Aquarela do Brasil musical na Feira
Jornalista cultural e crítico musical Juarez Fonseca autografa às 19h desta sexta na Praça o 2º volume de “Aquarela Brasileira”, com entrevistas dos anos 1980
publicidade
Em 2021, o jornalista cultural e crítico musical Juarez Fonseca lançou o primeiro volume de Aquarela Brasileira” com 28 entrevistas realizadas por ele durante os anos 1970 com grandes nomes da MPB. Três anos depois, o jornalista está lançando o segundo volume de “Aquarela Brasileira” (L&PM), com 32 entrevistas dos anos 1980, com sessão de autógrafos hoje, às 19h, na Praça.
“Serão quatro volumes do ‘Aquarela Brasileira’. O volume 3 será dos anos 1990 e o 4 dos 2000 em diante. Comecei a fazer estas entrevistas em 1972, e o Gilberto Gil foi a primeira. Era um tempo diferente de hoje. Há alguns meses tentei falar com o Marisa Monte e não houve jeito. Na época desta primeira do Gil, em 1972, com quem fiz nove entrevistas, ele estava voltando do exílio e vinha lançar o ‘Expresso 222’, no Teatro Leopoldina. Ele ficou cinco dias em Porto Alegre e a entrevista foi na minha casa”, conta Juarez.
O diferencial deste livro, segundo Juarez, é que nesta década já aparecem mais músicos gaúchos como Nelson Coelho de Castro, Geraldo Flach e há o surgimento da nova fase do rock nacional, com papos com Evandro Mesquita (Blitz), os Paralamas do Sucesso e a banda Engenheiros do Hawaii. A entrevista que abre o livro é a única inédita, nunca publicada em jornal ou revista. É com Rogério Duarte, um dos mentores do Tropicalismo. Juarez lembra que o editor da época na Zero Hora não se interessou pela entrevista, pois Rogério tinha virado Hare Krishna. Dos temas abordados nas entrevistas, Eduardo Dusek (nome à época, depois virou Dussek) diz que o Brasil não é o país do futuro, Caetano Veloso discorre sobre psicanálise e experiência de gravar com João Gilberto, Ney Matogrosso lembra seus anos de serviço militar e pensa no envelhecer, e Paulinho da Viola diz que seu samba é moderado como ele. Elis Regina, amiga de Juarez, se preparava para o seu maior show em Porto Alegre, no Gigantinho (1981), e disse que pensara em parar de cantar.
Contando com outros nomes como Luiz Gonzaga, Dorival Caymmi, Nara Leão e cantoras do rádio como Angela Maria e Marlene, a obra tem três entrevistas bônus com o cineasta Glauber Rocha e com os argentinos Atahualpa Yupanqui e Mercedes Sosa. Na entrevista com Yupanqui, em 1984, começamos a conversar no bar do Hotel Embaixador, mas a música ambiente era tão ruim, que decidimos ir para a rua e terminar o papo”, lembra Juarez.