Jazz fusion com Snarky Puppy

Jazz fusion com Snarky Puppy

Banda instrumental se apresentou pela primeira vez em Porto Alegre na quarta-feira

Caroline Guarnieri *

Vencedora de cinco Grammys, a banda Snarky Puppy cativou a plateia gaúcha no Auditório Araújo Vianna

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Entre saxofone, flauta, trompetes, violino, guitarra, baixo, teclados, sintetizadores, bateria, percussão, castanholas e muitos pedais, estavam os 10 músicos do banda estadunidense de jazz fusion instrumental Snarky Puppy. O baixista e líder Michael League saudou a presença da plateia de cerca de 2 mil pessoas no Araújo Vianna com um agradecimento em um português praticamente perfeito. Michael, que conversou com exclusividade ao Correio do Povo no início da semana, falou sobre a emoção de tocar pela primeira vez em Porto Alegre.

Era visível que cada músico estava entregue ao seu instrumento. Eles se revezavam para todos terem o seu momento de solo, sempre muito apreciados pela plateia. Na setlist, a maioria das músicas faziam parte do novo álbum da banda intitulado “Empire Central”, do ano passado. Títulos como “Trinity”, “Broken Arrow”, “East Bay” e “Cliroy” estavam presentes.

A música brasileira é uma das maiores inspirações de Michael e do Snarky Puppy. Além de tocarem “Semente”, canção do álbum “Culcha Vulcha” (2016) que o baixista explicou ser uma referência ao Brasil, a banda convidou um baterista brasileiro para ditar os compassos em alguns momentos do show.

As referências latinas, caribenhas, asiáticas e dos demais lugares dos quais a banda procura inspiração estavam espalhadas pelo repertório. Michael introduziu o novo álbum como sendo sobre o Texas, estado em que a banda foi formada em 2004, com os então estudantes de música da University of North Texas. Os solos de violino presentes nessas faixas transportavam o público para os ginásios com danças de quadrilha do Meio-oeste dos Estados Unidos.

Michael League, baixista, fundador e líder da banda Snarky Puppy | Foto: Fabiano do Amaral / CP

Huélinton Rodrigues, de 30 anos, conta que conhece o Snarky Puppy há cinco anos. Ele e dois amigos que costumavam morar juntos criaram o hábito de montar playlists colaborativas, como um “exercício para manter a amizade”, em suas palavras. O trio recebe indicações de outros amigos, e foi assim que descobriram a banda. “A gente escuta muita coisa com sopro, foi uma descoberta muito boa”, reconhece o cervejeiro.

Quando ficou sabendo da apresentação no Auditório Araújo Vianna, há menos de dois meses, Huélinton correu para garantir o seu ingresso. Os amigos, que agora moram em Erechim e Florianópolis, não puderam comparecer, mas ele garante que valeu a pena. “Eu gosto que é uma mistura, tem muita coisa envolvida, percebo influências de vários gêneros diferentes, desde a bateria, a quebra musical, o teclado, a distorção, tudo”.

Ele descreve a sensação provocada pelo álbum novo como “uma vibe um pouco cidade, como andar de carro à noite, algo mais calmo”. Huélinton conta que ficou maravilhado com os solos e a iluminação, que focava nos solistas. “É uma experiência sonora incrível, é algo que te transporta para um outro ambiente de mais tranquilidade”, define.

Seja com o solo de bateria na introdução de “Pineapple”, ou com o protagonismo melódico do sintetizador, era impossível saber se o Snarky Puppy estava improvisando ou não. A sintonia da banda, que não faz um ensaio formal há mais de 14 anos, tornava possível eles estabelecerem uma linha condutora da narrativa musical, e fazer curvas e tomar caminhos que os distanciassem disso, mas ainda assim “voltar para a casa” no final. Quando parecia que o som não fazia mais sentido, eles inovavam e mostravam ainda mais uma camada. Era maestria, excelência virtuosa. Era, afinal, jazz em sua forma mais pura.

Confira a entrevista completa com Michael League, baixista e fundador do Snarky Puppy:

*Sob supervisão de Luiz Gonzaga Lopes


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