"A internet uniu os comediantes", afirma ator Lucio Mauro Filho

"A internet uniu os comediantes", afirma ator Lucio Mauro Filho

Humorista fala sobre a carreira e o espetáculo “5 X Comédia”, em cartaz no Teatro CIEE

Luiz Gonzaga Lopes

Lúcio Mauro Filho participa do espetáculo “5 X Comédia”

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O espetáculo “5 X Comédia” foi visto por mais de 450 mil espectadores nos anos 90, tornando-se uma sensação da história do teatro brasileiro. Em 2016 voltou repaginado, com esquetes escritos e interpretados por grandes nomes de uma nova geração de humor e da nova dramaturgia nacional. Dirigido por Monique Gardenberg e Hamilton Vaz Pereira, volta a Porto Alegre após um ano e meio, com duas apresentações no Teatro CIEE (Dom Pedro II, 491), neste domingo, às 18h e 20h30min.

Nesta versão dos cinco monólogos, Bruno Mazzeo, Debora Lamm e Katiuscia Canoro dão vida aos personagens de Antonio Prata, Julia Spadaccini e Pedro Kosovski, enquanto Fabiula Nascimento e Lucio Mauro Filho interpretam textos de Jô Bilac. Lucio e Katiuscia vêm a primeira vez a Porto Alegre com o espetáculo. Não estiveram em 2017. Os ingressos estão à venda no site Ingresso Rápido, nas Lojas Multisom e na bilheteria do Teatro CIEE a preços populares entre R$ 30 e R$ 60.

Humor atual

O texto de Antonio Prata para o teatro, “Nana, Nenê” retrata o desespero do clarinetista Rodrigo (Bruno Mazzeo), um pai enlouquecido entre escolas de mamada e de métodos para fazer o bebê dormir. Em “Branca de Neve”, de Julia Spadaccini, a personagem de Debora Lamm luta para se desapegar da vida de princesa. “Arara Vermelha”, de Jô Bilac, mostra Fabiula Nascimento interpretando uma ave que tem um surto de intransigência diante do novo mascote do pet shop. 

Em “Milho aos Pombos”, de Pedro Kosovski, Katiuscia Canoro interpreta uma eterna aspirante a atriz. Em “Bola Branca”, Lucio Mauro Filho, vive um homem na tentativa desesperada de meditar, de esvaziar a mente e achar o sentido da vida em meio ao caos urbano.

“Esta nossa versão de ‘5 X Comédia’ tem a cara do humor da atualidade. Como a montagem já tem mais de três anos, já houve tempo de a gente consolidar as nossas cenas, amadurecer a relação com o texto. Normalmente, nas comédias que ficam muito tempo em cartaz, há uma tendência ao relaxamento do comediante, de ele exagerar, de forçar a barra do humor. Esta montagem continua com o frescor de 26 anos atrás”, ressaltou Lucio, exaltando o fato de atuar pela primeira vez no teatro com o parceiro de TV e cinema, Bruno Mazzeo.

As versões anteriores, de 1993, 1995 e 1999 – dirigidas por Hamilton Vaz Pereira e produzidas por Monique Gardenberg, tinham nas fichas técnicas nomes como Andréa Beltrão, Denise Fraga, Diogo Vilela, Pedro Cardoso, Luiz Fernando Guimarães, Débora Bloch, Fernanda Torres, Miguel Magno, Cláudia Raia, Patrycia Travassos, Evandro Mesquita, Totia Meireles. A diretora Monique Gardenberg acentua exatamente isto: “Estes são atores-criadores que se uniram para a produção de um novo humor, como foi o caso da série 'Cilada', que ficou no ar durante seis temporadas, do filme 'Muita calma nessa hora', ou do programa 'Junto e misturado'". 

Este aspecto de uma geração de humor que atua, dirige e escreve é apontado por Lucio como o lado bom deste século XXI virtualizado. “Esta é a parte boa da internet, o crescimento do humor. Ela se tornou uma ferramenta poderosa para uma gente, no caso os humoristas, que falam a mesma língua, que se uniram, se apoiaram. A internet uniu os comediantes. A gente sabia que era popular, mas não tinha este retorno direto”, avaliou, lembrando da recente abertura do Porto Alegre Comedy Club, na capital gaúcha.

“Tentavam dizem que o humor era um estilo menor, mas Shakespeare e Molière faziam muitas comédias. Os comediantes destas novas gerações começaram a se comunicar, a criar redes e a mostra potência, a ter maior liberdade de negociar a produção e os espaços de apresentação”, observou.

Amigos gaúchos

Ao se aproximar a data de vir a Porto Alegre, Lucio Mauro Filho lembra dos amigos que têm no Rio Grande do Sul e as pessoas que admira.

“O cara que mais gosto, do qual eu sou realmente fã e amigo é o Jorge Furtado. Estreitei a amizade com ele e o pessoal da Casa de Cinema, quando fiz uma participação no filme ‘Saneamento Básico’ e agora vou poder estar em Porto Alegre na festa de aniversário de 60 anos dele. No mais, também sou fã do Luis Fernando Verissimo, cujos textos selaram minha união no teatro com outro mestre, o João Falcão, pois fizemos ‘O Homem Objeto’, que depois virou ‘Sexo Frágil’, no Fantástico, e aí estávamos lá eu, Wagner Moura, Lazinho (Lázaro) Ramos”, indicou Lucio.

O ator agradeceu aos seus mestres no teatro e TV pela carreira desde o diretor teatral Bernardo Jablonski com quem fez o trabalho para decolar nos palcos, “O Bravo Soldado Schweik”, em 1996, até Ivan de Albuquerque, cujas peças o fizeram chegar à TV no “Zorra Total” e contracenar com Jorge Doria, até Guel Arraes, João Falcão, Jorge Furtado, entre outros.

Por fim, Lucio Mauro lembra que este poderia ser um ano difícil, pois perdeu em maio o pai Lucio Mauro, mas ele ressaltou que focou no trabalho, sempre pensando no próximo papel, no próximo projeto. “Em 2008, iniciamos o projeto ‘Lucio 80-30’. Eu era autor, diretor e ator junto com o meu pai. Foi um período de ouro, pois viajamos mais de dois anos, eu e papai, e consolidamos a nossa parceria de vida no palco. Foi um dos grandes momentos da minha vida e da minha carreira”, finalizou.


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