Celebração para Oliveira Silveira

A Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ) inaugura nesta terça-feira, às 19h, o Espaço Oliveira Silveira. O poeta, professor, pesquisador e ativista gaúcho, idealizador da data de 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra, já era homenageado na CCMQ, dando nome a uma sala do complexo cultural, e agora passa a denominar um amplo espaço multiuso no quinto andar da instituição (Rua dos Andradas, 736), Centro Histórico de Porto Alegre.
O ato de inauguração do Espaço Oliveira Silveira vai ser marcado pela abertura da exposição “Praça da Palavra”, organizada pela artista visual Pamela Zorn, com apoio de toda a equipe da CCMQ. Participam da mostra, como consultoras e responsáveis pelo texto de apresentação, Sátira Machado, professora e amiga pessoal de Oliveira, e Naiara Silveira, filha única do escritor.
A exposição faz um resgate de cunho afetivo ao reunir documentos e objetos pessoais de Oliveira Silveira, projeções de manuscritos e fotografias do acervo particular do autor. A vernissage de “Praça da Palavra” conta com uma apresentação do Grupo Desagravo, que interpreta musicalmente a obra do poeta da consciência negra brasileira. A visitação poderá ser feita diariamente, das 10h às 20h.
A artista visual Pamela Zorn, organizadora da exposição, destaca que para além de resgatar riquíssimos arquivos pessoais, fotografias e manuscritos, a mostra traz um recorte afetivo sobre o poeta e seu universo. “É uma alegria e uma imensa honra para mim, enquanto artista visual, mulher negra e trabalhadora da CCMQ, me envolver com a obra e a vida de Oliveira Silveira. Falar sobre vidas negras partindo do lugar do afeto é, por si só, um ato de subversão em um sistema que nos violenta e diariamente apaga nossas existências. Conhecer e ter consciência da própria história, e o direito à memória de Oliveira, é o que buscamos nesse projeto”, assinala Pamela. A visitação pode ser feita diariamente, das 10h às 20h. Entrada franca.<VS10.5>
BIOGRAFIA. Oliveira Ferreira da Silveira nasceu em 1941 na zona rural de Rosário do Sul, filho de Felisberto Martins Silveira, branco brasileiro de pais uruguaios, e de Anair Ferreira da Silveira, negra brasileira. Graduado em Letras – Português/Francês com as respectivas literaturas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), foi um dos criadores do Grupo Palmares, de Porto Alegre, associação que reunia militantes e pesquisadores da cultura negra brasileira. Idealizador do Dia Nacional da Consciência Negra, em 1971, ano da fundação do Grupo Palmares, Oliveira Silveira propôs uma data que celebrasse o valor e a fundamental contribuição da comunidade negra ao país.
O Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de novembro, é a data atribuída à morte de Zumbi dos Palmares, no ano de 1695. Foi inicialmente proposto pelo Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial (MNUCDR), em 1978. Em 2003, a efeméride passou a ser incluída no calendário escolar até ser oficialmente instituída em âmbito nacional pela Lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011.
Oliveira Silveira, publicou dez títulos individuais de poesia (Pêlo escuro, Roteiro dos tantãs e Poema sobre Palmares, entre outros) e participou de antologias e coletâneas no país e no exterior. Na imprensa, publicou artigos, reportagens, contos e crônicas, além de ter participado com artigos e ensaios em obras coletivas. O poeta, pesquisador, escritor e ativista morreu em 1º de janeiro de 2009, aos 68 anos. Postumamente ainda teve publicadas três coletâneas de seus escritos.

"Treze de maio traição,
liberdade sem asas 
e fome sem pão
Liberdade de asas quebradas”
Poema 'Treze de Maio', de Oliveira Silveira