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Com show impecável, Ney Matogrosso fecha o segundo e último dia do Festival Turá, em Porto Alegre

Cantor foi a grande atração do domingo, que ainda teve nomes como Nando Reis e Mano Brown

Show do cantor Ney Matogrosso encerrou o festival neste domingo
Show do cantor Ney Matogrosso encerrou o festival neste domingo Foto : Johnny Marco / Divulgação Festival Turá / CP

Na reta final do último show da segunda edição do Festival Turá em Porto Alegre, Ney Matogrosso avisou à plateia que iria pular a etapa burocrática do bis. Ele não sairia do palco, já ficaria por ali mesmo, mas quando acabasse para valer, não voltaria. Portanto, quando as últimas notas de “Pro Dia Nascer Feliz” soaram no Anfiteatro Pôr do Sol e os músicos agradeceram a todos, o público lentamente foi em direção à saída. Mas Ney tinha uma última surpresa.

"O tempo aqui é contado, mas me disseram que posso tocar mais uma”, anunciou. Prontamente, quem estava saindo, deu meia volta. Afinal, se todo espetáculo até ali havia sido irretocável, esses minutos extras eram imperdíveis. E assim foi, com “Homem com H” fechando, desta vez sim, para valer a noite e comprovando que o cantor foi a grande estrela não apenas da noite, mas como do festival como um todo.

Público maior no domingo

Apesar da previsão de chuva, o máximo que houve durante as mais de dez horas de shows foi um chuvisqueiro tímido. Quem apostou que as nuvens iriam afastar o público neste segundo dia errou feio. Foi exatamente o contrário. De acordo com a organização do evento, no total, foram mais de 20 mil pessoas somados o sábado e o domingo. E no que compete ao domingo, era evidente que grande parte do público estava lá para ver Ney Matogrosso. Não por acaso, o número de pessoas foi crescendo à medida que o show dele se aproximava.

O lançamento este ano da cinebiografia do artista, “Homem com H”, jogou novamente os holofotes sobre um dos maiores nomes da música brasileira. Ney estava na relação dos nomes que tocariam no festival em sua data original, no ano passado – o evento acabou adiado pelas enchentes. No entanto, naquela ocasião, ele não fecharia a noite, posto que seria de Lulu Santos. Muito mais em evidência agora, tornou-se o headliner do domingo e a única pergunta que pode ser feita é como os produtores não pensaram nisso antes.

Desde o início, com “Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua”, Ney Matogrosso sempre teve o domínio completo da plateia. Aos 84 anos, esbanja carisma. Seja requebrando o quadril, abrindo a roupa para mostrar o peito e, principalmente, evidenciando uma voz ainda muito potente, é um artista que tem plena consciência do que faz no palco. Os sucessos estavam todos lá: “Sangue Latino”, “Balada do Louco”, “Poema”, “Vira” e por aí vai. Irresistível do começo ao fim.

Domingo começou com bandas gaúchas

Ney Matogrosso foi o último show de um dia que ainda contou mais mais cinco apresentações. A começar por duas atrações conhecidas dos gaúchos, as bandas Dingo e Cachorro Grande. Estes últimos, aliás, depois de um show empolgante, ligado no 220v, fizeram questão de saudar a pluridade de sons do festival.

“A Cachorro está mais acostumada a tocar em festivais de rock, onde às vezes o cara gosta de uma banda e não de outra, o que acho uma besteira. E hoje tocamos em um festival de música brasileira no qual estávamos inseridos. Tivemos a chance de tocar para um público que não é necessariamente de rock e muito menos fãs da Cachorro. E ainda assim foi do c…, foi fantástico”, comemorou o vocalista Beto Bruno.

Depois dos gaúchos, foi a vez de Nando Reis subir ao palco. Talvez justamente pela comparação com uma apresentação tão pulsante como a Cachorro, a apresentação pareceu em uma rotação um pouco mais lenta. Não que isso aparentemente tenha feito qualquer diferença para o público, que cantou junto sucessos como “All Star”, “Relicário” e “O Mundo É Bão, Sebastião” – o Sebastião do título, aliás, filho do cantor, também faz parte da banda,

Logo em seguida, foi a vez do rap, com Mano Brown. Que surpreendeu os mais desavisados com um começo muito mais dançante do que se supunha, onde focou nas músicas do álbum “Boggie Naipe”, de 2016, que faz uma mistura contagiante de soul music com hip hop. Da metade para o final, no entanto, a vertente mais tradicional do rap foi que dominou a apresentação, que teve citação a Marighella e o cantor comemorando o empate do Santos.

Por fim, o último show antes de Ney Matogrosso foi de Silva. O cantor capixaba de 37 é um dos expoentes de uma nova (ou não tão nova assim) cena de uma MPB com um viés mais pop. Talvez no entanto, tenha recebido um destaque demasiado (pelo menos em termos de horário) no Turá. Não que o público não tenha cantado junto algumas das suas músicas, mas muitas delas regravações. Fora isso, os poucos celulares filmando o show na maior parte do tempo servem como um termômetro de que o interesse não estava lá tão grande assim.

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