Bienal do Mercosul: satélite passa por Porto Alegre antes de ser lançado ao espaço em 2023

Bienal do Mercosul: satélite passa por Porto Alegre antes de ser lançado ao espaço em 2023

Criado pelo artista Edson Pavoni, o satélite estará exposto no Farol Santander e terá um QR Code, carregado de bilhões de nomes

Correio do Povo

Edson Pavoni com "Templo Orbital", satélite com peso de 245g, questiona a colonização simbólica do céu como paraíso e expande o debate sobre o acesso a tecnologias espaciais

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O artista e tecnologista paulista Edson Pavoni criou um satélite que vai para o espaço em fevereiro de 2023. Antes a obra “Templo Orbital” poderá ser vista de perto no Farol Santander, durante a 13ª Bienal do Mercosul, com realização 15 de setembro a 20 de novembro.

O satélite terá um QR Code, no qual as pessoas vão poder colocar os nomes de seres sencientes falecidos, humanos e não-humanos (animais), para fazer essa viagem espacial. Em fevereiro de 2023, o satélite, que pesa aproximadamente 245g e é feito com PCBs, será lançado pelo foguete Falcon9 da SpaceX, orbitando o planeta por quase dez anos. 

Templo Orbital 

O satélite mede 5cm x 5cm x 30cm, pesa aproximadamente 245g e é feito com PCBs, componentes eletrônicos e luz de LED. Já a antena tem 120 cm de diâmetro, cerca de 2 cm de altura e pesa 5kg. Além do satélite e da antena, a escultura é composta por um website. A obra será lançada pelo foguete Falcon9 da SpaceX, orbitando o planeta por cerca de dez anos, carregada de bilhões de nomes.

A obra “Templo Orbital” foi selecionada pelo Lumen Prize 2022 – Futures Award e venceu na categoria ArtSat do Prêmio CubeDesign 2021, promovido pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE).

Questionamentos de Edson Pavoni

Qual o motivo do QR Code com os nomes de quem irá viajar pelo espaço. “Pode não ser algo constante na mente, mas as nossas crenças sobre o que acontece após a morte moldam o nosso dia a dia. Essas crenças estão na nossa cultura e até nas nossas leis. E se a nossa ideia em comum de paraíso fosse radicalmente mais inclusiva? Quão diferente seria a vida na Terra?", diz.  Esse ‘imaginário’ , levou Pavoni à criação de um templo no espaço, que encoraja a questionar a colonização simbólica do céu como paraíso, a origem das regras que abrem os fecham seus portões e a influência que essas crenças têm nas decisões que tomamos todos os dias.

Debate sobre como o acesso a tecnologias espaciais

"Templo Orbital ainda busca expandir o debate sobre como o acesso a tecnologias espaciais pode ser uma ferramenta para reduzir a desigualdade no Sul Global e para ajudar a lutar contra ameaças compartilhadas, como a crise climática global, preservando o mundo que de fato ainda temos”, explica Pavoni.

A antena que estará em comunicação direta com o satélite em órbita é também uma escultura de larga escala, que poderá ser instalada em qualquer lugar do mundo. Com uma superfície dourada e refletiva, espelhado o céu acima, é um ponto de partida para discussões aprofundadas sobre a nossa relação com a exploração do espaço sideral, sobre a vida após a morte e sobre o papel da arte em moldar novos imaginários para um futuro em constante transformação.

Tecnologia 

A tecnologia desenvolvida para a missão “Templo Orbital” será open source (código aberto) e estará disponível em português, inglês e espanhol, incentivando o avanço da exploração espacial pelo Sul Global. Novas missões e projetos podem usar a obra como base para desenvolver seus próprios experimentos artísticos ou científicos. Todas as emissões de carbono serão neutralizadas, incluindo as do lançamento e de fabricação do satélite. Com plano de reentrada de uma década, o objeto não deixará nenhum rastro material no espaço.

Edson Pavoni

Edson Pavoni (São Paulo, 1984) é artista e tecnologista brasileiro que propõe imaginários sensíveis para a relação entre tecnologia e humanidade. Sua prática inclui a criação de instalações públicas e interativas em escala arquitetônica, fotografia, poesia e plataformas digitais colaborativas. Em 2013, sua instalação "A Place do Departure" rompeu o Grande Firewall da Internet, na China, e conseguiu conectar as pessoas de Pequim e São Paulo.

Com trabalhos em exposição permanente em espaços públicos da cidade de São Paulo, Pavoni está também no Museu Ludwig de Arte Contemporânea em Budapeste, com Invisible Blue (2020), uma instalação de luz feita em colaboração com o cientista Albert-Laszlo Barabási.


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