Ações da indústria contra o meio ambiente ganham destaque no Festival de Berlim
Filmes sobre o modelo de soja transgênica na Argentina e sobre grande projeto urbanístico no México chamaram a atenção
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"Uma coisa é conhecer e ler, outra é visitar os lugares e ouvir o relato dramático das vítimas", afirmou Solanas, de 82 anos, que entrevistou agricultores, moradores, médicos e empresários, com direito a imagens aéreas das gigantescas plantações que invadiram o campo argentino. O cineasta conta como a Argentina "mudou de modelo, passando da qualidade para a quantidade", adotando a soja transgênica "sem consciência" da consequências. Além das populações autóctones, forçadas a abandonar suas casas e viver na miséria, Solanas dá voz a professoras de pequenas escolas rurais que relatam horrorizadas como os herbicidas despejados por tratores e aviões caem literalmente sobre as crianças que brincam no pátio.
O cineasta se submete no documentário a um exame de sangue para determinar a presença de pesticidas em seu organismo. Os resultados o deixam assustado, com níveis elevados de vários produtos tóxicos que são usados nas frutas e verduras. Mas o senador, presidente da Comissão de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, é sincero: "Todos somos cúmplices e todos nos calamos".
No documentário americano "Patrimonio", a água é a maior preocupação dos habitantes de Todos Santos, pequena comunidade da Baixa Califórnia Sul, no México, quando em 2015 um grupo imobiliário começa a construir 4.000 casas e um hotel 5 estrelas. Mas este é apenas o início: os pescadores são rapidamente privados de quase todas as praias e um advogado e ambientalista, John Moreno, os estimula a iniciar uma luta de Davi contra Golias.
Esta é a história relatada por Lisa F. Jackson e Sarah Teale. Bloqueios de estradas, manifestações, tudo parece em vão ao longo de três anos, período em que os pescadores percebem que as instituições não os ajudam. Quando Moreno é detido, a mobilização cresce, as denúncias contra o projeto se multiplicam e finalmente a justiça - em janeiro deste ano - restitui o direito dos pescadores sobre suas praias. Presente na exibição na Berlinale, Moreno, que passou três meses na prisão, explicou que o projeto está paralisado e quatro processos estão em curso.