Entra em cartaz "Uma Noite de 12 Anos", filme sobre anos de prisão de Mujica
Produção estreia nesta quinta nos cinemas brasileiros
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E De La Torre comenta a emoção que teve o próprio Mujica. "Depois ele nos contou como havia sido forte, para ele, reencontrar 'su vieja', a velha mãe. Disse que, mais que a ele e seus companheiros, o filme era um tributo à força das mães. Se não fosse a dele, Mujica não tem certeza de que teria sobrevivido", afirmou.
"Uma Noite de 12 Anos" estreia nesta quinta nos cinemas brasileiros. O filme é uma coprodução entre Uruguai, Argentina, Espanha e França. Será o representante uruguaio no Oscar e no Goya, concorrendo a uma vaga na primeira premiação com o brasileiro "O Grande Circo Místico", de Cacá Diegues, também uma coprodução com a França, e no segundo com "Benzinho", de Gustavo Pizzi. "Uma Noite de 12 Anos" reconstitui o longo cativeiro a que foram submetidos Pepe Mujica, Mauricio Rosencof e Eleuterio Fernández Huidobro.
Dirigentes do movimento guerrilheiro de Libertação Nacional Tupamaros foram detidos em setembro de 1973 e mantidos reféns durante 12 anos - a longa noite do título - em diferentes prisões militares. Na verdade, na maioria das vezes nem eram prisões, mas poços ou celas minúsculas, nas quais o confinamento, somado a maus-tratos físicos, visava quebrar psicologicamente a resistência desses homens - enlouquecê-los. "Não enlouqueça", diz a mãe. Resistiram a tudo - fome, incomunicabilidade - para sair em 1985, convertendo-se em referências dentro da Frente Ampla.
Rosencof virou escritor e dramaturgo, Huidobro foi senador da República e Pepe Mujica, presidente. Será interessante, para o espectador, comparar "Uma Noite de 12 Anos" com a nova versão de "Papillon", que deve estrear na próxima semana. Outra fábula de resistência, mas agora os personagens não são mais guerrilheiros, lutando por uma ideologia, ou um ideal, e sim criminosos.
"Baseei-me no livro que Rosencof e Huidobro escreveram, mas também fiz longas entrevistas com os dois, com militares, com familiares de presos políticos, especialmente as mulheres. Pepe (Mujica) é particularmente devotado ao papel de sua mãe nessa história, mas minhas conversas com mães e mulheres de presos me ajudaram a aprofundar uma ideia que já tinha. Afinal, é impossível ser argentino sem conhecer as 'madres de Mayo', mas em toda parte a luta das mulheres foi a mesma. Guerreiras em defesa das famílias" declarou o diretor.
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