“Adoro tocar no Sul, há um entendimento detalhado da minha arte e trajetória”, destaca Céu

“Adoro tocar no Sul, há um entendimento detalhado da minha arte e trajetória”, destaca Céu

Cantora e compositora paulistana, que apresenta a turnê “Novela”, neste sábado, às 21h, no Opinião, concedeu entrevista ao Correio do Povo

Luiz Gonzaga Lopes

Cantora e compositora paulistana Céu apresenta o show da turnê "Novela", neste sábado, às 21h, no Opinião

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A cantora Céu, que já venceu três Grammys Latinos e é uma considerada uma das principais vozes da sua geração, retornar a Porto Alegre com a turnê do seu nono disco. A cantora, que disponibilizou em abril as 12 músicas de “Novela” nos serviços digitais, sobe ao palco do Opinião (José do Patrocínio, 834), neste sábado, 21h, para mostrar faixas novas, como “Gerando na Alta”, "Cremosa" e "Raiou", assim como grandes composições da carreira. Ingressos na Sympla.

Gravado em Los Angeles por Pupillo (Gal Costa e Nando Reis) e por Adrian Younge (Kendrick Lamar e Wu Tang Clan), o registro dimensiona mais uma vez a diversidade da música brasileira criada por Céu. O artista francês Hervé Selters, a MC norte-americana LadyBug Mecca, o DJ Frankie Reyes (Porto Rico) e a cantora franco-senegalesa anaiis são alguns dos convidados do álbum, um dos mais sofisticados da sua trajetória.

No palco, Céu vai estar acompanhada por Léo Mendes (guitarra), Lucas Martins (baixo), Sthé Araújo (percussão) e Thomas Harres (bateria). Além das suas composições inéditas, sucessos como “Malemolência”, “Varanda Suspensa”, “Cangote e “Perfume do Invisível” devem fazer parte do setlist. Céu, que tem oito discos lançados e mais de 20 anos de carreira, se tornou uma das principais vozes da sua geração. Vencedora de 3 Grammys Latinos, ela é uma das raras artistas brasileiras que foram lembradas também pela edição norte-americana do prêmio. O seu disco de estreia, “CéU” (2005), concorreu na categoria “melhor álbum de world music contemporânea” e vendeu mais de 200 mil cópias nos Estados Unidos, chegando à 57ª posição da Billboard 200. O 9º álbum, “Novela”, lançado em abril, foi gravado nos Estados Unidos e contou com a co-produção de Adrian Younge, que já capitaneou projetos com Snoop Dogg, Kendrick Lamar, The Delfonics e Wu Tang Clan.

Nesta entrevista concedida ao Correio do Povo, Céu fala do disco, do show, de premiações e de gostar muito dos shows no Sul, a quem ela quer prestar solidariedade e carinho nesta apresentação.

Correio do Povo - Os Estados Unidos parecem ter para ti algo de criador de condições ideais para a produção de um disco. Foi assim há 19 anos com Céu (2005) e parece ser este o caso de “Novela” (2024). O que tu podes dizer desta química com aquela multiplicidade de nação multicultural para a criação deste Novela?

Céu - Há de fato uma relação, especialmente de gratidão minha, afinal foi lá que me percebi compositora, que meu primeiro disco vendeu muito, que ganhei e fui indicada a tantos Grammys, e finalmente lá, que volto pra gravar um disco. O Novela tinha essa abordagem das Américas. Sempre trago música do Brasil, subo mais um pouco, brinco com Caribe, boleros, e passeio pelo soul, que é também de lá.

Correio do Povo - Quem conhece Céu no palco e também de entrevistas, sabe o quanto você gosta de pesquisar musicalmente e neste disco parece que temos uma volta ao passado no ato de gravar, na captação do álbum, mas também na forma como as músicas foram arranjadas. Queria que você explicasse um pouco o que foi tudo isto, colocando também na conversa o trabalho do Pupillo e do Adrian Younge.

Céu - Bem, por estarmos em LA (Los Angeles), fora do nosso estúdio, em um estúdio totalmente analógico, ou seja, sem o uso de computadores e seus recursos, era tudo mais complexo, mas foi isso também que trouxe todo um encanto para o álbum. Eu tive que me deparar com meus limites em termos de voz e criação, sem muito tempo de burilar o álbum. Foi tudo muito criado naquela semana, naquele encontro específico. Isso me fez lembrar os discos que me formaram, que eram mais “ao vivo” os discos de jazz, aqueles que nunca tiveram edições e correções. Foi muito transformador e acabou dando uma liga enorme em toda a equipe ali presente.

Correio do Povo - Sobre as mensagens e as letras do disco, quero crer que quiseste contar a tua história atual, uma espécie de novela particular, uma audiodramaturgia interior. O que destaca do conteúdo das canções em relação ao íntimo do teu ser?

Céu - Tudo se inicia em minha perspectiva, mas passa a não ser mais uma narrativa pessoal, depois que vira música. São histórias mundanas, de todas as ordens, amizade, decolonização, sexo, amor, raiva e dramas. Tudo junto e misturado.

Correio do Povo - Quando se fala em Céu sempre há uma expectativa de premiações, pois os trabalhos são sempre tão inovadores e diferentes uns dos outros. Há uma expectativa de prêmios, quais os caminhos do disco nestes seus seis meses de existência?

Céu – Nunca tenho, honestamente. Acho difícil por ser bastante experimental, mas nunca se sabe!

Correio do Povo - Seguindo o caminho da pergunta anterior, a tua turnê de Novela está em ritmo frenético. Preciso perguntar como é o teu envolvimento aqui com o Sul do País. Lembro que uma vez conversamos ao vivo, quando tivemos o Nívea aqui, quando tocaste para um público em torno de 40 a 50 mil pessoas no Anfiteatro Pôr do Sol. Conta para nós a relação com o público do Sul e como vai ser o show do dia 2 de novembro no Opinião em Porto Alegre. E também que tu falasses sobre a banda que te acompanha no show?

Céu - Adoro tocar no Sul, há um entendimento detalhado da minha arte e trajetória e isso dá pra sentir nos palcos e entrevistas! É um público caloroso, e musical.

Correio do Povo - Tu és sempre uma cantora tão engajada e queria que tu deixasses uma mensagem final ao povo do Rio Grande do Sul neste ano tão difícil por causa das enchentes que mexeram com a autoestima e os planos de milhares de pessoas.

Céu - Foi devastador para vocês, para todos os brasileiros que acompanharam. Foi uma tortura estar longe assistindo aquela tragédia sem poder de fato fazer algo que pudesse realmente parar tudo. Ao meu lado, muitas pessoas se mexeram, fizemos o que conseguimos, mas a verdade é que houve essa sensação de impotência frente ao caos climático que o ser humano se colocou. Assistir famílias e famílias perdendo entes queridos, suas vidas, colheitas, casas, foi avassalador. Eu estou muito feliz de estar de volta a essa cidade linda, que se recupera aos poucos com uma força gigante, torcendo para que possamos achar um caminho de equilíbrio com a natureza. Torcendo para que as autoridades entendam, que é pra ontem, um mundo mais ecológico.



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