Audiência-chave do caso Weinstein é fechada para a imprensa, que apela
Promotora estimou que era necessário proteger a confidencialidade das acusadoras que poderiam sentar no banco das testemunhas
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Uma audiência-chave anterior ao julgamento de Harvey Weinstein começou nesta sexta-feira a portas fechadas, apesar do protesto de vários meios americanos que apelarão desta decisão ante um juiz de Nova York.
A audiência é importante para este processo emblemático do movimento #MeToo: permitiria determinar se várias mulheres que acusaram o famoso produtor de Hollywood de agressão sexual serão autorizadas a testemunhar no julgamento que começa em 3 de junho, além das duas mulheres que o denunciam ante a justiça. Qualquer testemunho adicional de supostas vítimas, além do das duas acusadoras, pode aumentar as chances de condenação do produtor de cinema de 67 anos.
Tanto a promotora como os advogados da defesa pediram que a audiência fosse fechada à imprensa e ao público. A promotora, Joan Orbon-Illuzzi, estimou que era necessário proteger a confidencialidade das acusadoras que poderiam sentar no banco das testemunhas. Alguns nomes poderiam ser mencionados no tribunal pela primeira vez. Os advogados de Weinstein destacaram que a difusão dos nomes destas mulheres e suas acusações contra Weinstein prejudicariam o direito de seu cliente a um processo justo.
Mas um advogado que representa 13 meios de comunicação, entre eles The New York Times e The New Yorker, que em outubro de 2017 publicaram as primeiras acusações contra Weinstein, argumentou que a audiência deve ser aberta em nome da liberdade de imprensa. O advogado afirmou que a maioria das acusações contra Weinstein já foram amplamente difundidas na imprensa e nas redes sociais.
O juiz James Burke estimou, no entanto, que não há um "método alternativo" para proteger os direitos da defesa e a confidencialidade das mulheres envolvidas, e decidiu que a audiência seria a portas fechadas. O advogado dos meios, Robert Balin, disse à AFP que recorrerá imediatamente da decisão.
Desde outubro de 2017, mais de 80 mulheres acusaram publicamente Weinstein de tê-las estuprado, agredido sexualmente ou assediado, entre elas celebridades como Ashley Judd, Angelina Jolie e Salma Hayek. Mas o produtor só foi acusado formalmente de duas agressões - uma felação forçada em 2006 e um estupro em 2013 -, já que as outras acusações eram antigas demais e os delitos prescreveram.