"Assassinos da Lua das Flores", a história universal de Scorsese sobre "choque de culturas"

"Assassinos da Lua das Flores", a história universal de Scorsese sobre "choque de culturas"

Pré-estreia do filme ocorreu em Nova York ontem

AFP

Cineasta Martin Scorsese em première em Nova York

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O filme "Assassinos da Lua das Flores", cuja pré-estreia aconteceu na noite de quarta-feira (28) em Nova York, fala sobre as mortes de ameríndios há cem anos nos Estados Unidos. A história "milenar" e universal é um "choque de culturas", disse o cineasta Martin Scorsese à AFP.

Durante a noite de tapete vermelho no Lincoln Center, em Manhattan, o escritor americano David Grann, cujo livro homônimo foi adaptado para o cinema por Scorsese, disse à AFP que "Assassinos da Lua das Flores" denuncia os "crimes genocidas" cometidos no início do século XX por americanos brancos contra os povos nativos.

Apresentado em maio fora de competição no Festival de Cannes, a obra cinematográfica conta com 3h26min de duração.

O elenco desta produção milionária, que custou US$ 200 milhões (R$ 994,2 milhões), conta com Robert De Niro e Leonardo DiCaprio.

O filme deve chegar aos cinemas dos Estados Unidos em 20 de outubro, antes de ser disponibilizado na plataforma Apple TV+.

- Tribo Osage, rica em petróleo -

O novo filme de Scorsese conta o que aconteceu no início da década de 1920 nas terras do povo Osage, em Oklahoma, região central dos Estados Unidos, após a descoberta do petróleo - acontecimento que trouxe riqueza ao povo, mas também destruição.

Leonardo DiCaprio interpreta Ernest Burkhart, um homem apaixonado por uma indígena interpretada por Lily Gladstone, que se vê no meio de uma trama arquitetada pelo magnata do gado William Hale (interpretado por De Niro), ansioso para aumentar sua fortuna com petróleo.

Um agente do FBI, interpretado por Jesse Plemons, fica encarregado de solucionar uma série de mortes estranhas entre a população nativa.

"Trata-se de um choque de culturas, de um mal-entendido mútuo, de um sentimento de direito", explicou Scorsese, de 80 anos.

O cineasta nova-iorquino de origem italiana, que se descreve como "euro-americano", afirmou que "os americanos lá (em Oklahoma) eram principalmente europeus".

A violência e os assassinatos reportados no filme "podem ocorrer hoje em qualquer lugar do mundo. É uma história que se perpetua ao longo dos séculos", afirmou o cineasta, que filmou a superprodução nas pradarias de Oklahoma, com a participação de quase 40 indígenas da tribo Osage.

O jornalista e escritor da revista cultural The New Yorker, David Grann, conta que tanto seu livro, publicado em 2017, quanto o filme de Scorsese contam "a história de um dos mais monstruosos crimes e injustiças raciais perpetrados por colonos brancos contra os povos indígenas pelo dinheiro do petróleo".

"Quando a ganância se mistura com a desumanização de outros povos, leva a estes crimes genocidas", indicou o escritor.

Grann acredita que a história e o destino dramático da tribo Osage foram "em grande parte apagados da consciência coletiva" americana.

"Não foi ensinado em nenhum dos meus livros escolares, nunca aprendi", lamentou em conversa com a AFP.

Ao seu lado no tapete vermelho, o chefe da tribo Osage, Geoffrey Standing Bear, denunciou que tanto o "povo Osage quanto outros povos indígenas tiveram uma vida muito difícil por 500 anos".

"E o filme mostra que isso ainda está acontecendo", acrescentou.

Segundo dados oficiais, nos Estados Unidos existem hoje cerca de 6,8 milhões de indígenas "nativos" ou "autóctones" - 2% da população.

Desde 2021, por decreto do presidente democrata Joe Biden, o país comemora toda segunda segunda-feira de outubro o "Dia Nacional dos Povos Indígenas".

 


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