Emma Thompson faz viúva que contrata um profissional do sexo

Emma Thompson faz viúva que contrata um profissional do sexo

Filme "Boa Sorte, Leo Grande" estreia nos cinemas

AE

Cena do filme "Boa Sorte, Leo Grande"

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Em "Boa Sorte, Leo Grande", que estreia nesta quinta-feira, nos cinemas brasileiros, Nancy (Emma Thompson) é uma viúva de 55 anos que decide, uma vez na vida, ter a experiência do bom sexo. Para isso, ela contrata um profissional, Leo Grande (Daryl McCormack), com quem se encontra em um hotel de Londres. O filme, dirigido por Sophie Hyde e escrito por Katy Brand, é uma raridade. Thompson acha mesmo que é revolucionário. "Vamos falar a verdade, o prazer feminino nunca esteve no topo da lista de afazeres nos sistemas presentes", contou a atriz em entrevista à Associated Press. "Nunca foi assim: ‘Ah, temos de cuidar disso’."

Para a diretora Sophie Hyde, que entrou no projeto quando Thompson já estava escalada para o papel principal, o longa era uma chance de explorar temas que lhe interessavam, como intimidade, poder, sexo e corpo. "Carregamos muita vergonha nos nossos corpos. Fomos ensinados assim. Isso influencia nossas ideias de sexualidade e de sexo e limita nossa interação com outras pessoas", disse Hyde em entrevista ao Estadão.

Não à toa, o filme usa os espelhos para falar de Nancy e da sua relação com seu corpo, com sexo e com Leo. No começo, Nancy posa na frente do espelho e tenta ficar mais bonita, sabendo que Leo em breve vai bater à sua porta. No fim, sua relação com o espelho mudou completamente: agora, ela enxerga seu corpo pelo que ele é. "Somos tão autoconscientes de nossa imagem, e tanto das nossas vidas é passado pensando no que os outros vão achar da nossa aparência", observou Hyde. "É importante que às vezes também reconheçamos que temos permissão de pensar na maneira como sentimos o que nossos corpos fazem. Parece óbvio, mas não é."

A interação entre pessoas e a construção da intimidade eram assuntos especialmente relevantes porque o convite chegou já com alguns meses de pandemia. "Estávamos separados uns dos outros, do mundo, por um bocado de tempo naquela altura, e a ideia de conexão e intimidade parecia muito poderosa para mim", lembrou a diretora.

Para falar de tudo isso, ela precisava de um ator que pudesse jogar de igual para igual com Emma Thompson, já que os dois personagens estão na tela 100% do tempo - o filme se passa exclusivamente durante seus encontros. McCormack, um irlandês de 29 anos mais conhecido por sua participação na série "Peaky Blinders", reunia o talento como ator, o físico ideal, a generosidade de espírito com a pessoa a seu lado. "Eu acho legal ele ser muito masculino e muito feminino ao mesmo tempo", avaliou Hyde. "Isso permitiu que trouxéssemos um tipo de homem para a tela que não vemos com muita frequência."

No caso de Emma Thompson, o que a cineasta mais admirou foi sua capacidade de virar a chave, indo do engraçado ao trágico em um instante. O humor era parte essencial da maneira como Hyde queria contar essa história. "Queria um ponto de entrada no filme que fosse bem-humorado", explicou. É uma maneira de falar de coisas sérias como sexo e corpo, que nos deixam desconfortáveis.

TABU

"Achamos muito difícil falar de sexo", afirmou Thompson à AP. "Sexo foi transformado em tabu e ao mesmo tempo foi industrializado e vendido para nós como lata de sardinha. O prazer é centrado no cérebro, no corpo e no coração. É importante porque não é apenas um centro. É muito raro que todos sejam estimulados da maneira certa ao mesmo tempo. Somos tão complicados, não é? E, no entanto, não estamos dispostos a reconhecer essa complicação porque ela torna tudo mais difícil. Mas na verdade, no fim, é ela que faz a vida ser mais interessante."

A atriz garantiu que nunca viu prazer como algo errado. "Dar-se prazer é fantástico", declarou à AP. "É extraordinário que alguém possa fazer isso. Se pensarmos na história da masturbação, é terrível o que foi feito pela fé cristã e outras. O fato de que o autoprazer, o prazer para o corpo, tenha se transformado em algo ilegítimo me parece problemático e um pecado, algo diabólico de fazer com os seres humanos. Porque nós fomos feitos para ter prazer, claramente."


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