Animações criam "universo paralelo" no Oscar

Animações criam "universo paralelo" no Oscar

Com tecnologia e criatividade, cinema vai apontando novos rumos no mundo animado

Marcos Santuário

"Zootopia", de Byron Howard, com raposa esperta e vilanesco lobo como Xerife de Nottingham, se inspirou no Robin Hood, de1973

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A cerimônia de entrega dos Academy Awards terá, neste domingo, apresentação de Jimmy Kimmel e reunirá astros como Scarlet Johansson, Samuel L. Jackson, Gael Garcia Bernal e Leonardo Di Caprio. Todos presentes, “em carne e osso”, que serão vistos por aqueles que decidirem acompanhar e torcer pelo seu artista e filme favoritos na entrega do Oscar 2017.

Mas há um “universo paralelo” que anima a indústria e a imaginação na telona. São as animações, feitas em curta e longa metragem. Parte da premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas desde a quinta cerimônia, em 1932, os curtas-metragem (até 40 minutos, incluindo os créditos) mostram diversidade de técnicas e temas para revelar a imaginação de animadores. Primeiro dos norte americanos, depois, em 1952, do mundo todo (quando filmes feitos fora dos EUA passaram a fazer parte da competição). Nesta relação, temas e técnicas abrem um universo de infinitas possibilidades.

Comecemos por “Blind Vaysha”, a animação canadense, com o personagem do título tendo o poder de ver o passado com o seu olho esquerdo e o futuro com o olho direito, sendo incapaz de viver no presente. Quem narra a trama é a atriz Caroline Dhavernas, tanto em francês como em inglês. A direção é de Theodore Ushev e tem trilha do compositor búlgaro Kottarashky. Com técnicas de xilogravura adaptada para uma tela digital, o curta-metragem de oito minutos demorou seis meses para ficar pronto com cerca de 13 mil desenhos.

Outro indicado deste ano é “Borrewed Time”, dirigido pelos artistas da poderosa Pixar Andrew Coats (os mesmos de “DivertidaMente” e “Valente”) e Lou Hamou-Lhadj (de “Wall.e”, “Valente”, “Toy Story 3”). O curta mostra um xerife que volta ao local de um acidente que passou a vida tentando esquecer. São sete minutos que demoraram cinco anos para ficar prontos. Aqui um detalhe importante: o curta nasce de projeto da Pixar, que dá a seus animadores recursos para trabalhar em projetos independentes enquanto cuidam de projetos da casa. A trilha sonora é do aclamado compositor Gustavo Santaolalla (Oscar por “Brokeback Mountain” e “Babel”).

Segue a lista “Pear Cider and Cigarettes”, animação de 32 minutos baseada na relação do diretor e roteirista Robert Valley com um problemático amigo de infância chamado Techno Stypes. Sua missão é encontrá-lo na China e trazê-lo para Vancouver para que possa receber transplante de fígado. Exemplo de financiamento coletivo, além da indicação ao Oscar, recebeu o Annie Awards de Melhor Produção Especial Animada.

“Pearl”, dirigido por Patrick Osborne, tem seis minutos em 360º e trata de uma garota e seu pai na busca dos seus sonhos. História contada pela perspectiva do banco do passageiro do carro, acompanhado da música, o curta faz parte do Google Spotlight Stories, que cria narrativas de realidade virtual e levou três estatuetas no Annie Awards.

“Piper: Descobrindo o Mundo” é outra animação da Pixar, exibida antes de “Procurando Dory”, que mostra um passarinho que precisa superar o seu medo do mar para se alimentar sozinho. O diretor e roteirista Alan Barillaro observou pássaros enfrentando as ondas para se alimentar na praia de Emeryville, na Califórnia e criou a trama. Três anos depois tinha seus seis minutos de animação prontos, com novas tecnologias usadas para reproduzir em detalhes as penas dos pássaros.

Introduzida apenas em 2001, a categoria longas de animação considera como candidatos a estatueta filmes com mais de 40 minutos, sendo mais de 75% animado, em que um número significativo de personagens é criado quadro por quadro. Nesta categoria, a Pixar, que domina a categoria até agora, com oito prêmios em dez indicações, está de fora este ano. Entre os indicados está “Kubo e as Cordas Mágicas” que marca a quinta indicação do estúdio Laika. Feito em stop-motion, com direção de Travis Knight, mostra a jornada de Kubo para derrotar o seu maligno avô. Foi indicado, ainda, a Melhores Efeitos Visuais e foi segundo longa animado a conquistar o feito (o primeiro foi “O Estranho Mundo de Jack”, de 1993) e quase levou indicação na categoria de Melhor Figurino para Deborah Cook, que está indicada na categoria Filme de Fantasia no prêmio do Sindicato dos Figurinistas de Hollywood.

“Minha Vida de Abobrinha” é animação franco-suíça dirigida por Claude Barras que usa stop-motion para contar a história de um garoto envolto à vida em um orfanato. O filme de Barras foi o candidato suíço à vaga de Melhor Filme Estrangeiro, passando para a pré-seleção divulgada em dezembro. “A Tartaruga Vermelha” traz uma reunião realizada em 2008 entre Vincent Maraval, chefe da distribuidora Wild Bunch, e Hayao Miyazaki, co-fundador do Estúdio Ghibli, deu origem a animação. Miyazaki mostrou para Maraval o curta-metragem “Father and Daughter” (vencedor do Oscar em 2001) e pediu que ele procurasse o diretor Michaël Dudok de Wit com a proposta de coprodução de um longa-metragem. Sem diálogos, a trama trata sobre um homem perdido em uma ilha deserta e que tem sua realidade transformada pelo aparecimento de uma estranha tartaruga. Animação já ganhou o Annie Awards de Melhor Animação Independente.

Festejado nas telas, “Zootopia: Essa Cidade é o Bicho” de Byron Howard (diretor de “Bolt: Supercão” e “Enrolados”), surgiu inspirado por Robin Hood (1973), a versão da Disney para a história clássica estrelada por uma raposa esperta e um vilanesco lobo como Xerife de Nottingham. Ao lado dos diretores Rich Moore e Jared Bush, e com a supervisão de John Lasseter, o filme conta a história da raposa Nick Wilde e da coelha Judy Hopps, dois inimigos naturais que precisam superar preconceitos e unir forças para desvendar mistério na cidade de Zootopia.

Para fechar a relação dos longas animados que podem levar a estatueta pra casa está “Moana: Um Mar de Aventuras”. A animação traz os veteranos Ron Clements e John Musker (de “A Pequena Sereia” e “Aladdin”, “Hércules”) em seu primeiro trabalho em computação gráfica. O estudo, iniciado em 2011, resultou na jornada de Moana e do semideus Maui em busca de lendária ilha pelos mares do Pacífico. Os embalos sonoros de “Moana”, podem levar prêmio também, pois “How Far I’ll Go” está indicada na categoria de Melhor Canção. Mas, fique atento às músicas de Lin-Manuel Miranda.

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