação. Nesse caso o aconselhamento nutricional materno se faz necessário para que possa continuar amamentando, pontua Letícia.”, pontua Letícia.

Hoje, ao contrário de pouco tempo atrás, estudos têm mostrado que a apresentação de alimentos alergênicos logo na introdução alimentar, que ocorre a partir do sexto mês de vida do bebê, em pequenas doses, podem contribuir para o não desenvolvimento da alergia, com exceção da proteína do leite de vaca, que se mostra ser mais alergênico com introdução precoce. “A observação dos sinais e sintomas após a apresentação de algum alimento diferente que a criança teve contato é primordial para um diagnóstico clínico assertivo, realizado pelo médico pediatra”, alerta a nutricionista.

Outra boa razão para adotar desde cedo a prevenção é evitar problemas maiores ao longo da vida. A quaisquer sinais de anormalidade, um exame de sangue ajuda a detectar se a alergia é lgE mediada, cujo cuidado necessita ser maior, pois ocasiona sintomas graves como choque anafilático. Caso seja lgE não mediada, não há a detecção, sendo as descobertas sempre via testes por provocação oral, realizado em ambiente com profissionais especializados. A prática de uma alimentação saudável e como produtos orgânicos também contribui para diminuir riscos. “Muitas reações são ocasionadas pelo ultra processamento dos produtos alimentícios e o consequente contato com conservantes e acidulantes, além do consumo de agrotóxicos. Por isso, em qualquer fase da vida, optar por ingredientes in natura e preparar a comida de forma caseira é sempre uma boa dica”, salienta.

A orientação vale, também, para os casos de intolerância, costumeiramente à lactose, gerada pela diminuição da enzima lactase, que, por deficiência, não consegue quebrar o açúcar presente no leite, fermentando a nível intestinal. “É importante pontuar que a produção da lactase se dá, também, pela ingestão de derivados de leite. Às vezes, a redução no consumo por conta própria ocasiona algum efeito colateral quando a pessoa retoma o hábito anterior, o que provoca confusão, conclusões precipitadas e autodiagnósticos equivocados”, alerta.

Por sua vez, a intolerância à lactose é causada pela diminuição da enzima lactase, na qual o organismo não consegue quebrar o carboidrato para gerar sua absorção, o que provoca fermentação a nível intestinal e causa diarreia e dor abdominal. “É importante pontuar que a quantidade de lactase produzida depende da ingestão de leite e derivados. Apesar de ao longo do tempo a reduzirmos, até mesmo pelo tipo de alimentação ser mais láctea no começo da vida, algumas pessoas podem ter alteração secundária a alguma outra patologia ou redução temporária. Às vezes, a redução no consumo por conta própria ocasiona o efeito de intolerância quando a pessoa retoma o hábito anterior, o que provoca confusão, conclusões precipitadas e auto diagnósticos equivocados”, alerta.

Para ambas as situações, a indicação é a mesma: procurar por especialistas para tratamentos e orientações eficazes e assertivas. Tanto os casos de alergias quanto os de intolerâncias costumam ser muito particulares, necessitando acompanhamentos individuais conforme as necessidades e realidades de cada paciente. “Não há receita, cada indivíduo reage de um jeito. A troca dos alimentos por similares, mesmo naturais, necessita cautela, pois há a chance de haver composições bem distintas, além da não adaptação do paladar”, conclui.


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