Em formato inédito, Feira do Livro de Porto Alegre tem início nesta sexta-feira

Em janeiro de 1925, Fernando Pessoa e seu heterônimo Alberto Caeiro já disseram que: “Da mais alta janela da minha casa/ Com um lenço branco digo adeus/ Aos meus versos que partem para a humanidade. Em 16 de novembro de 1955, um grupo de pensadores capitaneado por Say Marques, Maurício Rosenblatt, Guilhermino César, Henrique e José Bertaso, ousou transformar Porto Alegre e a Praça da Alfândega em “uma biblioteca a céu aberto”. Em 2020, a pandemia do novo coronavírus chamou todos para a reinvenção e a 66ª Feira do Livro fez o seu manifesto e slogan das mais altas janelas de cada uma das casas. Sob o tema “Janelas abertas para a Praça”, o evento literário terá todas as suas atividades realizadas gratuitas e com transmissão on-line. 

A abertura oficial nesta sexta-feira conta com dois momentos. Às 18h, a Câmara Rio-Grandense do Livro dá as boas vindas com o presidente Isatir Bottin Filho e a patrona de 2019 Marô Barbieri passa o patronato ao escritor Jeferson Tenório, o mais jovem (43 anos) e o primeiro autor negro a ocupar o cargo. O momento será musicalizado pelo 50 Tons de Pretas. Às 19h30min, a escritora chilena Isabel Allende estreia a programação. A autora de “A casa dos espíritos”, “Paula” e “Longa Pétala de Mar” conversa com a escritora Anna Mariano, a professora Regina Kohlrausch, com mediação de Lúcia Mattos. Transmissão pelo www.feiradolivropoa.com.br. Pela manhã, às 9h, a programação Infantil e Juvenil já conta com a escritora Kiusam de Oliveira, seguida de contação de histórias e às 14h, haverá encontro com a escritora Chris Dias. A programação segue até 15 de novembro com mais de 100 autores e nomes como Afonso Cruz, James N. Green, Ariana Harwicz, Javier Moro, Mariana Enriquez e Rosa Montero, além de Monja Coen, Laurentino Gomes, Drauzio Varella, Lya Luft, Conceição Evaristo, Paulo Scott e José Falero. 

Sobre a mudança no formato do evento, Isatir Bottin explica: “Quando vimos que a pandemia permaneceria, procuramos uma curadoria com eventos mais significativos e sem conflitos de horários de atividades com temas atuais como ciência, pandemia, feminismo, racismo. Então escolhemos um patrono sintonizado com este momento”. Segundo o presidente da CRL, uma preocupação foi atender aos associados. “Observamos que nem todos estavam conectados com plataformas digitais. Fizemos parceria com o Sebrae para dar consultoria e uma parceria com uma empresa de e-commerce disponibilizando para uma grande parte dos associados.” As compras podem ser feitas pelo feiradolivropoa.com.br/expositores. Serão 50 bancas com livros à venda na plataforma.

A curadora da programação geral da Feira Lu Thomé destaca que a palavra-chave é resiliência. “O desafio foi pegar uma programação numerosa e transformar em algo mais conciso, voltado ao ambiente on-line, uma programação mais qualitativa, mais pulsante, mais diversa, com autores de perfis diferentes que interessasse leitores de perfis diversos. Este senso de coletivo foi pensado e pela primeira vez a Feira dialoga com o que está ao redor, traz o livro para este holofote”, diz.

A coordenadora Infantil e Juvenil da Feira, Sônia Zanchetta, ressalta que a programação on-line a assustou em um primeiro momento. “Estava acostumada com aquela torrente de crianças que chega de todos os lados, mas estou encantada com a possibilidade da participação de professores e alunos de locais distantes e também de trazer alguns convidados por causa deste ambiente on-line, como a Silvia Castrillón, no 9º Seminário Internacional de Bibliotecas, e autoras como Eliane Potiguara e Kiusam de Oliveira, estas duas não tinham conseguido vir nas últimas edições da Feira”.