Batman mostra faceta mais humana em novo filme
Herói volta do exílio e enfrenta novo vilão
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Este deve ser o adeus, também, de Christian Bale como intérprete do herói. Eleito por Nolan para ser o novo rosto da franquia que começou em 2005 com "Batman Begins", a representação do ator como o bilionário Bruce Wayne foi fundamental para o êxito dos longas-metragens. A sequência de 2008, "O Cavaleiro das Trevas", solidificou Bale na posição e "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge" promete ser a consagração do papel.
Herói das HQs, o Homem-Morcego já foi estrela de desenho animado, séries de televisão e diversas adaptações para o cinema. Uma eleição da revista Comic Heroes revelou que o personagem superou Homem-Aranha e Super-Homem na preferência do público. As jornadas do septuagenário já foram escritas e reeditadas por dezenas de roteiristas, cartunistas e cineastas. O que conduz à afirmação de que o Homem-Morcego possui diferentes facetas a cada nova revista em quadrinhos e adaptação cinematográfica.
Sem poderes sobrenaturais: apenas força, inteligência e dinheiro
O personagem foi criado em 1939 pelos cartunistas Bob Kane e Bill Finger, após um pedido da editora por novos personagens parecidos com o Super-Homem, astro daquele ano. O herói foi então idealizado como o herdeiro milionário órfão Bruce Wayne, que presencia o assassinato dos pais cometido por um assaltante. Revoltado, ele cresce treinando seu corpo e mente para combater o crime. Ao invés de se tornar um policial, Wayne se transforma em um vigilante mascarado, que usa sua força, inteligência e a tecnologia que seu dinheiro pode comprar para alcançar seu objetivo.
“Batman é um homem que vive num universo fantasioso de seres superpoderosos e decide combater o crime sem absolutamente nenhum poder. A origem do herói é muito interessante nesse ponto, porque ao contrário do Super-Homem, Lanterna Verde ou Flash, ele treinou seu corpo à perfeição. Domina uma dúzia de artes marciais diferentes, sabe todos os pontos fatais do corpo, conhece técnicas e táticas de assalto, lutas e guerra. Batman foi criado para ser um personagem da ficção com o qual os leitores podiam se identificar”, opina o publicitário Marco Lazzarotto, de 33 anos, fã e leitor de quadrinhos desde os sete.
As primeiras publicações apresentavam Batman como uma figura mais infantil e menos nebulosa. A característica de cartoon reforçava essa tendência. Na adaptação para o cinema, a história foi apresentada em um mundo fantasioso criado por Tim Burton em “Batman” (1989) e “Batman, O Retorno” (1992). Vivido pelo ator Michael Keaton, o personagem tinha uma postura mais austera, apesar da característica estilizada, influência particular de Burton. E ele era o foco de toda a trama. “Nos filmes de Tim Burton e Joel Schumacher, a história toda se rendia ao ator que interpretava o Batman. Ali, a força do herói era o centro da história”, acredita o editor de cultura do Correio do Povo, Marcos Santuário.
Depois de Burton, a direção da saga passou para Joel Schumacher e o tom obscuro do personagem foi ainda mais reduzido. Em “Batman Eternamente” (1995) o protagonista foi interpretado por Val Kilmer. Priorizando cenas de ação, a atuação não agradou e o papel foi transferido para George Clooney no longa-metragem seguinte, “Batman e Robin” (1997). Entretanto, o desempenho também foi reprovado pela maioria dos espectadores e críticos.
Christian Bale dá vida a um Batman mais humano
Em 2005, Christopher Nolan deu início à retomada e à recriação do Homem-Morcego para o cinema. O ator conseguiu imprimir ao papel um indivíduo complexo, sombrio e mais humano que os anteriores. “Christian Bale deu vida a um personagem que comprovou que qualquer um pode ser um super-herói. Porque o próprio Batman é um ser humano comum, sem superpoderes”, define Santuário.
“Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge” começa oito anos depois da morte do promotor público Harvey Dent, ocorrida no filme anterior. O herói se mantém em exílio, quando a paz parece ter sido instalada em Gotham City. Entretanto, uma nova ameaça começa a levar perigo à cidade pelas mãos de Bane. A aparição do vilão obriga Bruce Wayne a vestir a roupa de Homem-Morcego e voltar à cena justamente quando outra personagem cruza o caminho. Trata-se da ladra Selina Kyle, a Mulher-Gato, personagem de Anne Hathaway.
“Batman surge ainda mais humano. E é o vilão Bane, caracterizado pela brutalidade, que faz com isso aconteça. Antes o herói tinha perdido o medo da morte. Agora, o antagonista traz esse sentimento de volta ao Batman”, explica. “Nolan mostra para o espectador que Gotham City é uma cidade corrupta, por exemplo, igual a várias cidades de verdade do mundo. A franquia dele é ousada e mostra conflitos humanos”, concorda André Kleinert, autor de “A Enciclopédia dos Quadrinhos” e membro da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul.
Ao comparar o novo comportamento com as facetas anteriores do Homem-Morcego, Marcos Santuário ressalta que na trilogia de Nolan o protagonista não é somente o personagem principal. “Os elementos e personagens da trama se completam. O ambiente criado em Gotham City forma a personalidade do Batman de Christian Bale: sombrio, mas nada de especial, porque ele é um ser humano”, descreve.
Além de Hardy e Hathaway, o elenco de novatos na saga inclui ainda Marion Cotillard e Joseph Gordon-Levitt. Reprisando seus papeis no filme estão Michael Caine como o mordomo Alfred, Gary Oldman como o comissário Gordon e Morgan Freeman como Lucius Fox.
Assista ao trailer de “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge”:
