Documentário “Anhangabaú” tem sessão comentada nesta quinta-feira em Porto Alegre
Premiado no Festival de Gramado, o filme ganha exibição na Sala Redenção da Ufrgs
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Os conflitos territoriais de uma cidade em disputa. A comunidade indígena Guarani Mbya se une à maior ocupação artística da América Latina, situada na cidade de São Paulo, e ao grupo Teatro Oficina. Este é o tema de "Anhangabaú", longa documental do diretor Lufe Bollini, que ganha sessão nesta quinta-feira, dia 12, às 19h, na Sala Redenção – Campus Central da Ufrgs (Rua Eng. Luiz Englert, 333), seguida de conversa com a equipe.
O título levou o prêmio de melhor documentário do 51º Festival de Cinema de Gramado. "É um filme da memória indígena e artística da cidade de São Paulo, que abraça a cidade e deseja despertar em todo mundo a alegria guerreira", resume Lufe Bollini. No circuito de festivais, "Anhangabaú" também recebeu o prêmio de montagem no Festival de Cinema da Fronteira e passou no Ecofalante, Filmambiente e Festivalbc. Seu realizador descreve a obra como "uma produção afetiva de um mundo que contrapõe a lógica devastadora do capital". Lufe também assina a montagem e música original (junto com Gustavo Foppa e Carlos Tupy).
Ao longo de sua duração, o doc estabelece pontes entre os conflitos pelo território indígena Guarani Mbya com a resistência da maior ocupação artística da América Latina, a Ocupação Ouvidor 63, e o Teatro Oficina. "São movimentos que contrariam a lógica do progresso gentrificador que destrói tudo que é memória", define o diretor gaúcho. "A comunidade Guarani Mbya foi a conexão secular dessa resistência que atualmente protege o cinturão verde de São Paulo", complementa.
Rodado entre 2014 e 2020 na capital paulista, o filme traz várias camadas narrativas inspiradas pelo antropólogo e arquiteto italiano Massimo Canevacci em seu livro "A Cidade Polifônica" (1993). Com essa referência, o documentário traz à tela uma cidade que só pode ser compreendida através da sobreposição de acontecimentos. Somados, estes podem traduzir um pouco da incessante disputa de territórios entre o capital especulativo e as comunidades que estão à margem da sociedade de consumo.
Entre os personagens do documentário estão Zé Celso Corrêa (1937-2023), fundador do Teatro Oficina, o ativista guarani Karai Djekupe, e a artista musical Verónica Valenttino. O filme tem roteiro de André Luís Garcia, produção executiva de Denis Feijão e Rafael Avancini, que também assina a fotografia.
"Anhangabaú" deixa o questionamento: que tipo de cidade queremos deixar para as próximas gerações: opressão, cimento e especulação imobiliária ou parques ecológicos, espaços de convivência popular e preservação?
Para Rafael Avancini, "o filme é o fruto de sete anos de um envolvimento cinematográfico ao lado de lutas sociais e artísticas no território que é o marco zero da cidade de São Paulo". Já Denis Feijão acredita que a arte pode "contribuir para a realidade, pois através do cinema, podemos dissecar questões da nossa contemporaneidade e apresentar realidades que muitas vezes são desconhecidas". Para ele, a arte pode provocar debates que busquem melhores caminhos para a sociedade.
"Anhangabaú" tem produção da Elixir Entretenimento, Kino-cobra Filmes e Fogo no Olho Filmes.
SERVIÇO:
Sessão comentada de "Anhangabaú", de Lufe Bollini
Data: 12 de dezembro de 2024 (quinta-feira), às 19h
Local: Sala Redenção – Cinema Universitário (rua Eng. Luiz Englert, 333), Campus Central da Ufrgs, Porto Alegre.