Fresno celebra melhor momento da banda com a turnê do álbum “Eu Nunca Fui Embora”
Trio sobe ao palco do Auditório Araújo Vianna para duas noites de show nesta sexta-feira e no domingo

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Leticia Pasuch e Victória Rodrigues
Uma carreira de 25 anos não é para qualquer um. Ainda mais quando se fala de rock dramático gaúcho, estilo que fez sucesso no início dos anos 2000. Mas os gaúchos da banda Fresno provam que tem como sobreviver por tanto tempo sem deixar de lado a verdadeira essência emo. O grupo formado por Lucas Silveira (vocal), Gustavo Mantovani (guitarra) e Thiago Guerra (bateria) retorna a Porto Alegre neste final de semana com a turnê do novo álbum “Eu Nunca Fui Embora”. A primeira apresentação está marcada para a noite desta sexta-feira, dia 15, às 21h, e a sessão extra para este domingo, dia 17, às 20h. Ainda há ingressos disponíveis para a primeira noite na plataforma Sympla.
Mais maduros nessa nova etapa, a banda apresenta novas melodias e parcerias, mas sem deixar de lado a essência da Fresno ao longo dessas duas décadas. “A gente está em uma fase fresca da banda, de estar sempre se renovando e com vontade, olhando para frente. Eu já fico pensando também no próximo disco”, conta Guerra. “É uma coisa muito massa estar nesse momento de vida, de musicalidade, do público estar voltando para assistir a gente, ver gente nova chegando, a gente participando de grandes festivais do Brasil. Para nós, está sendo com certeza o melhor momento da carreira da banda”, completa.
O momento novo da carreira refletiu em um álbum um pouco diferente de outros que fizeram parte da história da banda. Sucessor de “Sua Alegria foi Cancelada” (2019) e “Vou Ter Que Me Virar” (2021), “Eu Nunca Fui Embora” é marcado por uma nova identidade visual, inspirada no final da década de 1970, e traz consigo parcerias como NX Zero, Chitãozinho e Xororó, Pabllo Vittar, Filipe Catto e Dead Fish, que costuram a ideia de mudanças e estilos que permeiam a banda ao longo dos 25 anos de história. Mesmo assim, é possível encontrar o estilo marcante da Fresno que conquistou um público fiel no início dos anos 2000. Para a banda, é o disco e a turnê da carreira da Fresno.
“Já perseguimos tantos caminhos que a gente se sente à vontade, às vezes, de voltar um pouco para determinado caminho, porque são coisas que a gente já fez e, se tem uma semelhança de algumas coisas bem novas com coisas lá do ‘Redenção’ [álbum de 2008], por exemplo, é que ali a gente também tava buscando uma simplicidade de composição, no sentido de fazer uma música que a letra é quem manda e que a melodia quem manda”, explica Lucas.
As parcerias de diferentes gêneros musicais reforçam a originalidade do álbum. "Essa música tinha a cara dela. Ela meio que foi feita para a Pabllo cantar", revela Mantovani sobre "Eu Te Amo/ Eu Te Odeio (IÔ-IÔ)", gravada com a cantora e compositora. Segundo a banda, a parceria com Chitãozinho e Xororó já acontece há 16 anos, e uma gravação ocorreria em algum momento. Foi agora, com "Camadas". "Diga Parte Final" traz a voz singular de Filipe Catto. "É uma música que precisava de uma voz feminina, com aquela entonação, aquele drama, e ela representou muito bem na temática da música, no que a música fala, no que a música conta", diz o guitarrista.
Com a tecnologia e com essa proximidade virtual que todo mundo tem, a comunicação e a gravação fica muito mais fácil, e as participações acabam acontecendo naturalmente com uma frequência maior. São cinco artistas gigantes do Brasil participando com a gente. Só enriquece o nosso álbum – Thiago Guerra
Habitat natural
Cidade em que a banda começou, Porto Alegre recebe show da banda pela terceira vez neste ano. Em junho, a Fresno esteve entre diversos artistas do cenário musical gaúcho para o Festival "Recomeço", que arrecadou doações para as vítimas das enchentes. Em setembro, realizou uma audição da segunda parte do novo disco no Opinião, reunindo os fãs para ouvir em primeira mão as músicas inéditas. Para Lucas, as próximas duas noites de show irão trazer uma carga emocional diferente por tudo que aconteceu neste ano. “A gente canta muito sobre as coisas que ficam engasgadas, sobre os sentimentos que as pessoas procuram não dar muita atenção, porque normalmente são intensos demais, são pontos de sofrimento. Acho que essa carga emocional, que já é bem alta, vai ter um pouco mais por causa de toda essa parada. Mas por outro lado uma festa também, porque é o nosso show de volta à nossa casa", diz.
*Supervisão de Luiz Gonzaga Lopes