Estado Maior da Restinga abre os desfiles no Porto Seco

A expectativa de quem veio ao Porto Seco é de uma festa de carnaval típica de Porto Alegre: muita alegria, samba no pé e fantasias que retratam com perfeição o tema de cada escola. A primeira a entrar na avenida foi a Estado Maior da Restinga, que abriu os trabalhos na avenida por volta das 23h30min desta sexta.

Clara Gabriela dos Santos Silveira, de 16 anos, desfila no carnaval desde os 13. Este foi o terceiro ano pela Restinga, sua escola do coração, onde desfilou na Ala da Folia. "Estou muito nervosa, parece que é a minha primeira vez", contou um pouco antes de entrar na avenida. Deficiente física, Clara não vê obstáculos para nada na vida. Com uma fantasia amarela, cheia de penas, ela desfilou acompanhada da prima, Marcela. "Ninguém nunca me discriminou na escola de samba. Eu amo isso aqui", orgulha-se.

A mãe de Clara, Naira, disse que a filha sofreu uma hidrocefalia, o que a impossibilitou de caminhar desde o nascimento. "Ela faz tudo normal: vai à escola, curte shows, não tinha razão para ela não desfilar", conta a mãe, que também admite que é difícil fugir do preconceito. "Às vezes as pessoas não entendem", lamenta.

Janaína de Assis, 32 anos, acompanhou na arquibancada o desfile da Restinga. Junto com a afilhada e do marido, Lucas Espídola, viu de perto a sogra e a irmã, que desfilaram pela primeira vez pela Restinga. "O nenê foi o único que ficou em casa, com a minha mãe", disse sem esconder a alegria de mais um carnaval.

Para João Carlos Maria da Silva, uma das vozes de apoio de Renan Ludwig, da Restinga, a noite é de comemoração. O samba enredo da escola fez uma homenagem a Torres. "O tema é discutido há uns dois anos, mas começamos os trabalhos em março", conta.