Jodie Foster elogia em Cannes o 'cinema feminista' de Almodóvar

Jodie Foster elogia em Cannes o 'cinema feminista' de Almodóvar

Para atriz, o amor que o cineasta espanhol nutre pelo sexo feminino o diferencia de outros diretores, que não conseguem se colocar no lugar da mulher

AFP

Atriz foi homenageada na abertura do primeiro Festival de Cannes em tempos de pandemia, ontem, quando recebeu a Palma de Ouro de Honra das mãos de Pedro Almodóvar.

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A atriz e diretora americana Jodie Foster declarou nesta quarta-feira (7) em Cannes que viu seu primeiro "cinema feminista" com os filmes de Pedro Almodóvar, de quem elogiou seu "amor" pelas mulheres. 

Foster, que no dia anterior recebeu a Palma de Ouro Honorária das mãos do cineasta, considerou que o autor de "Dor e Glória" foi uma figura marcante para ela.

"Almodóvar é muito importante na minha carreira porque representa o primeiro cinema feminista que vi", disse ela em uma palestra organizada pelo Festival de Cannes.

"Foi a primeira vez que vi filmes que falavam realmente de mulheres, de dentro da experiência feminina", acrescentou.

Para a atriz americana, Almodóvar tem um "grande dom": "esse amor pelas mulheres".

Isso o torna uma exceção entre os diretores que não conseguem se colocar no lugar de uma mulher e se perguntar "qual é a complicada e complexa experiência de ser mulher", insistiu.

A filmografia do diretor espanhol, presença habitual na Croisette onde já concorreu seis vezes à Palma de Ouro mas nunca a ganhou, está totalmente relacionada com o universo feminino.

De "Mulheres à beira de um ataque de nervos" (1988) a "Julieta" (2016), passando por "Volver" (2006) e "Tudo sobre minha mãe" (1999).

Depois do parêntese de "Dor e Glória" (2019), seu filme mais autobiográfico, o diretor voltou ao seu tema preferido com "Parallel Mothers", recém filmado e ainda não lançado, sobre duas mulheres que dão à luz no mesmo dia.

Nesta quarta-feira, Foster incentivou as profissionais do cinema a se dedicarem ao trabalho, sejam atrizes, diretoras ou técnicas.

"Agora é a hora!", disse a cineasta, para quem existe atualmente "uma consciência, embora as coisas não tenham mudado completamente".

"É um pouco clichê dizer (para as mulheres) 'contem suas próprias histórias'". Mas "devemos nos perguntar 'é algo que eu carrego comigo?', em vez de tentar agradar os espectadores e produtores", insistiu diante de um auditório lotado.

Questionado sobre a paridade em Hollywood, Foster garantiu que "muitas coisas mudaram".

"Quando comecei nessa carreira, não tinha mulheres (...) tinha uma maquiadora, a mulher que olha o roteiro", mas "não via outras mulheres. Isso mudou", concluiu.

Duas vezes vencedora do Oscar, Foster recebeu a Palma de Ouro Honorária na terça-feira, 45 anos depois de pisar pela primeira vez em Cannes com "Taxi Driver", de Martin Scorsese.

"Quem diria que aquela garota se tornaria a artista excepcional que é agora", disse Almodóvar ao entregar a ela o prêmio.

Com o público de pé, Foster agradeceu o prêmio e expressou seu "orgulho de pertencer à comunidade cinematográfica".

 

es-adm/mb/mr

 


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