"A gente nunca se vendeu", afirma Marcelo Nova

"A gente nunca se vendeu", afirma Marcelo Nova

O Camisa de Vênus faz show de 35 anos de estrada no Araújo Vianna, nesta sexta <br />

Luiz Gonzaga Lopes

Marcelo Nova traz todo o repertório de clássicos na turnê comemorativa

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O Camisa de Vênus nunca acabou. Não na memória dos fãs. A banda chega a ter duas versões atualmente, mas a que parece valer mais por ter os dois principais músicos fundadores - vocalista Marcelo Nova e o baixista Robério Santana - resolveu fazer uma turnê nacional para festejar os 35 anos de carreira.

Após shows em Fortaleza, Natal e Recife na semana passada, a banda apresenta a turnê "Camisa de Vênus - 35 anos de História", nesta sexta, 21h, no Auditório Araújo Vianna (Osvaldo Aranha, 685) e sábado, às 21h, no Teatro Feevale, em Novo Hamburgo. Ingressos disponíveis na bilheteria do Teatro do Bourbon Country (Túlio de Rose, 80), online ou pelo Call Center: 4003-1212 (com taxa de conveniência). No local, somente na data da apresentação, a partir das 14h.

35 anos depois do início em 1980 em Salvador, quando Marcelo convidou Robério, na TV Aratu, para formar uma banda, o vocalista continua com pimenta na ponta da língua, isto é, sem papas. Em entrevista ao Correio do Povo, Marcelo Nova fala do amor sempre correspondido com o público gaúcho, do show que terá músicas dos sete álbuns da banda (e um DVD), desde o EP "Controle Total", em 1982, com hits como "Eu Não Matei Joana D’Arc”, “Só o Fim”, “Bete Morreu”, dentre outros clásssicos, até o fato do grupo nunca ter se vendido ao sistema.

Nos shows da turnê, Marcelo e Robério convocaram os músicos Drake Nova (guitarrista e filho de Marcelo Nova), Leandro Dalle (guitarra) e Célio Glouster (bateria). Confira:

Correio do Povo - Como você nominaria esta relação que o Camisa de Vênus tem com o RS?
Marcelo Nova - É um caso de amor recíproco, irrestrito. Do começo da minha carreira e da banda até hoje, o RS sempre foi especial para mim. Sempre toco com frequência neste estado roqueiro paca. Tem um sabor que remonta ao início, pois o show será no Araújo Vianna, que foi o palco da nossa primeira apresentação aí em Porto Alegre, em 1984. Quando tocamos éramos jovens e o público já nos dava todo o calor que precisávamos. Estamos loucos para reencontrar esse público.

CP - Nestes 35 anos, quais foram as mudanças significativas no mundo da música nacional?
Marcelo Nova - Mudou muita coisa. O próprio Camisa e a minha carreira solo. Desde o início dos anos 2000, do disco Nave Brasa, a gente sempre produz os discos de forma independente, sem as majors, as grandes gravadoras. Eu produzo e pago os meus músicos e mesmo com esta febre de internet, estas novas mídias, a gente sempre conseguiu se manter, mesmo sem ser o cavalo favorito do páreo. Sempre fui o azarão.

CP - Qual foi o segredo para a banda remanescer?
Marcelo Nova - A gente sempre disse coisas que marcaram. As nossas músicas tiveram a atemporalidade como marca. Canções de 30 anos atrás como "Deus me Dê Grana" ou "O Adventista" se forem cantadas hoje nunca estiveram tão atuais. Acredito que esta atemporalidade é que é responsável pelo nosso público nos shows ter o senhor de 60 anos, as mulheres de 40 e a molecada de 18. Isso para mim é como uma medalha, um troféu. Não é novela das oito, que gruda na hora e depois some. Elas atravessaram o tempo, meu camarada.

CP - O que resta de baiano em Marcelo Nova após três décadas em São Paulo?
Marcelo Nova - Me mudei em 1985 de Salvador para São Paulo. Minha formação de vida, carreira musical e fama vieram do tempo em São Paulo. Eu nunca tive uma grande ligação com Salvador. Sempre tive mais rejeição do que aprovação lá na Bahia. Vou a Salvador fazer shows, o público gosta e pede mais, mas eu não voltaria a morar ou a tentar a vida por lá.

CP - O que o repertório deste show comemorarivo reserva aos gaúchos?
Marcelo Nova - Vamos tocar músicas de todos os discos, são sete de estúdio. Os hits estarão todos. Se faltar algum hit, pode cobrar lá no gargarejo.

CP - O que há para comemorar nestes 35 anos de estrada?
Marcelo Nova - É um prazer podermos estar vivos e celebrando esta data, 35 sem tirar de dentro e sendo uma banda sem mistureba, sem concessões. Nunca teve aquela de fazer uma musiquinha que agrade aquele tipo de público, viabilizar o disco ou o show. Sempre foi pau na máquina e será enquanto a banda existir. No Brasil, são dois produtores que fazem bandas ou desconhecidos sem muito talento seguirem uma fórmula do sucesso. Com o Camisa nunca teve isso. A gente nunca se vendeu, pelo menos que eu saiba. Só temos a lamentar estes produtos pasteurizados de funk, axé e sertanejo universitário. Outra coisa que lamentamos é o pouco espaço para o rock nas rádios. Estes dias a Ipanema FM aí de Porto Alegre saiu do dial e foi para a internet. Isto é só o fim. Mas a gente segue firme e vamos mostrar isto aos gaúchos.

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