Dudu Sperb e Adão Pinheiro: 24 anos depois

Dudu Sperb e Adão Pinheiro: 24 anos depois

Apresentação de 25 de julho de 1997 no Foyer do Theatro São Pedro está disponível no YouTube deste este domingo

Dudu Sperb e Adão Pinheiro: Voz & Piano, resgatado após 24 anos

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No dia 25 de julho de 1997, o violonista, cantor e compositor Dudu Sperb e o pianista Adão Pinheiro se reuniram para apresentação no Foyer do Theatro São Pedro. Do show, restou apenas o registro em fita de áudio. Pois Dudu resgatou essa fita que teve o som remasterizado por Marcos Abreu e ela está disponível no YouTube de Dudu Sperb deste as primeiras horas deste domingo. É um clipe com documentário sonoro, o áudio do show que completa exatos 24 anos. Este é um dos raros registros de Dudu Sperb em seus primeiros anos de atividade como cantor, é o único testemunho do encontro dos dois em cena e também é uma das poucas gravações com a participação de Adão Pinheiro, que se notabilizou por seres um dos grandes pianistas da noite porto-alegrense e por integrar o grupo Jazz 6, ao lado de Luis Fernando Verissimo. A edição do vídeo é de Freire, que já trabalhou nos dois clipes anteriores do Dudu, e foi feita se utilizando das artes pro cartaz da época.

Conforme Dudu Sperb, ele teve a felicidade deste encontro em 1997 com o virtuoso pianista gaúcho Adão Pinheiro. "Quando o conheci, no Café Concerto Majestic da Casa de Cultura Mário Quintana, onde ambos fazíamos shows, eu ainda estava me afirmando como cantor. Nessa época, ele já contava com prestígio, tinha seu enorme talento reconhecido, havia colaborado com importantes artistas, incluindo Elis Regina, e integrava a “Jazz 6”, com Jorge Gerhardt, Luiz Fernando Rocha, Edinho Espíndola e Luis Fernando Verissimo. Adão foi o primeiro “nome de peso”, de um pessoal mais “da antiga” da nossa música, com o qual dividi o palco – antes, eu havia cantado em “jam sessions” com a querida Ivone Pacheco, mas nunca nos reunimos num show completo. Músico da noite, homem do mundo, divertido e bom de papo, a conversa com ele jamais esfriava e lembro que ríamos muito". Dudu lembra que as apresentações eram esparsas e os ensaios escassos. "Eu normalmente procurava me preparar ao máximo quando ia encontrar com os músicos. Chegava com o repertório, víamos as tonalidades, acertávamos as estruturas das canções, passávamos cada uma delas duas, três vezes... e pronto. O mesmo aconteceu com o Adão", relembra.

De acordo com Dudu, pelos impressos que ele guardou, a estreia da parceria foi em junho de 1997 no Café Concerto Majestic e no mês seguinte, foi realizada a apresentação no Foyer do Theatro São Pedro. "Ela foi a nossa segunda experiência juntos, da qual agora compartilho esse registro sonoro (depois, seguimos com shows na CCMQ, em setembro e novembro do mesmo ano). O concerto no Foyer aconteceu no dia 25 de julho, valendo mesmo como uma estreia. Eu já havia cantado ali, porém era sempre um desafio. Se uma plateia atenta e silenciosa era tudo o que a gente queria, também aumentava muito a ansiedade, o nervosismo – sobretudo pra quem estava acostumado a fazer mais música na noite, em ruidosos cafés onde o público não escutava com a mesma concentração", destaca.

Sobre as lembranças do parceiro já falecido, Dudu lembra que "Adão foi um parceiro atento, generoso e isso me parece perceptível nesse registro. Ele escutava o companheiro, ajustava o caminho, se guiava pela reciprocidade. E, apesar de naquela altura eu não ter nem perto da experiência que ele possuía da cena e do fazer musical, me encanta hoje perceber o nosso envolvimento, criando e chegando juntos em lugares imprevistos. Um bom exemplo disso é o que aconteceu na segunda parte da nossa execução de “Stormy Weather”. Um pouco após o solo (por volta de 25’45’’), uma sugestão dele no piano mudou tudo pra mim, o que fez com que improvisássemos completamente, dali até o final. Lembro bem desse momento, da instintiva e imediata readequação e de um certo espanto e encantamento por seguirmos tão harmoniosamente juntos por regiões inusitadas, como se aquilo tivesse sido ensaiado. Dá pra sentir um pouco do arrebatamento pela reação da audiência, pelo meu “yes!” como remate e por um “muito bom” quase inaudível que ele – também surpreso e contente – profere no final dos aplausos. Essa é uma das alegrias que se tem, por vezes, ao se fazer música, quando a gente se sintoniza no etéreo e descobre novos caminhos. Aquilo foi um voo raro e bonito", finaliza, lembrando que a gravação da fita por feita pelo irmão dele, Carlos José Sperb, e agradecendo a Marcos Abreu e Marcelo Freite, além de Rosa Maria Pacheco por enviar fotos do Adão e à filha Elisa Pinheiro, que deu sua aprovação para que o registro viesse a público.


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