“Alien: Romulus” é o maior acerto da franquia desde “Aliens: O Resgate”, de 1986

“Alien: Romulus” é o maior acerto da franquia desde “Aliens: O Resgate”, de 1986

Filme estreiou nos cinemas brasileiros na quinta-feira, dia 15

Estadão Conteúdo

“Alien: Romulus” é claramente o melhor filme da franquia desde “Aliens: O Resgate”, de 1986

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A primeira meia hora de "Alien: Romulus”, que chega neste final de semana aos cinemas, pode confundir. Um desavisado pode pensar que está assistindo a um filme da franquia errada - afinal, a fotografia de Galo Olivares e a direção do uruguaio Fede Alvarez se parecem muito com a de “Blade Runner” (1982). A história começa numa colônia de trabalho, em um futuro distópico, em que a escuridão tomou conta: não há esperança e androides se confundem com humanos.

É ali que vive Rain (Cailee Spaeny), uma jovem que sonha em fugir do mundo de trabalho forçado para encontrar uma nova casa. A oportunidade surge, enfim, quando ela e seu androide (David Jonsson) partem com amigos para uma missão que parece pouco arriscada: embarcar em uma nave à deriva e seguir viagem até o planeta-oásis.

Mas, ainda que pareça, “Alien: Romulus” não é “Blade Runner” - duas franquias, aliás, criadas pela mente de Ridley Scott. Acabam aqui as discussões existenciais sobre o futuro sem esperança e entramos na nave da qual não é possível escapar. Rain, o robô Andy e seus amigos pensam que a nave em que estão embarcando significa uma oportunidade. Mas, como é de praxe nos filmes da série “Alien”, não é assim que funciona: a nave é o berço do caos.

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REFERÊNCIAS

Pode parecer mais do mesmo, principalmente para os que se lembram da história de “O Oitavo Passageiro” (1979), “Aliens, O Resgate” (1986) e até de filmes que imitam essas tramas, como “Vida” (2017). Mas, por mais que Alvarez realmente beba na fonte dos filmes originais, há algo de realmente criativo em seu filme: não só a estética da produção está preocupada em criar um ambiente opressor, que amplifica a escuridão, como a trama não tem pudores de divertir.

Dentro da nave, que é dividida em duas áreas chamadas de Remo e Romulus, xenomorfos aguardam o momento ideal para voltar à vida e atacar. Ignorantes da situação, os jovens desconhecem o problema que os cerca. Mas nós, espectadores, sabemos que cada passo é um passo em direção à morte. Alvarez, que já tinha mostrado habilidade nessa diversão mórbida em "A Morte do Demônio” (2013) e “O Homem nas Trevas” (2016), se diverte junto com o público.

Na superfície, “Romulus” não deixa de ser um filme de gato e rato, em que humanos e um androide tentam sobreviver enquanto criaturas se colocam no caminho. Mas, conforme avança, vira um jogo de gato e rato mais sofisticado: assim como a primeira meia hora ecoa “Blade Runner”, há pedaços de outros grandes filmes aqui e ali. Uma cena em que os personagens tentam passar por uma sala lotada de criaturas lembra o que Steven Spielberg fez em “Jurassic Park” (1993), por exemplo, quando as crianças tentam escapar do velociraptor.

Mas, mesmo no que não é exatamente original, Alvarez cria algo com sua própria identidade. Muito disso se deve a Spaeny: a atriz, que está no grande ano de sua carreira com “Priscilla, Guerra Civil” e agora “Romulus”, sabe administrar o peso de uma protagonista de Alien. É cedo para dizer que é tão boa quanto a Ripley da veterana Sigourney Weaver, mas chega perto. Sua atuação mescla determinação, medo e desespero, mesmo em cenas absurdas.

Absurdo, aliás, é algo de que Alvarez parece não ter medo. Ao lado do outro roteirista, Rodo Sayagues, ele sente um pouco, é verdade, os limites impostos por uma franquia como Alien, o que fica claro na meia hora final.

Ainda assim, “Alien: Romulus” é claramente o melhor filme da franquia desde “Aliens: O Resgate”, de 1986. Se afasta da bobagem cômica de “Alien vs. Predador”. Não quer criar universos de forma forçada, não quer ser um filme em função de uma mitologia. Quer contar uma boa história. E divertir.

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