Animação "O Menino e O Mundo" reacende a esperança pelo Oscar

Animação "O Menino e O Mundo" reacende a esperança pelo Oscar

Filme concorre ao prêmio de melhor animação

AE e AFP

Diretor Alê Abreu vê filme como um grito no mundo da animação

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O Brasil está na disputa do Oscar com "O Menino e o Mundo", anunciado como um dos indicados a melhor animação em cerimônia nesta quinta-feira. O longa de Alê Abreu já deu a volta ao mundo desde o Festival de Annecy de 2014, na França, mas agora chega ao prêmio máximo do cinema.

Annecy é Cannes da animação e "O Menino e o Mundo" ganhou o Cristal, seu prêmio mais importante. Foi a segunda vez que o Brasil ganhou o grande troféu em Annecy - no ano anterior foi com "História de Amor e Fúria", de Luiz Bolognesi, que "quase" foi selecionado para o Oscar.

Talvez prevendo a tempestade - o telefone não parou de tocar em sua produtora desde que "O Menino e o Mundo" foi relacionado nas indicações para o prêmio da Academia -, Alê isolou-se no interior de São Paulo, sem celular. Mas acrescentou um post em sua conta do Facebook.

Agradeceu e disse algo mais: "Nosso filme nasceu como um grito sincero, de liberdade, de amor, um grito político, latino-americano. Mas, sobretudo, um grito contra o sufoco que a grande indústria cria aos potenciais artísticos, poéticos, e de linguagem da animação. E acho que este grito ecoou onde precisava ecoar".

Tomara que ecoe, pois "O Menino e o Mundo" concorre com pesos pesados da animação dos Estados Unidos. Fontes confiáveis garantem que Alê fez seu filme com cerca de 500 mil dólares. É quase nada, comparado ao orçamento de "O Bom Dinossauro", que está em cartaz nos cinemas brasileiros, exibindo uma produção de 200 milhões.

Na fase de pré-indicação, Alê dizia: "É a prova de que a animação brasileira existe". Tem existido desde os tempos em que Marcos Magalhães ganhou a Palma de Ouro do curta, em Cannes, com "Meow", em 1981, mas a vitrine do Oscar é mais vistosa e iluminada.

Os quatro concorrentes

O principal concorrente de "O Menino e o Mundo" no Oscar é "Divertida Mente", que humaniza em divertidíssimos personagens as emoções que se passam no cérebro de uma menina de 11 anos. A alegria (com voz de Amy Poehler), a tristeza (Phyllis Smith), o medo (Bill Hader), a ira (Lewis Black) e a repulsa (Mindy Kaling) fazem o que podem para que ela se mantenha feliz como sempre, mas novos sentimentos aparecem.

Também disputa na categoria "Shaun the Sheep Movie" (traduzido como 'Shaun, o Carneiro'), que embora aborde uma viagem à cidade grande, tem um tom totalmente diferente ao filme de Abreu. A curiosa coprodução franco-britânica, dirigida por Mark Burton e Richard Starzak, conta como um grupo de ovelhas (e um cão) que vão em busca do dono que, dormindo, sai rolando da fazenda em um trailer.

Também foi indicado "Anomalisa", um filme mais voltado para o público adulto, sobre um homem sem vontade de viver por estar preso à rotina (de Duke Johnson e Charlie Kaufman). O japonês "When Marnie Was There" ("Quando Marnie esteve lá", ainda sem tradução oficial no Brasil) completa a lista, falando sobre uma menina que é enviada para morar com familiares no campo e termina obcecada com uma mansão abandonada e com uma jovem que pode não ser real.

Brasil no Oscar


"O Menino e o Mundo" será a presença do Brasil na 88º Oscar, cuja noite de premiação ocorre em 28 de fevereiro, no Kodak Theatre, em Los Angeles. Ao longo da história, outros nomes nacionais também passaram pela cerimônia.

O país concorreu a filme estrangeiro com os irmãos Barreto - Fábio, em 1995, com "O Quatrilho"; Bruno, com "O Que É Isso, Companheiro?", dois anos mais tarde - e com Walter Salles em 1998, com "Central do Brasil", pelo qual até Fernanda Montenegro foi indicada para melhor atriz. Outro filme de Salles, "Diários de Motocicleta", venceu o prêmio de canção em 2005, mas o cantor e compositor de "Al Otro Lado del Río" era o uruguaio Jorge Drexler.

Em 2012, os compositores brasileiros Carlinhos Brown e Sérgio Mendes concorreram a melhor canção, por "Real in Rio", mas perderam para o tema do filme dos "Muppets". No ano passado, um diretor brasileiro, Juliano Salgado, codirigia com Wim Wenders o documentário "O Sal da Terra", sobre seu pai, o grande fotógrafo Sebastião Salgado, que disputava o prêmio da categoria. De novo, não deu.

Em 2001, Paulo Machline concorreu ao prêmio de curta com "Uma História de Futebol". E não se pode esquecer de Hector Babenco. Após o sucesso internacional de "Pixote, a Lei do Mais Fraco" - o longa ganhou prêmios importantes nos Estados Unidos -, Babenco dirigiu, em coprodução Brasil/EUA, "O Beijo da Mulher Aranha", e William Hurt venceu o Oscar de ator.

Na sequência, adaptou "Ironweed", do escritor William Kennedy. Jack Nicholson e Meryl Streep foram indicados para o Oscar. Não levaram, mas a reputação de grande diretor de Babenco já estava formada.

Assista ao trailer:


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