Esteban entre amigos
Cantor encerrou domingo a turnê comemorativa com homenagens
publicidade
Com as luzes apagadas no escuro do Bar Opinião, o público ouviu a introdução de “Buenos Aires 20/30”, do argentino Fito Páez, enquanto esperava pela chegada de Esteban Tavares. A grandiosidade da orquestra presente na canção dava o tom solene e épico do que seria o último show da turnê de 10 anos do álbum "¡Adios Esteban!”.
Quando Tavares apareceu com o clássico visual emo de jaqueta de couro preta e calça rasgada no joelho, segurando sua guitarra e acompanhado de baixo, bateria e acordeon, ficou claro que estávamos em uma espécie de viagem. No tempo, pelas últimas décadas, e no espaço, pelas várias vertentes musicais brasileiras e platinas que afloravam do espetáculo.
A mistura de diferentes ritmos e influências musicais se mostrou presente desde o início da noite do último domingo, na Cidade Baixa. A banda Colomy, que traz notas de pop, rock e MPB nas suas músicas originais e nos covers de clássicos, abriu o show. Depois, Tavares misturou riffs de guitarra com solos de acordeon e levadas de bateria dignas do rock gaúcho, argentino e uruguaio. “Foi o show das bandas de abertura”, brincou Esteban em entrevista exclusiva ao Correio do Povo. Ele abriu o show do Fito Páez, no sábado, enquanto a Colomy abriu o dos Titãs.
Esteban começou o repertório do álbum aniversariante com “Canal 12” e “Visita”, a riqueza instrumental acompanhando a visual com o jogo de luzes azuis, vermelhas, amarelas e verdes. Além das faixas de "¡Adios Esteban!”, o músico também tocou diversas canções de “Saca La Muerte de Tu Vida” (2015), seu segundo álbum solo de estúdio – e também seu preferido, como admitiu em exclusiva. “Chacarera da Saudade”, “Martes” e “Carta aos Desinteressados” também estavam entre as escolhidas.
Confira a entrevista exclusiva do artista ao Correio do Povo:
Durante um set solo, em que Tavares pediu para os demais músicos se retirarem do palco, o ídolo cantou “Noites de Berlim”, “Primeiro Avião” e “Cigarros e Capitais” sozinho na guitarra, além de “Vambora”, de Adriana Calcanhotto. Ele convidou a Colomy para participar da sua versão de “Rima Rica, Frase Feita”, de Nei Lisboa.
Quando foi a vez de cantar “Sua Canção”, Esteban tocou um riff fácil de reconhecer: o solo de “Dia Especial”, da Cidadão Quem. “Eu faço uma homenagem ao Duca Leindecker quando toco ao vivo, no disco não é assim”, explicou. O primeiro trabalho de Esteban na música foi com a banda, e Duca foi seu professor de guitarra. “O Duca foi o cara responsável por eu estar aqui hoje, ele é o grande ídolo que eu tinha, eu queria ser ele”.
Esteban Tavares finalizou a sua turnê comemorativa entre amigos, tanto no palco quanto nas suas músicas. Ele chamou seu amigo de longa data, antigo produtor e ocasional baterista Marcio “Sujeira” para assumir as baquetas na última música. Em meio a gritos de fãs e pedidos para que não fosse embora, Esteban se despediu da sua viagem no tempo e no espaço. “Foi ótimo terminar em Porto Alegre, no Opinião, esse lugar onde eu vinha ver as bandas que eu gostava quando era jovem e nunca imaginei que subiria no palco”, confessou. E o músico garante: nada impede que ele volte logo com a turnê de 20 anos.
*Sob a supervisão de Luiz Gonzaga Lopes