Cinemateca Capitólio traz debate sobre o documentário “Gyuri” neste domingo

Cinemateca Capitólio traz debate sobre o documentário “Gyuri” neste domingo

A produção fala sobre a trajetória da fotógrafa Claudia Andujar com os Yanomami; sessão e debate acontecem a partir das 18h30min com as participantes Kerexú Takuá e Marília Kosby

Correio do Povo

A fotógrafa conta a história de seu primeiro beijo, o único que lhe deu o menino judeu Gyuri. Logo depois, ele e seu pai foram levados para Auschwitz. Ela, aos 90 anos, ainda guarda consigo a foto do menino e de seu pai

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A sessão e o debate sobre o documentário "Gyuri" acontecem neste domingo, dia 24, às 18h30min, na Cimenateca Capitólio (Rua Demétrio Ribeiro, 1085, Centro Histórico, Porto Alegre) e a programação completa pode ser conferida no site oficial (clique aqui).

A fotógrafa suíça Claudia Andujar, de 90 anos, atravessou a guerra na Hungria, fugiu da perseguição nazista em Viena e, depois de se exilar no Brasil, acolheu e foi acolhida pelos Yanomami, a quem dedicou grande parte de sua vida a salvaguardar. A ligação entre a artista de origem judia e a população indígena - que têm em comum a luta pela sobrevivência - está presente no documentário “Gyuri”, primeiro longa-metragem da diretora pernambucana Mariana Lacerda, foi lançado 7 de julho nos cinemas.

“Optei por viajar com o mínimo de equipamento possível e uma equipe que me fosse muito familiar, porque queria causar o menor impacto na aldeia e criar um ambiente de afeto entre todos. O filme tem o menino Gyuri enquanto espírito-guia, para contar como Claudia viu os nazistas ocuparem sua cidade e se despediu para sempre, aos 13 anos, de seu pai, deportado para Auschwitz. Seu exílio a trouxe ao Brasil, onde abraçou a causa yanomami e fez deste o seu povo, sua casa”, conta a diretora Mariana Lacerda.

Nos primeiros minutos do filme, exibido no 25º É Tudo Verdade - Festival Internacional de Documentários, Claudia narra em húngaro - com dificuldade - para o filósofo Peter Pál Pelbart cenas de sua infância e os horrores da Segunda Guerra Mundial.

 A fotógrafa conta a história de seu primeiro beijo, o único que lhe deu o menino judeu Gyuri. Logo depois, ele e seu pai foram levados para Auschwitz. Hoje com 90 anos, Claudia mostra a Pelbart que ainda guarda consigo a foto de Gyuri e de seu pai.

No segundo momento, o longa-metragem acompanha o reencontro de Claudia com os Yanomami, registrado pela diretora em 2018. No local, a fotógrafa é recebida pelo xamã, escritor e líder político Davi Kopenawa e pelo ativista Carlo Zacquini, missionário católico defensor dos povos originários. No filme, Kopenawa relata a admiração que sempre nutriu pela capacidade de Claudia em compreender a alma do outro. Em contraposição, critica o governo brasileiro, que nunca se importou com os indígenas.

Nos últimos quatro anos, os Yanomami sofreram diversos ataques do garimpo, agravado em 2020 com a Covid-19, levada pelo garimpo. Em abril de 2022, garimpeiros ilegais foram denunciados pelo estupro e morte de uma menina Yanomami. Em maio, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos solicitou à Corte Interamericana de Direitos Humanos uma intervenção de medidas provisórias para proteger os direitos à vida do povo Yanomami devido à "situação de extrema gravidade e urgência de danos irreparáveis aos seus direitos no Brasil".

“Gyuri” tem recursos do Rumos Itaú Cultural, do Prodecine e do Funcultura Audiovisual, além de contar com apoio do ISA - Instituto Socioambiental, Hutukara Associação Yanomami e Galeria Vermelho. O filme é produzido por Jaraguá Produções (de Carol Ferreira e Luiz Barbosa) e Bebinho Salgado 45 (de Mariana Lacerda, Flávia Lacerda e Marcelo Lacerda). A estreia nos cinemas está marcada para 7 de julho com distribuição da Descoloniza Filmes.

Sinopse

Uma linha geopolítica improvável entre a pequena aldeia húngara de Nagyvárad e a Terra Indígena Yanomami, na Amazônia brasileira. Judia, sobrevivente da Segunda Guerra, Claudia Andujar exilou-se no Brasil e dedicou a vida à salvaguarda dos povos Yanomami. Seu valioso acervo, sua militância incansável, seu passado de guerra e a vulnerabilidade atual dos indígenas são revistos por meio de diálogos de Andujar com o xamã Davi Kopenawa e o ativista Carlo Zacquini, com a interlocução do filósofo húngaro Peter Pál Pelbart.

Ficha Técnica
Direção: Mariana Lacerda
Gênero: Documentário
Duração: 1h28min
País: Brasil
Roteiro: Mariana Lacerda e Paula Mercedes
Montagem: Mariana Lacerda e Paula Mercedes
Direção de fotografia: Pio Figueiroa e Marcelo Lacerda
Som direto: Gustavo Fioravante
Finalização: O Grivo
Design: Joana Amador
Produção: Bebinho Salgado 45 e Jaraguá Produções
Distribuição: Descoloniza Filmes

Sobre a diretora

Mariana Lacerda é documentarista e Gyuri é o seu primeiro longa-metragem. Formada em jornalismo, é mestre em História da Ciência pela PUC-SP. Escreveu e dirigiu os filmes de curta duração Menino-aranha (2008/2009), A Vida Noturna das Igrejas de Olinda (2012), Pausas Silenciosas (2013), Baleia Magic Park (2015) e Deserto (2016, apara Aparelhamento, Ocupação Funarte/SP), vencedores de alguns prêmios interessantes e exibidos em festivais do Brasil, França, México, Lituânia e Portugal. Roteirista e diretora de quatro episódios das séries documentais para TV Expresso (Cine Brasil TV), e de um episódio de República da Poesia (Canal Curta, episódio Pagu, Musa Medusa), ambas com direção geral de Hilton Lacerda. Autora do livro Olinda (Bebinho Salgado 45/Cinemascópio 2015). Argumento, roteiro e direção da série documental para TV intitulada Histórias de Fantasmas Verdadeiros para Crianças, desenvolvida no Núcleo Criativo Cinemascópio, Recife (2016) e em fase de edição. Prêmio “melhor argumento” com o roteiro Gyuri, do primeiro RecLab, Recife, em 2016, projeto também selecionado pelo programa Rumos Itaú Cultural 2015/2016 e Funcultura 2016/2017.

Jaraguá Produções

Fundada em 2011, pelos produtores Carol Ferreira e Luiz Barbosa, a Jaraguá tem no portfólio projetos aprovados e executados nas áreas de audiovisual, música e artes plásticas, incentivados por patrocinadores como Petrobras, Caixa Cultural, Correios, Governo de Pernambuco, entre outros. Em 2017, lançou o primeiro documentário longa-metragem “Em Nome da América”, dirigido por Fernando Weller, vencedor de Melhor Documentário na Mostra de São Paulo. No mesmo ano, lançou os documentários “Prelúdio da Fúria”, média de Gilvan Barreto, realizado por meio do prêmio Itaú Rumos; e o telefilme “Pesado”, sobre a cena de Heavy Metal em Pernambuco, exibido na Globo Nordeste e TV Pernambuco. A produtora tem vários projetos em diferentes estados de execução. Tem cinco séries de documentários para TV em diversas fases de produção, sendo elas “Nova Cuba”, dirigida por Fernando Weller e Wilfred Gadêlha, “Ventos do Brasil”, de Leo Gandelman, “Histórias de Fantasmas Verdadeiros para Crianças”, de Mariana Lacerda, “Ao vivo na Várzea – 2ª Temporada”, de Pablo Lopes, “Do Frevo ao Jazz”, de Marcelo Barreto, todos aprovados e em contratação no FSA. Em ficção, tem em pré-produção o segundo longa de Tiago Melo (Azougue Nazaré), Yellow Cake, a ser rodado no segundo semestre de 2022, e “O Ateliê da Rua do Brum”, de Juliano Dornelles (codiretor de Bacurau), em finalização.

Bebinho Salgado 45

A Bebinho Salgado 45 foi criada em 9 de dezembro de 2013, pelos irmãos Mariana Lacerda, Flávia Lacerda e Marcelo Lacerda e leva o nome da Rua em que cresceram no Recife. Todos os três têm em comum o fato de trabalharem em produções em audiovisual e cinema. Tem no portfólio os projetos de audiovisual realizados por Mariana Lacerda, entre eles, os curtas "O nosso amor vai embora", "Baleia Magic Park" e "Pausas Silenciosas". Em 2022, além do longa “Gyuri”, lançará a série de documentários "Histórias de Fantasmas Verdadeiros para Crianças", a ser exibida no CineBrasil TV.

Sobre a distribuidora - Descoloniza Filmes

Fundada em 2017 por Ibirá Machado, a Descoloniza Filmes nasceu com o propósito de equiparar a distribuição de filmes dirigidos por mulheres e que tragam novas propostas narrativas e temáticas, contribuindo com a construção de uma nova forma de pensar. Em 2018, a Descoloniza lançou o filme argentino "Minha Amiga do Parque", de Ana Katz, vencedor do prêmio de melhor roteiro no Festival de Sundance, "Híbridos - Os Espíritos do Brasil", de Priscilla Telmon e Vincent Moon, o chileno "Rei", de Niles Attalah, vencedor do grande prêmio do júri no Festival de Roterdã, e "Como Fotografei os Yanomami", de Otavio Cury. Em 2019 codistribuiu junto à Vitrine Filmes a obra "Los Silencios", de Beatriz Seigner, e levou aos cinemas "Carta Para Além dos Muros", de André Canto. Durante a pandemia, lançou diretamente no streaming os filmes "Saudade Mundão", de Julia Hannud e Catharina Scarpellini, e "Castelo de Terra", de Oriane Descout, retomando os lançamentos em salas no segundo semestre de 2021, com "Cavalo", de Rafhael Barbosa e Werner Sales, "Parque Oeste", de Fabiana Assis, "Aleluia, o canto infinito do Tincoã", de Tenille Barbosa, e "Sem Rosto", de Sonia Guggisberg. Agora em 2022 prepara os lançamentos de "Gyuri", de Mariana Lacerda, "Espera", de Cao Guimarães, "Aquilo que eu Nunca Perdi", de Marina Thomé, "Para Onde Voam as Feiticeiras", de Eliane Caffé, Carla Caffé e Beto Amaral, dentre outros.


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