Arte & Agenda

Após mostra em Porto Alegre, projeto fotográfico “Memorial das Águas” segue para Pelotas

Exposição “Gratidão” abre neste sábado, dia 25, no Largo do Mercado, reunindo imagens de 26 fotógrafos

Em maio do ano passado, a enchente deixou um terço de Pelotas debaixo d’água, devido ao aumento do nível da Lagoa dos Patos
Em maio do ano passado, a enchente deixou um terço de Pelotas debaixo d’água, devido ao aumento do nível da Lagoa dos Patos Foto : Nilton Santolin / Divulgação / CP

Após transformar a Praça da Alfândega, em Porto Alegre, em uma galeria a céu aberto ao longo de três meses, convidando a comunidade a refletir sobre os impactos da enchente que assolou o Rio Grande do Sul em 2024, o projeto “Memorial das Águas – Reconstrução e Solidariedade” chega a Pelotas.

Visando transformar lembranças em legado e dor em inspiração para o futuro, a exposição fotográfica “Gratidão” será aberta neste sábado, dia 25, a partir das 15h, no Largo do Mercado Público Municipal, podendo ser conferida até 20 de novembro, diariamente, ao longo de 24h.

Na capital gaúcha, as coletivas "Voluntariado" (12 de julho a 7 de agosto), "Resiliência" (9 de agosto a 11 de setembro) e "Conscientização" (13 de setembro a 9 de outubro) foram um testemunho visual da força do povo gaúcho, que na maior catástrofe climática que atingiu o Estado empenhou uma enorme onda de cooperação e resistência, em meio à adversidade.

Pelas lentes de 80 fotógrafos - amadores e profissionais – foram revisitados os momentos de dor, os resgates heroicos, a dedicação incansável dos voluntários e os primeiros passos rumo à reconstrução. Cada imagem exposta não apenas documentou um período crítico, mas também provocou emoção, questionamento e inspiração, cumprindo o propósito de transformar o luto em legado e a memória, em permanência.

Segundo a organização, durante 90 dias, mais de 100 mil pessoas visitaram a galeria ao ar livre, interagindo com as 240 fotografias expostas nas três mostras. A ampla cobertura da imprensa e o alcance digital — superior a 200 mil visualizações nas redes sociais — ampliaram o impacto do projeto, reafirmando a relevância da arte como meio de diálogo entre a população e seu próprio tempo.

Gratidão

Em maio do ano passado, a enchente deixou um terço de Pelotas debaixo d’água, devido ao aumento do nível da Lagoa dos Patos, pelas águas que desceram de Porto Alegre e outras regiões gaúchas. A cidade receberá o projeto que levará arte, reflexão e esperança, na visão de 26 fotógrafos, da mostra “Gratidão”.

Participam: Beto Rodrigues, Carolina Leipnitz, César Roos, Cláudia Bento Alves, Cris Mattos, Erick Gabriel Pereira, Fábio Mariot, Gilberto Klar Renner, Gilberto Perin, Guilherme Tavares, Gustavo Vara, Gustavo Bizarro, Igor Sobral, Italo dos Santos, Jorge Lansarin, Jorge Leão, Juliano Verardi, Lucian Brum, Maria H. Guaragni, Natalia D. Henkin, Nilton Santolin, Nina Pulita, Paulo Paim, Paulo Rossi, Pedro Stahnke e Rafael M. Sgari.

Nas imagens, os resgates em botes de salva vidas ou barcos, feitos tanto pela Defesa Civil quanto por populares; a força-tarefa montada para distribuição de alimentos; vistas aéreas de grandes áreas alagadas; cenários que fazem parte de nosso cotidiano submersos; animais sendo auxiliados ou vendo atônitos suas casas abandonadas; o olhar atento de voluntários a quem permaneceu em sua casa, após todos à volta terem saído; o lixo acumulado; a lama presente nas ruas, casas e objetos; as memórias perdidas, em fotos e documentos molhados e a posterior tentativa de recuperação. E os voluntários em prontidão para uma jornada incansável de resgate de pessoas e animais; a limpeza das ruas; o abraço reconfortante; a fé inabalada, mesmo com a perda de (quase) tudo e o reflexo das águas mostrando que a beleza pode estar presente mesmo no caos.

Para a secretária de Cultura de Pelotas, Carmem Vera Roig, “a exposição Memorial das Águas é um gesto de memória e esperança que celebra a solidariedade, a resiliência e a reconstrução após as enchentes de 2024. A mostra transforma dor em arte e homenageia a força do povo gaúcho. O projeto reafirma o papel da cultura na preservação da memória e na reconstrução coletiva dos territórios e dos afetos”.

Conhecido por seus projetos curatoriais a céu aberto com forte impacto social e estético, o idealizador e coordenador da iniciativa, Marcos Monteiro, propôs um modelo de exposição pública integrada à vida urbana. Ele criou em 2021, a Galeria Escadaria no Viaduto Otávio Rocha, cartão-postal de Porto Alegre, onde promovia a mostra Street Expo Photo entre outras 40 mostras nacionais e internacionais no período. Com as obras de restauração, o espaço expositivo migrou para o Pier do Gasômetro, fortemente danificado pela enchente do ano passado. Suas estruturas metálicas foram reaproveitadas para as coletivas e o projeto, com bases formadas por pedras do Lago Guaíba, numa homenagem à força da natureza e à resistência dos afetos.

“Ao receber as duas últimas exposições do projeto Memorial das Águas, Pelotas reafirma seu papel de destaque no circuito cultural do RS, tornando-se o cenário simbólico da transformação onde a dor inspira arte, a lembrança renasce em esperança e a consciência floresce no amadurecimento social”, declara o curador.

Inscrições abertas

De 22 de novembro a 20 de dezembro, a cidade será palco da última exposição do Memorial das Águas, “Retomada”, cujas inscrições estão abertas para fotógrafos maiores de 18 anos, até o 24 de outubro. Elas devem focar questões que representam a memória de forma poética, documental ou simbólica, remetendo a questionamentos, emoções e inspirações. Interessados devem preencher o formulário. Mais informações no site oficial do projeto.

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