Espetáculo “Idade é um sentimento” aborda o tempo, a vida e o imprevisível
Peça protagonizada por Gabriela Munhoz estreia nesta quarta e quinta-feira no 18º Festival Palco Giratório Sesc
publicidade
A certeza da imprevisibilidade, o mistério da vida e a passagem do tempo é o gancho do espetáculo “Idade é um sentimento”, protagonizado pela atriz Gabriela Munhoz. A estreia acontece hoje e amanhã, às 20h, no Centro Histórico-Cultural Santa Casa (av. Independência, 75), dentro da programação do 18º Festival Palco Giratório Sesc.
A peça é baseada no texto “Age is a feeling”, da atriz e autora canadense Haley McGee, traduzido para o português por Diego Teza e comprado por Gabriela, e será apresentado pela primeira vez no Brasil. “Ninguém pode saber tudo sobre a própria vida” é o questionamento que abre o espetáculo e a grande questão instaurada. “É uma das frases que mais me interessou, que me estimulou quando eu comprei esse texto, sobre essa ilusão de controle, da gente achar que pode prever e saber sobre as coisas, e na verdade, não", diz Gabriela.
A apresentação contará com uma espécie de improviso, em que o público decidirá o destino da personagem. “São dois momentos de escolha, no início e no meio. A gente sugere histórias, fala quais podem ser os rumos, e a plateia na hora escolhe qual vai ouvir", explica Gabriela. Para a atriz, o improviso é um desafio grande, mas instigante. "A gente tem que estar preparada para todas as possibilidades, sendo que algumas não vão acontecer. Tem que estar aberto para o jogo, e isso me interessa muito como atriz. Gosto muito de pensar o teatro como um jogo vivo, em que a cada dia é único. Então, acho que esse texto me provocou muito nesse sentido também", conta.
Gabriela dividirá o palco com a cantora, compositora e performer Paola Kirst, que também é diretora de movimento e responsável pela trilha sonora e as intervenções cênicas que acontecerão durante o espetáculo. “Ela vai fazendo intervenções sonoras, músicas, e também entra no jogo às vezes. Ali, tem um misto dessa presença dela como artista”, explica Gabriela. A direção geral da apresentação é assinada por Camila Bauer; a direção de movimento, pela coreógrafa Carlota Albuquerque.
A vida aos 40
Gabriela conta que teve o primeiro contato com o texto às vésperas dos seus 40 anos. Completas as quatro décadas em abril deste ano, a atriz passou a refletir cada vez mais sobre o tempo, a maternidade, entre outras questões que envolvem a mulher e as relações de trabalho. Tudo isso trazendo a maior vontade de querer aproveitar a vida, nas suas palavras.
“Quando eu leio esse texto, me apaixono pela possibilidade de pensar sobre isso, e acho que levar esse tipo de provocação e de investigação para o teatro, assim como para outros modos de arte, é também provocar que isso seja pensado coletivamente. Acho que a arte é trazer essas pautas, especialmente sobre o feminino, que é algo que tem me interessado muito de pensar nessa fase da minha vida. É um modo de atravessar isso quase como uma catarse”, reflete.
Natural de Lajeado (RS), Gabriela fez faculdade de Artes Cênicas no Centro Universitário da Cidade do Rio de Janeiro (UniverCidade), e carrega quase 20 anos de carreira de lá. Agora, a atriz faz sua primeira estreia nos palcos gaúchos. Anteriormente diretora do Instituto Estadual de Artes Cênicas (Ieacen), a atriz também capitaneia o Theatro São Pedro desde o ano passado, e pretende, enquanto puder, equilibrar as duas paixões: a atuação e a gestão pública. "Acho que é um desafio mas, ao mesmo tempo, me sinto muito realizada nos dois âmbitos da minha vida. Gosto demais de trabalhar no Theatro São Pedro, e estou muito feliz com a possibilidade de voltar ao palco, que eu também amo fazer há tanto tempo", declara.
Os ingressos para as sessões podem ser adquiridos no site sesc-rs.com.br/palcogiratorio e nas unidades do Sesc/RS. A peça também estará no 31° Porto Alegre em Cena, em única sessão, no dia 23 de novembro.
*Supervisão de Luiz Gonzaga Lopes