Festival de Cinema de Roma homenageia Glauber Rocha

Festival de Cinema de Roma homenageia Glauber Rocha

Com um documentário sobre seu exílio voluntário na Itália nos anos 1970, o Festival de Cinema de Roma homenageou o diretor brasileiro

AFP

Tapete vermelho do Auditório Parco della Musica, que recebe o Festival de Cinema de Roma

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Com um documentário sobre seu exílio voluntário na Itália nos anos 1970, o Festival de Cinema de Roma homenageou o diretor brasileiro Glauber Rocha, considerado o pai do "Cinema Novo". 

O documentário, intitulado "Glauber, Claro", do cineasta brasileiro César Augusto Meneghetti, 55 anos, apresenta ao espectador o espírito de Rocha, em sua vital criatividade acompanhada pela necessidade de protestar à sua maneira contra um sistema e um mundo que rejeitou.

"É um metafilme, nos metemos dentro de um filme e seu mundo", disse à AFP Meneghetti, que não pôde comparecer à exibição desta segunda-feira no auditório do MAXXI em Roma, devido à pandemia. 

O filme, dedicado ao influente diretor, ator e roteirista, falecido em 1981 aos 43 anos, é inspirado no filme "Claro", rodado por Rocha em Roma em 1975, durante seu exílio na Itália. 

O mosaico de memórias, de amigos, de atores, de colaboradores e críticos, descreve toda uma geração que acreditava em princípios e se sentia politicamente comprometida. 

"Na montagem fomos guiados pela sinceridade, pelo emocional, o que vinha do coração, a cronologia não contou. Nos deixamos levar”, contou Meneghetti. 

Conhecido pelos seus filmes políticos, expressos de forma forte, muitas vezes aliados ao misticismo e ao folclore, entre eles "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de 1964, mas também pelo seu estilo e fotografia particulares, Glauber Rocha 45 anos depois continua muito atual. 

"Esses jovens de 80 anos que entrevistei ainda são muito vitais e ainda acreditam que devemos lutar por um mundo melhor", disse Meneghetti, que queria fazer o filme desde 2005, quando estudava no Centro Experimental de Cinema de Roma. 

Rocha, que contava histórias entre a verdade e a imaginação, foi censurado no Brasil durante a ditadura militar (1964-1985), razão pela qual deixou seu país para morar em vários lugares, como Espanha, Chile, Itália e Portugal. 

"Ele foi um visionário. Ele antecipou o homem global e também foi um pensador", afirmou o cineasta, que não o conheceu pessoalmente. 

O documentário aborda, sem dizer explicitamente, argumentos muito atuais no Brasil, como autoritarismo, violência estatal e racismo. Usa material inédito do arquivo histórico da televisão estatal italiana. 

"Foi uma sorte poder mostrar um importante pedaço da história do cinema", resume Meneghtti.


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