As crianças são movidas
pelas hélices dos sonhos.
Suas palavras têm pétalas
e o sorriso detém o perfume
das flores recém-colhidas.
As crianças transitam
por aconchegantes países:
o colo da mãe
e os ombros do pai.
O raciocínio delas dança
com a imaginação
pelas alamedas da fantasia.
E conversam, de igual para
igual, com os passarinhos.
A Constituição lhes assegura
o sagrado direito
de subir em árvores,
pintar a boca dos verbos
e atar uma pandorga
na gravata dos burocratas.
Quando as crianças estiverem
falando sozinhas,
não interrompa.
Elas estão tramando roteiros
com o anjo da guarda.
Se um infante o convidar
para fazer travessuras,
não perca a oportunidade.
Talvez seja sua última chance
de voltar a ser criança.