Jards Macalé reúne gerações em show intimista em Porto Alegre
Artista se apresentou, na última sexta-feira, na Associação Médica do Rio Grande do Sul
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Poucos artistas conseguem costurar um encontro de gerações na plateia. Na noite da última sexta-feira, as poltronas ocupadas por jovens e adultos mostraram que Jards Macalé tem este feitiço. Suas composições poéticas que versam sobre o amor e também sobre a solidão encheram o teatro da Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs) em uma apresentação intimista. A apresentação integrou a programação do Porto Verão Alegre.
A setlist do show transitou por faixas presentes em mais de uma dezena de álbuns e EPs já lançados pelo artista desde a década de 70 – como os clássicos “Mal Secreto” e “Soluços”. Mas foi em “Movimento dos Barcos” um dos pontos altos da apresentação. A música que fala sobre desilusões de um futuro foi composta em parceria com José Carlos Capinan, durante o endurecimento da Ditadura Militar no Brasil. Ela foi defendida por Maria Bethânia antes mesmo de integrar o álbum de estreia de Macalé, lançado em 1972.
Ao fim de cada canção, salvas de palmas preenchiam o teatro, encantado com a presença de um gênio da música brasileira. “Porto Alegre te ama”, gritou um espectador. A fala inspirou um comentário do cantor, que disse que foi em um período na Capital gaúcha que João Gilberto criou a bossa nova.
A noite não se resumiu ao repertório do músico carioca, que no próximo mês completa 80 anos. Macalé também lembrou Luiz Melodia, interpretando “Só Assumo Só”, e Gal Costa com uma releitura emocionante de “Baby”. O show completo durou pouco mais de uma hora.
O encontro de gerações não se resumiu à plateia, mas também foi representado no palco. A percussionista Victória dos Santos deu um show à parte. A jovem artista, além de acompanhar Jards, apresentou duas músicas do seu recém-lançado disco “Lata Orí”. Através dos seus estudos de ritmos afro-brasileiros, em perfeita sintonia com Jards, Victoria engrandeceu o espetáculo e cativou o público.
“Juízo Final”, eternizada na voz de Clara Nunes, foi a música que fechou a apresentação. Cantando que “o amor será eterno novamente”, Macalé se despediu em uma atmosfera de serenidade e delicadeza, deixando o público reverberando a arte de sua música.
Ouça "Omo Ejá" de Victória Santos: