“Gilberto Gil in Concert”: de uma família para outra

“Gilberto Gil in Concert”: de uma família para outra

Turnê de Gil e sua família passa por três noites em Porto Alegre

Caroline Guarnieri *

Gilberto Gil e sua família apresentaram uma jornada musical de mais de 2h

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As quase quatro mil pessoas que lotaram o Auditório Araújo Vianna na noite de sexta-feira, 3, estavam ansiosas para ver seu ídolo – mas Gilberto Gil tinha calma. O restante da família Gil já estava a postos quando o músico de 80 anos surgiu em meio a mais de um minuto de aplausos em pé da plateia. Ele sentou no centro do palco e afinou seu violão, com paciência, como se estivesse em casa tocando com a família. Pelo menos foi isso que ele fez o público sentir.

Com seus 60 anos de estrada, Gil não tinha pressa em percorrer a viagem de mais de 2h por alguns dos maiores clássicos da sua carreira. O cantor abriu o show com “Expresso 2222”, faixa-título do seu quinto álbum de estúdio, de 1972. Seguiu com “Viramundo”, e sua percussão marcada, e “Chiclete com Banana”, quando parou para cumprimentar os fãs. 

A saudação calorosa veio de um Gilberto que apresentou com alegria seus companheiros de palco: os filhos Bem, no violão e na guitarra, e José, na bateria e na percussão; além dos netos João, na guitarra e no baixo, e Flor, de apenas 14 anos, no teclado e nos vocais. Juntos, eles apresentam a turnê “In Concert”, que tem três datas em Porto Alegre neste final de semana.

O repertório também passou por referências gaúchas. “Upa, Neguinho”, de Elis Regina, foi interpretada pela família, e Gil não deixou de mencionar a influência do compositor Lupicínio Rodrigues no seu trabalho, a quem atribui, inclusive, sua torcida pelo Grêmio.

O solo de bateria em “Luxo Só” foi seguido da tranquilidade de “Estrela”, representada na baixa luz roxa que incidiu sobre o palco. Esta foi a primeira música em que Flor Gil assumiu os vocais principais, o que passou a fazer cada vez mais ao longo da apresentação. Em “No Norte da Saudade”, a neta levantou e cantou ao lado do avô, como fizeram no EP “de Avô para Neta”, lançado em 2020.

Um dos destaques da noite foi “Garota de Ipanema”, canção de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, que ganhou uma roupagem com elementos musicais mais recentes pela família Gil. Alternando entre o português e o inglês, Gilberto e Flor entregaram um dueto de harmonia perfeita acompanhado pela voz (e palmas) da plateia.

O cantor também pediu para o público levantar para pular e dançar com ele em “Palco”, “Back in Bahia”, “Andar com Fé”, “Aquele Abraço”, entre outras. Os outros membros da família Gil também ganharam destaque. O filho Bem preenchia o Auditório com suas harmonias que serviam de base para o neto João puxar solos de guitarra cara a cara com o avô, os dois trazendo o melhor da música um do outro. Seu outro filho, José, carregava a cadência das músicas com a percussão marcada por traços de MPB, rock, samba e reggae, estilos muito presentes na trajetória de Gilberto.

Repertório passou pelos principais sucessos dos 60 anos de carreira, além de canções de outros artistas | Foto: Fabiano Amaral / CP

Entre uma música e outra, os fãs gritavam o seu amor pelo artista. Gil explicou que está há mais de seis décadas nessa relação com o público. “O nosso caso é de amor recíproco”, respondeu sorrindo. 

E o amor pela sua música segue gerações – e pode começar ainda antes do nascimento. Juliana Salerno, de 38 anos, estava acompanhada do marido Renato Mancuso, e levou seu filho Luca ainda na barriga. Grávida de 37 semanas, a administradora não deixou de cantar e dançar suas músicas preferidas. “Sou apaixonada por ele, o Gil é uma entidade no palco”, diz. 

O disco “Em casa com os Gil” é um dos mais ouvidos pelo casal. Ela explica que eles foram aconselhados a apresentar música para o bebê, para ele se conectar com as canções depois do nascimento. Este foi o segundo show desse porte em que o Luca esteve presente; os pais também o levaram ao show da banda Skank, em novembro do ano passado, além de rodas de samba. “Eles ouvem muito no útero, quero que o Luca reconheça o vovô Gil. Ele pulou muito, tava curtindo”, conta.

“Gilberto Gil in Concert” foi assim: de uma família para outra. O cantor fez um auditório lotado se transformar em uma roda de amigos, com o carinho e a intimidade que só ele sabe, aproximando a plateia a cada arranjo. Aquele abraço, de fato. E dessa vez foi Porto Alegre que ficou linda.

* Sob supervisão de Luiz Gonzaga Lopes


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