Futuro brilhante da Casa dos Leões

Futuro brilhante da Casa dos Leões

Doada para a artista Zoravia Bettiol pela Prefeitura de Porto Alegre em março de 2018, o prédio passa por restaurações

Carolina Santos*

Com um passado repleto de histórias, a Casa dos Leões, que foi construída aos poucos desde o séc. XIX, em breve deve abrigar a sede do Instituto Zoravia Bettiol, que prevê integração com a comunidade

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Porto Alegre deve receber mais um centro cultural para chamar de seu. Desde março de 2018, quando Zoravia Bettiol, uma das mais renomadas artistas plásticas gaúchas, recebeu a chave da Casa dos Leões (Rua dos Andradas, 507) para transformar em seu Instituto, o local vem passando por reformas estruturais. 

Há três anos, a casa foi entregue em um estado de total abandono. Zoravia conta que, em um primeiro momento, os quatro arquitetos, Adroaldo Xavier, Ester Meyer, Iran Rosa e Lídia Fabrício, verificaram a necessidade de um reparo emergencial no telhado da Casa dos Leões. Esta parte da obra foi financiada pelo médico e escritor Gilberto Schwartsmann. Enquanto os recursos para as demais alterações não vêm, os planos para o futuro são muitos. “Além da preservação do meu acervo, o Instituto pretende difundir as diversas manifestações artísticas, com sentido didático e lúdico”, explica Zorávia. “Também se pretende atrair e integrar a comunidade e, principalmente, projetos artístico-culturais para crianças e jovens”, compartilhou a artista de 86 anos, falando de algumas das aspirações para a casa do século XIX. 

O arquiteto Adroaldo Xavier é o responsável por coordenar o projeto arquitetônico de restauração, junto com o arquiteto Antônio Carpes. Futuramente, a obra será executada por Analino Zorzi. Os planos para a finalização dos trabalhos atrasaram muito nos últimos anos. “A pandemia nos quebrou. Nós tínhamos ideia de que em 2020 já estaríamos com a casa pronta”, relata Xavier. Durante este tempo, foram feitos o Memorial Descritivo e o orçamento. “Tem que saber quantos quilos de pregos vamos usar”, explica. O trabalho feito pelos arquitetos ainda não é remunerado e depende do retorno da inscrição do projeto em Leis de Incentivo, como a Lei Rouanet. Portanto, a data de finalização oficial é incerta.

A Casa dos Leões é um dos muitos prédios antigos e abandonados do Centro Histórico. Esta construção do século XIX tem um passado diverso: já foi terreno da Baronesa do Gravataí, casa de desembargador, lar dos antepassados da deputada federal Fernanda Melchionna (PSol) e, por último, um cortiço. Já em 1989 a casa passou a pertencer à empresa Joter, cujo dono era Jorge Gerdau, que doou a casa para a prefeitura em 1991. No mesmo período, os pilares do portão da frente perderam seu toque mais singular que dá até hoje nome a casa: os dois adornos em formato de leões. Durante essa época, a Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural (Epahc) realizou a inspeção do imóvel para torná-lo o Museu de Arte de Porto Alegre. O projeto acabou não se concretizando em função das dificuldades de adaptação da casa para as necessidades do museu. Além disso, em 2009, na VII Bienal do Mercosul, o paulista Henrique Oliveira expôs sua instalação “Tapumes”, utilizando o prédio histórico como suporte.

Enquanto o processo de restauração da casa se instaura, Zoravia continua muito ativa na comunidade, atualmente expõe seus trabalhos na Galeria Zoravia Bettiol (rua Paradiso Biacchi, 109). Além da amostra “Múltipla Obra de Zoravia Bettiol”, na Galeria Cine Grand Café (General Lima e Silva, 776). Com curadoria de Ben Berardi, também diretor do Instituto Zoravia Bettiol, a exposição fica disponível para apreciação do público até 9 de janeiro de 2022, das 14h às 21h.

* Sob supervisão do editor Marcos Santuario

 


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