Coppola e Gitai fecham a 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

Coppola e Gitai fecham a 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

Com encerramento no dia 30, o evento reserva homenagens e exibições até o último dia

Marcos Santuario

Um dos filmes de Amos Gitai na Mostra de São Paulo é ‘Shikun’, em que parte da sociedade israelense é retratada por histórias no edifício que dá nome à produção

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Um dos pontos altos da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo deste ano tem a ver com as homenagens e presenças de nomes que movimentam o universo do audiovisual. Entre as estrelas, uma das que mais deve movimentar as atenções é a presença do cineasta norte-americano Francis Ford Coppola, que vai receber o Prêmio Leon Cakoff nesta quarta-feira, dia 30. A entrega ocorre no encerramento do evento e será seguida da exibição do filme mais recente do diretor, “Megalópolis”, que estreou no Festival de Cannes e ainda é inédito no Brasil. O longa é distribuído no Brasil pela O2 Play, que viabilizou a vinda de Coppola ao país. Coppola vai receber a honraria por sua inegável contribuição ao desenvolvimento do audiovisual nas últimas cinco décadas e “reconhece seu papel visionário, sua arte da desmesura e a fé no cinema que ultrapassa o tempo”. E é através de sua filmografia que ele revela seu papel central para a transformação cinematográfica. A história não deve esquecer de títulos seus como a trilogia “O Poderoso Chefão”, o premiado “A Conversação”, os recentes “Velha Juventude” e “Tetro”, além do épico “Apocalipse Now”.

Em meio a centenas de filmes exibidos até agora, e ainda por ver até o final da Mostra, a projeção de “Megalópolis” marca o final do evento depois da distribuição dos prêmios aos vencedores naquela noite. Muito esperado, o longa, um épico romano ambientado em uma versão imaginada da América moderna, foi gestado pelo cineasta por 40 anos. Ele apostou sua fortuna para concluí-lo. Mais de 100 milhões de dólares saídos do bolso do diretor/produtor “Assim como não se pode gerar um bebê sem fazer amor, não é possível criar sem correr riscos”, Coppola costuma dizer em suas entrevistas.

Outra homenagem importante desta 48ª Mostra é a entrega do Prêmio Humanidade para o cineasta haitiano Raoul Peck. A homenagem é conferida todos os anos para destacar personalidades que demonstram questões humanistas, sociais e políticas pertinentes ao seu tempo de forma corajosa e sensível. Peck recebe a honraria por sua obra que combate o racismo, engajada em uma luta que não separa indignação e beleza. Aproveitando a homenagem, o público tem podido conferir o filme mais recente do cineasta em várias sessões durante a Mostra. Trata-se do documentário “Ernest Cole: Achados e Perdidos”, premiado como melhor documentário no Festival de Cannes, e que conta a história do fotógrafo sul-africano Ernest Cole (1940-1990), o primeiro a expor os horrores do Apartheid para além das fronteiras da África do Sul.

Peck nasceu no Haiti, foi criado no Congo e em Nova Iorque, educado na França e formado em Berlim. Essa condição de permanente alteridade é refletida na filmografia do cineasta. Também ensinou roteiro e direção nos EUA e foi presidente da La Fémis, em Paris. Além disso, foi ministro da Cultura do Haiti entre 1996 e 1997.

Também marca presença na Mostra de São Paulo o cineasta Amos Gitai, que teve seu filme “O Por Que a Guerra? boicotado no Festival de Veneza e contestado por uma carta assinada por 300 diretores e atores que afirmavam que o filme recebeu patrocínio de empresas que financiam o Apartheid, a ocupação da Cisjordânia, o genocídio. Amos Gitai, um pacifista que há muito tenta o diálogo entre Israel e Palestina, resistiu garantindo que não havia recebido qualquer subsídio do Estado de Israel. E exibiu seu filme. Gitai se recusa a mostrar essas imagens de selvageria e destruição, estupros e assassinatos, evitando assim o aumento do desejo de guerrear dos dois lados. “A iconografia prolonga a guerra”. Seu outro filme na Mostra é “Shikun”, em que uma parte bastante diversa da sociedade israelense é retratada através de histórias que ocorrem no edifício que dá nome à produção. E no dia 30, o diretor israelense faz ainda uma oficina para os interessados. Programaço.


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