As enchentes de maio de 2024 que assolaram o Rio Grande do Sul danificaram, também, parte da história e da cultura da imigração alemã. Localizado na cidade de São Leopoldo, o Museu Visconde de São Leopoldo foi fortemente atingido pelas águas. Para devolver à comunidade parte de sua memória cultural, o projeto “Restauração do acervo museológico atingido pelas enchentes em São Leopoldo” foi idealizado para restaurar aproximadamente 143 peças danificadas.
Conforme informa a equipe do museu, entre os itens que já começaram a ser recuperados estão o piano alemão Schiedmayer, com cerca de 120 anos, outros instrumentos musicais, peças de mobiliário, objetos de uso cotidiano e de representação simbólica, indumentária e acessórios têxteis, além de obras de arte de grande relevância, como pinturas de Pedro Weingärtner e retratos de personalidades locais, alguns elaborados a partir de fotografias.
Celebrando o lançamento oficial da iniciativa, a produtora cultural Luísa Maciel explica. “Com a enchente de 2024, parte importante da nossa memória foi comprometida. Este projeto de restauração do acervo da imigração alemã em São Leopoldo busca recuperar o que foi atingido e contribuir para que a história da comunidade siga preservada e disponível no futuro. Junto à restauração do acervo, serão realizadas ações de educação, acessibilidade e formação em conservação preventiva, além de produção audiovisual e editorial que reforçam a importância da preservação da nossa memória cultural”.
O restaurador Társis Gradaschi, da Mestres da Restauração Brasil, é responsável pela restauração dos objetos tridimensionais, (por exemplo, o piano, instrumentos musicais e peças de mobiliário) do projeto. "Como leopoldense, estou muito feliz de participar desse projeto", afirma Gradaschi, que diz se sentir gratificado de entregar os itens restaurados para a comunidade. Contudo, ele explica que a iniciativa é um grande desafio, que mobiliza uma equipe numerosa para que os objetos voltem funcionais para o museu.
Endossando a fala do restaurador, a Diretora de Relações Institucionais do MVSL, Ingrid Marxen, afirma que o projeto faz um grande bem para o espaço, já que vai recolocar as peças antigas e importantes para instituição de pé novamente, com apreço pela história e pela arte. "É uma entrega para a comunidade de São Leopoldo e para os visitantes", explica. "Esses objetos de novo em nosso Museu são uma mensagem de esperança", finaliza.
Também estão envolvidas no projeto as restauradoras Magda Villanova em peças têxteis e Ísis Fófano da Gama, da Magenta Conservação e Restauração, que trabalha na restauração das obras pictóricas (pinturas e retratos). Uma das peças emblemáticas do museu, a pintura que retrata a chegada dos imigrantes ao Vale do Sinos está sendo restaurada por Isis. A restauradora afirma que o trabalho exercido pelo projeto é uma importante contribuição para a preservação do patrimônio cultural. "O projeto é importante porque visa, também, a conservação e a projeção dessas obras em uma escala de tempo", explica Ísis.
Todo o processo será documentado e vai resultar na produção de um catálogo e de um documentário, que serão lançados no final do projeto, em 2027. Para conhecer mais sobre a iniciativa e acompanhar o andamento da restauração dos itens do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo, basta acessar o perfil do projeto no Instagram.
O projeto “Restauração do acervo museológico atingido pelas enchentes em São Leopoldo” é realizado por Luísa Maciel e Ministério da Cultura/Governo Federal, com patrocínio de Zaffari, por meio da Lei Rouanet e com recursos da Política Nacional Aldir Blanc, via Pró-Cultura RS.