Detetive recupera obra "Retrato de Dora Maar", de Picasso, roubada há 20 anos

Detetive recupera obra "Retrato de Dora Maar", de Picasso, roubada há 20 anos

Investigação de Arthur Brand, o "Indiana Jones do mundo da arte", o levou ao submundo do crime na Holanda

Correio do Povo e AFP

Obra-prima fazia parte da coleção particular do pintor catalão Picasso até sua morte

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Depois de duas décadas de pesquisas sem sucesso, observadores e colecionadores de arte pensaram que nunca veriam "O Retrato de Dora Maar", obra-prima que fazia parte da coleção particular do pintor catalão Picasso até sua morte, e que foi roubado em 1999 no iate de um xeique saudita ancorado no porto de Antibes, perto de Cannes. Mas, graças à pesquisa do especialista holandês Arthur Brand, apelidado de "Indiana Jones do mundo da arte" por suas realizações investigativas, o quadro estimado em 25 milhões de euros ressurgiu na Holanda. Ele afirmou que, no início de março, entregou a obra de 1938 a uma seguradora.

A descoberta do raro retrato de Maar - uma das figuras femininas mais influentes da obra de Picasso - foi o ponto alto de uma investigação de quatro anos que levou Brand ao submundo do crime na Holanda. Ele tomou conhecimento que um "Picasso roubado de um barco" era usado como moeda de barganha em transações ilícitas. "Neste momento, eu ainda não sabia qual era o quadro", contou. 

Há 10 dias, dois homens que trabalhavam para um empresário holandês bateram no meio da noite em sua porta em Amsterdã com o retrato debaixo do braço. "Eles trouxeram a pintura, que agora está avaliada em quase 25 milhões de euros, embrulhada em um lençol e em um saco de lixo preto". O empresário "ficou aflito" porque não sabia que tinha uma arte roubada em sua posse, disse o especialista. De acordo com suas informações, o homem "pensou que o Picasso era parte de um negócio legítimo". "O negócio foi realmente legítimo, mas o método de pagamento não foi", explicou.

Brand imediatamente informou a polícia holandesa e francesa, que já havia encerrado o caso. Diante do atual cenário, as autoridades afirmaram que não processarão o empresário e atual proprietário da obra. Brand afirmou que era necessário agir rapidamente para evitar o novo desaparecimento. "Eu disse aos intermediários: 'é agora ou nunca, porque o quadro provavelmente está em mau estado. Temos que agir o mais rápido possível". Há pouco mais de uma semana, Brand abriu a porta de seu modesto apartamento em Amsterdã e ali estavam os dois intermediários com a obra.

"Coloquei o Picasso em minha parede durante uma noite e transformei meu apartamento em um dos mais caros de Amsterdã por um dia", afirmou Brand, sem conter as gargalhadas. No dia seguinte, um especialista na obra de Picasso da galeria Pace (Nova Iorque) voou até a capital holandesa para comprovar a autenticidade em um local seguro. Também estava presente o detetive britânico Dick Ellis, fundador da unidade da Scotland Yard sobre arte e antiguidades, e que viajou em representação a uma seguradora não identificada. "Não há dúvidas de que é o Picasso roubado", disse Ellis.

Arthur Brand é conhecido por ter recuperado várias obras roubadas, inclusive "O Grito", de Edward Munch, que foi levado da Galeria Nacional da Noruega em 1994. O retrato de Picasso está agora com uma seguradora, que terá que decidir os próximos passos, explicaram Brand e Ellis. Depois de autenticado, "O Retrato de Dora Maar" foi confiado à seguradora, que deseja manter o anonimato. O caso é uma nova vitória de Brand, que no ano passado virou manchete em vários jornais do mundo ao encontrar e devolver ao Chipre um mosaico de 1,6 mil anos de antiguidade. Em 2015, ele encontrou os famosos "cavalos de Hitler", duas estátuas de bronze do artista nazista Joseph Thorak.


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