“A eco ópera surgiu por causa de um orçamento minúsculo”, diz Magdalene Minnaar

“A eco ópera surgiu por causa de um orçamento minúsculo”, diz Magdalene Minnaar

Soprano sul-africana dirige a apresentação de “A Flauta Mágica (Reciclada)” que está sendo realizada a céu aberto em praça da Capital nesta quinta e sexta à noite

Luiz Gonzaga Lopes

Soprano sul-africana Magdalene Minnaar, que é diretora da Cape Town Opera desde 2022

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Uma cooperação internacional trouxe a Porto Alegre a ópera “A Flauta Mágica (Reciclada)”. Focada em ecologia e cultura, a Eco Ópera busca gerar oportunidade de interação com a natureza através da cultura. As apresentações serão nesta quinta e sexta-feiras, 23 e 24, por volta das 19h30min na Praça Gustavo Langsch. A ópera que traz as provações pelas quais os homens precisam passar para sair das trevas em busca da luz, ou seja, devemos ver o mundo de forma mais abrangente e menos egoísta. Os figurinos utilizados nas apresentações foram feitos com materiais doados por escolas de samba da Capital, após o desfile de Carnaval. O objetivo é reduzir o impacto ambiental com o reaproveitamento de materiais, focando na relação entre cultura e sustentabilidade. Adaptado por Hique Gomez, o espetáculo é composto por seis músicos, seis cantores de coro e o regente, o maestro alemão-polonês Adam Luzian Szmidt. A direção artística é da soprano sul-africana, Magdalene Minaar, que concedeu esta entrevista ao Correio do Povo. 

Correio do Povo - Quais foram as motivações que os levaram a criar a eco ópera “A Flauta Mágica (Reciclada)”?
Magdalene -
Me pediram para dirigir uma “Flauta Mágica” familiar para o Festival Internacional Mozart de Joanesburgo. O orçamento era minúsculo e decidi explorar o trabalho com materiais ecológicos. Convidamos a comunidade para ajudar a equipe de produção a reunir materiais e construir cenários e fantasias com todos os tipos de objetos encontrados e materiais reciclados. A produção foi um grande sucesso e comecei a pensar em fazer “eco óperas”. Este projeto não estaria acontecendo se não fosse pela absoluta força de vontade e resistência do meu parceiro Adam Szmidt. Ele foi fundamental para encontrar locações para nossas duas primeiras Eco Óperas - não é uma tarefa pequena! Em cada país adotamos uma abordagem diferente - é importante para nós envolver a comunidade o máximo possível. Isso pode ser no elenco ou na equipe criativa. Da próxima vez que formos para Graben-Neudorff, na Alemanha, o objetivo da comunidade é coletar plantas para o nosso "palco vivo", projetado pela eco-cenógrafa Tanja Beer.

CP - Por que foi escolhida A Flauta Mágica para este tipo de apresentação?
Magdalene -
Descobri ao longo dos anos que a Flauta Mágica é uma obra tão adaptável. Apesar da genialidade da música e da escrita, ela se presta à narrativa, por causa do diálogo falado. Muitas das óperas mais conhecidas não têm isso, e a história pode ser facilmente contada para que jovens e velhos tenham a mesma experiência. Eu amo Mozart, especialmente encontrar a comédia que ele tão espirituosamente escreve em suas partituras.

CP - Em cada país, como é feito o contato com a produção local para a escolha do local, a concepção dos figurinos e dos materiais de apresentação de forma reciclada. Há também um contato com a pessoa que faz a adaptação. Em Porto Alegre é o músico Hique Gomez?
Magdalene -
 Até agora tem acontecido de forma bastante orgânica - adoraríamos trabalhar com uma "voz" local bem conhecida em cada área que visitamos - mas, mais uma vez, cada projeto é muito diferente!

CP - Quais outras cidades do mundo receberão “A Flauta Mágica (Reciclada)”?
Magdalene -
Em seguida, partiremos para a Alemanha, e depois provavelmente iremos para a África do Sul. 

CP – Gostaria de saber um pouco mais da tua trajetória?
Magdalene -
Comecei minha carreira como cantora de ópera. Também toco viola profissionalmente. Comecei minha própria produtora bem cedo em minha carreira como uma plataforma para fazer minhas próprias produções. Eu ainda canto, mas dirigir ópera se tornou meu foco principal, o que eu amo! Eu também sou diretora artístico da Ópera da Cidade do Cabo desde o ano passado. 

CP - Por que a escolha de fazer projetos voltados para crianças?
Magdalene –
Quando meu filho nasceu, fiquei cada vez mais interessado em como podemos apresentar música clássica para crianças. Comecei com um programa chamado "Little Maestros", que consistia em shows para famílias onde as crianças podiam ser elas mesmas e explorar com movimento, etc. Mais recentemente, escrevi um programa para escolas chamado "Clever Classical Kids", que aumenta o amor pela música. Isso está começando como um currículo nas escolas aqui na África do Sul Quando meu filho nasceu, fiquei cada vez mais interessado em como podemos apresentar música clássica para crianças. Comecei com um programa chamado "Little Maestros", que consistia em shows para famílias onde as crianças podiam ser elas mesmas e explorar com movimento etc. Mais recentemente, escrevi um programa para escolas chamado "Clever Classical Kids", que aumenta o amor pela música. Isso está começando como um currículo nas escolas aqui na África do Sul. 


CP – Quais são os projetos que estão sendo gestados por vocês para os próximos meses?
Magdalene -
Atualmente estou trabalhando em “La Serva Padrona” para uma companhia de ópera na Croácia. Logo depois vou fazer a abertura de “Tosca” na África do Sul (Joanesburgo e Cidade do Cabo). Também estarei dirigindo “La Traviata” ainda este ano. 


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