Biógrafo 'sortudo' de ‘Oppenheimer’ torce por vitória no Oscar

Biógrafo 'sortudo' de ‘Oppenheimer’ torce por vitória no Oscar

Kai Bird, autor do livro utilizado pelo diretor Christopher Nolan para o filme, tem autografado pelo mundo

AFP

Filme 'Oppenheimer", dirigido por Christopher Nolan, concorre ao 11 estatuetas no Oscar

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Kai Bird acabou de voltar do Festival Literário de Jaipur, onde autografou várias cópias de seu livro "Oppenheimer", que inspirou o filme, para jovens indianos que torcem para a obra ser a grande vencedora do Oscar.

"Oppenheimer: O Triunfo e a Tragédia do Prometeu Americano", biografia do pai da bomba atômica, ganhadora de um Pulitzer, foi o livro utilizado pelo diretor Christopher Nolan, que arrecadou quase US$ 1 bilhão (R$ 4,9 bilhões) em bilheteria mundial e dominou a temporada das premiações de Hollywood.

"É realmente um fenômeno impressionante", disse Bird à AFP. "Devo ser o biógrafo mais sortudo do planeta", acrescentou.

Bird trabalhou com Martin Sherwin, falecido em 2021, na biografia de 720 páginas sobre a vida de J. Robert Oppenheimer, um homem considerado herói americano antes de sofrer uma humilhação pública avassaladora.

O filme de Nolan foi a quarta tentativa de levar a história dramática para o cinema. Outros projetos não conseguiram convencer os executivos dos estúdios de Hollywood, que viam o material como muito difícil, polêmico ou complicado, de acordo com Bird.

"Olhando retrospectivamente, estou feliz, porque veio Nolan. E ele fez algo que acredito ser bastante especial", defendeu. O atual sucesso foi baseado no livro de 2005, chegando a usar linhas de diálogo inteiras.

Bird participou do processo de adaptação. Em 2021, se encontrou com Nolan para tomar chá em Nova York.

Seis meses antes, o diretor havia recebido o livro, escrito um roteiro e estava pronto para viajar à Irlanda a fim de apresentar o projeto ao protagonista, Cillian Murphy. Depois, Bird visitou o set no Novo México, onde conheceu o protagonista durante as filmagens.

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"Cuidado"

Mesmo com três horas de duração, a história audiovisual não consegue abranger todas as informações de um trabalho exaustivo que levou 25 anos de pesquisa e escrita.

Bird e Sherwin abordam a rica infância de Oppenheimer, que morava em um luxuoso apartamento decorado com obras de Picasso, Cézanne e Van Gogh, em Nova York.

Com pouco mais de 20 anos, Oppenheimer sofreu várias crises depressivas que levaram a pensamentos suicidas. Passou a maior parte de seus últimos doze anos de vida em uma casa de praia no Caribe.

Para Bird, entretanto, o filme se concentra astutamente em vários temas "atuais" que surgem da trajetória trágica de Oppenheimer.

"Até as gerações mais jovens, ao assistirem ao filme, entendem que eles e seus pais se tornaram tolerantes demais vivendo com a bomba", explica.

Ele acredita também que a situação polarizada da atual política americana tem suas raízes nas perseguições macarthistas dos anos 1950 - que acabaram com os supostos simpatizantes do comunismo, incluindo Oppenheimer.

O advogado mentor de Donald Trump, Roy Cohn, era conselheiro-chefe do senador criador do macarthismo, Joseph McCarthy, destacou Bird, dizendo existir "uma conexão entre os dois".

"Em parte, é exatamente o que aconteceu com Oppenheimer em 1954, quando foi humilhado e destruído como um intelectual público porque usava sua experiência científica para se manifestar", disse Bird.

"Isso envia uma mensagem aos cientistas em todos os lugares. 'Cuidado ao sair da sua limitada área de especialização'".

Oscar

No domingo, dia 10 de março, Bird e sua esposa irão comparecer ao Oscar em Hollywood. Eles estarão torcendo para a produção em suas 13 indicações, mas especialmente na categoria de melhor roteiro adaptado.

Se "Oppenheimer" ganhar o prêmio de Melhor Filme, como é esperado, Nolan pode reiterar em seu discurso que, em sua opinião, o físico foi a pessoa mais importante que já existiu.

"Quando ouvi Nolan dizer isso pela primeira vez, pensei 'Bem, é um pouco de propaganda para o filme'", sorri Bird.

Mas "Oppenheimer nos deu a era atômica, ele simboliza essa era que ainda estamos vivendo", disse o autor. "Sempre viveremos com a bomba. Nesse sentido, ele é realmente a pessoa mais importante que já existiu".


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