Escritoras são destaque em final de semana de muito calor na Feira do Livro
Scholastique Mukasonga e Ana Margarida de Carvalho participaram da programação
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“É um livro sobre preconceitos”, sentenciou Ana Margarida sobre o seu segundo romance “Não se Pode Morar nos Olhos de um Gato”, editado no Brasil pela Dublinense. Antes de autografar a obra, a escritora falou aos leitores na Biblioteca do Clube do Comércio. A narrativa apresenta um grupo de oito pessoas, presas em uma praia intermitente, e mostra como precisam se “despir de suas peles” (não só de melanina, mas das peles sociais) para sobreviver. “Praia é um conjunto de sedimentos, e nós também.” A autora escreveu ainda “Que Importa a Fúria do Mar” e “Pequenos Delírios Domésticos”, o mais recente, vencedor do Grande Prêmio de Conto Camilo Castelo Branco.
No sábado, no Auditório Barbosa Lessa, no Centro Cultural Érico Veríssimo, Scholastique Mukasonga recordou o sofrimento imposto pelo genocídio de Ruanda, em 1994. Radicada na França, ela iniciou sua carreira em 2006, com a autobiografia “Baratas”. O livro registra a preparação, 20 anos antes, da tragédia que atingiria Ruanda nos anos 1990, fruto da segregação da etnia hutu contra a tutsi. “Os tutsis eram tratados como insetos, mas foram pessoas que lutaram por seus direitos”, lembrou. O genocídio marca sua obra por sentir-se a guardiã da memória de seu povo. “Quem sobrevive precisa escrever. A escrita permanece.” No Brasil, publicou ainda “A Mulher de Pés Descalços” e “Nossa Senhora do Nilo.