“Dora” conta a trajetória de guerrilheira presa, torturada e exilada na ditadura militar brasileira

“Dora” conta a trajetória de guerrilheira presa, torturada e exilada na ditadura militar brasileira

Espetáculo de Sara Antunes tem como base a vida da mineira Maria Auxiliadora Lara Barcelos

Correio do Povo

Peça mescla trechos de cartas, imagens de arquivos e relatos autobiográficos da atriz, cujo pai também se envolveu na resistência à ditadura.

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Sara Antunes assina o texto, direção e atuação de “Dora”, sobre a guerrilheira Maria Auxiliadora Lara Barcelos, que aos 23 anos entrou na luta armada contra a ditadura militar e após ser presa, torturada e exilada, suicidou-se na Alemanha em 1976, aos 31 anos. A atriz mergulhou na trajetória da mineira, na peça com participação especial sua mãe, Angela Bicalho, traçando um paralelo da vida de Dora com sua trajetória familiar. Pela plataforma Vimeo, vai ao ar aos sábados e domingos, 20h, até 4 de abril, com ingressos gratuitos, pelo Sympla. 

A peça mescla trechos de cartas, imagens de arquivos e relatos autobiográficos da atriz, cujo pai também se envolveu na resistência à ditadura. “Ao reconstruirmos a subjetividade de períodos traumáticos que deixaram marcas profundas na história deste país, confrontamos a política da amnésia com que se pretende, reiteradamente, apagar um passado incômodo para criar campos de ignorância histórica que, novamente, convocam abertamente forças repressoras.  Dora é um projeto importante de reparação histórica, de pretensão multidisciplinar em que as lutas femininas do Brasil estão em foco”, diz. A pesquisa teve início em 2016, quando a atriz participou do documentário “Alma Clandestina” e ao saber da história de Dora, vem gestando a ideia de um espetáculo. O projeto gerou o curta “De Dora por Sara”, em parceria com Henrique Landulfo, que estreou em janeiro último, na mostra de Tiradentes. 

A trajetória de Dora
Nascida em 25 de março, na cidade de Antônio Dias (MG), Maria Auxiliadora Lara Barcelos (1945-1976) é uma personagem riquíssima e pouco conhecida. Estudante de Medicina, Integrante da VAR (Vanguarda Armada Revolucionária) tinha 23 anos quando foi presa, libertada no grupo dos 70 em troca do embaixador suíço Giovani Enrico Bucher e banida do país. Ela viveu no Chile, Bélgica, França e, em 1974, fixou-se na Alemanha, onde suicidou-se em Berlim, em 1976, aos 31 anos, jogando-se na frente de um trem. 

Em seus dias na prisão, Dora foi exposta a diferentes tipos de violações, sobretudo de cunho desmoralizante frente sua condição de mulher: entre ser colocada em exposição como objeto para visitação de militares curiosos, até degradação moral frente aos companheiros. Dora denunciou as violências sofridas na ocasião de seu julgamento na Justiça Militar. No exílio escreveu: “Sou boi marcado, fui aprendiz de feiticeira... Eu era criança e idealista. Hoje sou adulta e materialista, mas continuo sonhando. Dentro da minha represa, não tem lei neste mundo que vai impedir o boi de voar."

 


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