Júri declara Bill Cosby culpado de agressão sexual

Júri declara Bill Cosby culpado de agressão sexual

Decisão considera que ator drogou e agrediu sexualmente uma mulher há 14 anos

AFP

Ator protagonizou o primeiro julgamento de uma celebridade na era #MeToo

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O ator americano Bill Cosby foi considerado culpado nesta quinta-feira de drogar e agredir sexualmente uma mulher há 14 anos, no primeiro processo de uma celebridade na era #MeToo. Cosby, de 80 anos, pode passar o resto da vida atrás das grades quando o juiz decidir a sua sentença por três crimes de agressão sexual agravada contra Andrea Constand, uma ex-funcionária da Universidade de Temple, em 2004.

Constand estava no tribunal de Norristown, no subúrbio da Filadélfia, quando o veredicto foi lido, após mais de 14 horas de deliberações dos 12 jurados durante dois dias. Quando o júri se retirou, Cosby não conseguiu esconder sua raiva, e, sobre a declaração da Promotoria de que havia risco de fugir por ter um avião particular, gritou: "Não tenho um avião, covardes!".

"A luta não terminou"

Uma condenação penal e possível prisão é o capítulo final devastador na carreira deste personagem da cultura popular americana do século XX, que se tornou o primeiro ator negro a vencer um Emmy em 1966. Cosby foi declarado culpado pelos três crimes de agressão sexual agravada dos quais era acusado: penetração sem o consentimento de Constand, penetração quando estava inconsciente e penetração após ter sido drogada. Cada crime acarreta uma pena máxima de 10 anos.

O veredicto foi uma reivindicação da Promotoria, após o primeiro julgamento ter sido anulado em junho de 2017 porque o júri não chegou a uma decisão unânime. "Hoje finalmente chegamos a um lugar onde podemos dizer que se fez justiça", declarou o promotor do caso Kevin Steele em coletiva de imprensa. Cosby é um homem poderoso e rico que "passou décadas cercando mulheres" e "fugiu deste momento durante muito tempo", apontou.

A sentença acaba com uma série de vitórias do advogado Tom Mesereau, que ganhou fama ao conseguir a absolvição de Michael Jackson por abuso sexual de menores em 2005. "Estamos muito, muito decepcionados com o veredicto", afirmou Mesereau à imprensa ao sair do tribunal. "Não acreditamos que Cosby seja culpado de nada e a luta não terminou", acrescentou.

"Finalmente acreditaram nas mulheres"

Acompanhando esse processo esteve o tsunami provocado pelo movimento #MeToo, que desde outubro derrubou homens poderosos. "Podemos dizer que finalmente acreditaram nas mulheres", celebrou a advogada Gloria Allred, que defende vítimas de agressão sexual, incluindo algumas que denunciam ter sido abusadas por Cosby. "A justiça foi feita!", declarou.

O caso, sem provas físicas, se reduzia à palavra de Cosby contra à de sua acusadora, e dependeu essencialmente da credibilidade que o júri outorgou a Constand. Ela diz ter ido à casa de Cosby para discutir sua demissão como diretora de operações da equipe feminina de basquete da Universidade de Temple. Cosby ocupava o diretório da instituição. O ator lhe ofereceu três comprimidos para "ajudar com o estresse", que ela tomou pensando serem naturais. "Confiei nele", declarou Constand.

Mas logo começou a ver duplicado, estava com a falava enrolada e perdeu a consciência. Ao acordar, disse que Cosby estava penetrando sua vagina com seus dedos, tocando seus seios e fazendo com que Constand o masturbasse. "Não tinha forças, não podia tirá-lo de cima de mim", afirmou Constand.

Cerca de 60 mulheres, que no passado foram aspirantes a atrizes e modelos, acusaram Cosby publicamente de ser um predador sexual em série que sedava suas vítimas com álcool e remédios antes de agredi-las. No segundo julgamento, foi fundamental a decisão do juiz Steven O'Neill de permitir o depoimento de outras cinco mulheres que acusavam o ator de agressão sexual.

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